domingo, 29 de agosto de 2010

Tudo

Foi tanto, foi Tudo… O que põe termo á vida das palavras? Dos olhares? Dos sorrisos? Do amor? Foi tão longo e profundo este sono que nos envolveu... Que nos embalou vida fora. Vivemos paralelamente a tudo e a todos! Foi tudo tão natural, tão apetecido, tão perfeito. Crentes no “sonho americano" construímos um presente e futuro só nosso. Éramos o que e quem realmente queríamos ser. Como algo pode parar o curso de um rio? Apagar a luz da lua? Esconder o sol?! Dedico, agora, todo o meu tempo a tentar compreender isso… não me conformo com este vazio de fundamentos. Hoje, ecoa em mim tudo o que me disseste, tudo o que me choraste, tudo o que me sorriste, tudo o que me dedicaste, Tudo! E é tanto,… é TUDO!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

These Roads don't move!


Esta estrada, chamada “vida”, está repleta de peregrinos em busca de boleia. Todos têm um destino, um objectivo… Numa manhã hibernal de muito frio, lá estavas tu, junto á estrada, de cabisbaixa, sentada numa velha mala de pele castanha. Eu parei e abri a porta. Tu olhaste-me, sorriste e entraste no carro. Não me falaste do teu destino, apenas te recostaste e adormeceste enquanto o vento dançava com os teus belos e compridos cabelos cor de pôr-do-sol. Eu seguirei rumo ao infinito. Enquanto existirem estradas que alimentem esta sede, eu continuarei a cruzá-las. Seguiste vida comigo, debaixo do sol, da lua, das estrelas… estrada fora. Se um dia quiseres sair… ficar por uma velha e inóspita aldeia junto á estrada, eu encostarei e deixar-te-ei sair. Eu pertenço a estas estradas… estradas estas, que não se movem.

Diário de uma assassina


Da janela de sua casa, Ela aguarda discretamente o regresso do seu esposo. Lá fora, a chuva e a forte trovoada assombram aquela fria noite de inverno. As ruas estão desertas e inóspitas. As “chamas” dos faróis de um negro Cadillac rompem aquela densa escuridão e cessam em frente á sua janela. É ele. Está de regresso a casa, para satisfação da sua amada que o observa atravessar apressadamente a rua, desprotegido da chuva, em direcção á porta de entrada. Ela solta os cortinados e apaga as luzes do interior.•

Mary Shelley, 28 anos, viúva.