Cinema de Janeiro

De rouille et d’os [2012] de Jacques Audiard
The Thing [1982] de John Carpenter
Never let me Go [2010] de Mark Romanek
The Descent [2005] de Neil Marshall
Detachment [2011] de Tony Kaye
The Straight Story [1999] de David Lynch
Stand by Me [1986] de Rob Reiner
Cape Fear [1962] de J. Lee Thompson
Henry: Portrait of a Serial Killer [1986] de John McNaughton
Creature from the Black Lagoon [1954] de Jack Arnold
Django Unchained [2012] de Quentin Tarantino
Spellbound [1945] de Alfred Hitchcock
The Perks of being a Wallflower [2012] de Stephen Chbosky

Ouçam!

Logo entre as 19h e as 20h serei homenageado no programa de rádio "Ecos do Asfalto". Sigam a emissão em directo através deste link:

R@dio Ás

1000mods - Super Van Vacation

Imaginem-se à boleia em plena route 66 num solarengo dia de verão. Imaginem-se num estado de semi sonolência em que o olhar fita o firmamento da estrada sem pestanejar. Imaginem-se de cabelos ao vento e sorriso talhado pela anestesiante radiação da ebriedade. Conseguiram imaginar-se assim? Se sim, estão em 1000mods – Super Van Vacation. Este disco é uma pura injecção de adrenalina com efeitos prolongados. Estes gregos mostram-nos como subsistir em pleno deserto de Mojave. Os Fu Manchu que não descansem o pé no acelerador, pois 1000mods vêm bem atrás a toda a velocidade e dispostos a lutarem pela coroa das estradas beijadas pelo sol. Todos os caminhos vão dar a este disco. Isto é Stoner Rock puro e duro bem temperado com gasolina. Certifiquem-se que têm os cintos bem apertados e preparem-se para uma viagem muito pouco ortodoxa, onde quem inventa a estrada é quem a conduz. 1000mods é a perfeita reencarnação de Kowalski (Vanishing Point de 1971). Preparem-se para a mais alucinante boleia das vossas vidas.

Assemble Head in Sunburst Sound - Manzanita

Já era tempo de descrever as delirantes convulsões que sinto quando ouço o mais recente disco dos norte-americanos Assemble Head in Sunburst Sound. São Francisco é, novamente, o porto de partida para viagens ancestrais pelas auto-estradas da inconsciência. “Manzanita” é o renovado LSD que promete profundas investidas ao íntimo do prazer e do bem-estar. É um autêntico tributo ao que de melhor se fez na década de 60. O espírito boémio e liberto de preconceito vagueia por toda a sua plenitude e até nos faz lembrar os áureos tempos de Jefferson Airplane. Confesso que o ingrediente que mais destaco e saboreio aquando a audição de “Manzanita” é o incontornável baixo com as suas oscilações arrebatadoras, que tão bem têm caracterizado a estrada cruzada pelos Assemble Head in Sunburst Sound. Preparem-se para uma deslumbrante experiência “desprovida” de drogas, que só o melhor Rock Psicadélico consegue proporcionar. Os 60’s dançam este disco. A harmonia sobrevoa os firmamentos de “Manzanita” e a placidez é o oxigénio que lhe dá vida. Contemplem toda a essência deste disco, e deixem-se arrastar para um extasiante universo onde voluptuosas erupções de luz e cor excitam a alma. 

Se o paraíso existe, está ancorado em “Manzanita”.           

The Wooden Wolf - 14 ballads Op.1

14 ballads Op.1” é o álbum que secretamente muitos desejaram ouvir ao longo das suas solitárias introspecções pelos céus da melancolia. Alex Keiling traz-nos de Paris toda uma narração outonal, que assombra as nossas almas e dilata as pupilas de todos aqueles que se submetem a esta verdadeira terapia. É o lado mais doce do Folk. The Wooden Wolf é o compreensivo ouvinte das mais viscerais lamúrias que o ser humano chora. Os acordes dedilhados pelo francês são autênticos ventos anestesiantes que nos aquietarão os entusiásticos tambores da vida. A sua voz rima com a melosidade libertada através das cordas da guitarra. A emotividade é o eterno habitante deste disco, que é tocado de cabisbaixo à sombra da luz sépia que o outono da alma emana.   

No próximo mês vou ter a oportunidade de assistir ao vivo a todo este encanto. Vila Real é o placo. 19 de Fevereiro é a data. Se gostarem, apareçam. Se não gostarem, apareçam também, porque Alex Keiling promete alterar isso.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O)))

"Just a few adjustments here, and one tweak here…yep, that should definitely blow their brains out."

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dinosaur Jr., um amor tão antigo quanto os dinosauros!


Já é uma paixão quase tão antiga e remota quanto a era dos dinossauros. Conheci Dinosaur Jr. ainda no âmago da minha adolescência, e logo passei a ouvir os discos da banda a caminho das aulas e de regresso a casa. A sonoridade grisalha (que se dissolve nos cabelos de Joseph Mascis) e suja, que caracteriza esta banda americana, sempre me estimulou. As acrobacias musculadas do baixo de Lou Barlow, a cavernosa e destemperada voz de J. Mascis e, principalmente, os gritos orgásmicos que a sua guitarra liberta na atmosfera sem qualquer receio ou timidez, sempre me fizeram arrepiar. Confesso que só os solos de Joseph Mascis me fazem chorar. São uma perfeita descarga emocional que só uma guitarra nas mãos deste eremita consegue soltar. Dinosaur Jr. é uma das raras bandas que me acompanham desde há tanto tempo, e a sua veia criativa continua a empalidecer a minha pele de tanta surpresa. É uma banda de pesados contrastes: ou se adora ou se odeia. Esqueçam a técnica, aqui quem manda é o sentimento. E nisso, eles são campeões. Não imagino Dinosaur Jr. sem a crua voz e guitarra delirante de Mascis, sem o arrojado Rickenbacker de Barlow, e uma bateria que se limita a pautar todo este devaneio irreverente. Ai, como sabe bem viver numa casa (perfeitamente) desarrumada.       

José Luis Montón - Solo Guitarra (2012)

São raros, muito raros, os discos da ECM de que não tenha gostado. Há uns dias fui espreitar o que de novo esta gravadora alemã havia lançado, e deparei-me com este novo projecto de José Luis Montón. É um dos mais belos discos que tive o prazer de ouvir em toda a minha vida. O guitarrista espanhol brinda o ouvinte com passagens verdadeiramente deliciosas ao longo da sua guitarra solitária. É um disco que, quando escutado na penumbra do anoitecer, faz germinar autênticas odisseias introspectivas na alma de quem o escuta. A sonoridade deste “Solo Guitarra” é um sublime tributo ao melhor que Espanha consegue dedilhar nas estradas da sua música. É uma narrativa instrumental entoada com sotaque espanhol. Os dedos de José Luis Montón percorrem toda a plenitude da sua guitarra, numa elegante e harmoniosa dança que nos impede de pestanejar. E que hipnóticas epopeias a sua música nos conta. "Solo Guitarra" é uma encantadora performance que deixará o ouvinte completamente embebido num oceano de ebriedade onde a força de gravidade não subsiste.  

Entreguem o controlo da vossa alma a este guitarrista espanhol durante os 56 minutos de vida que este disco tem. Depois disso, talvez José Luis Montón fique detentor dela por mais alguns momentos. Quem sabe até, de uma vida.