Scarface
(1932) de Howard Hawks e Richard Rosson
White Heat (1949) de Raoul Walsh
*Spartacus: Gods of the Arena (2011) de Steven S. DeKnight
Colorado Territory (1949) de Raoul Walsh
Instrument (2003) de Jem Cohen
Dark City (1998) de Alex Proyas
Samsara (2011) de Ron Fricke
The Italian Job (1969) de Peter Collinson
The Very Eye of Night (1958) de Maya Deren
Meshes of the Afternoon (1943) de Maya Deren
At Land (1944) de Maya Deren
Stoker (2013) de Chan-Wook Park
Deliver Us from Evil (2006) de Amy Berg
Une Histoire de Vent (1988) de Joris Ivens
Reefer Madness (1936) de Louis J. Gasnier
The Plague of the Zombies (1966) de John Gilling
Black Sabbath (1963) de Mario Brava
The Magnificent Ambersons (1942) de Orson Welles
*Série Televisiva
domingo, 30 de junho de 2013
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
A fazer lembrar a poeirenta noite no Porto Rio
* Apesar do Brant Bjork neste concerto ter exagerado no efeito de eco.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Felipe Arcazas & Vintage Cucumber (2013)
Está oficializado o casamento musical entre o brasileiro Felipe Arcazas e o alemão Johannes Schulz (único responsável pelo projecto “Vintage Cucumber”). E é neste Split que o deserto e o espaço se encontram e trocam galhardetes. A musicalidade de Arcazas continua a ser uma verdadeira homenagem ao Desert Rock mais paisagístico e embriagado. São perfumes lisérgicos que se impregnam na nossa alma e nos fazem sentir levitar pela verticalidade enigmática da leviandade. Preparem-se para o lado mais relaxado e sideral da música. Este brasileiro dá assim continuidade à sua jornada debaixo de sol onde planta a primavera pelo deserto fora e cria novos oásis de prazer. Uma renovada vénia ao Felipe. Já o contributo do germânico Johannes Schulz é igualmente notável. Deixando agora o firmamento de Felipe Arcazas que se desvanece num oceano de refracção solar, é tempo e hora de olharmos o céu com ambição de o navegar. E Vintage Cucumber é a janela aberta que nos impulsiona para o infindável cosmos numa fascinante excursão psíquica ao longo do seu corpo cor de noite. Johannes Schulz oferece-nos uma envolvente viagem à velocidade de cruzeiro onde a beleza impera e o êxtase é o único ar respirável. Deixem-se inebriar pelos anestésicos e reconfortantes ventos que orbitam a sonoridade deste alemão e perder neste perfeito estado de semi-sonolência unicamente arbitrado pela harmonia que a sua música transpira. É o florescer da madrugada nos mais recônditos e sombrios lugares do cosmos. Uma perfeita resplandecência que ilumina todas as estradas entre planetas e galáxias e se estende tão para lá da nossa percepção.
Este é o cálice da minha mescalina, a mescalina da nova e eterna aliança, que será derramada por vós e por todos para a remissão dos pecados. AMÉN.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
sábado, 22 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Blaak Heat Shujaa & Spindrift @ Taberna Belfast
No passado domingo (dia 16 de
Junho) fiz a minha terceira incursão (em dois anos) à encantada Taberna Belfast
em Santa María del Páramo, León (Espanha). Já a Nádia era estreante nestas
andanças. O sol sobrevoava as nossas costas com enorme esplendor, o céu
ostentava boa saúde, e no horizonte habitava uma sabida noite notável ao som de
Blaak Heat Shujaa e Spindrift. De olhar refastelado no negro alcatrão que nos
conduzia ao velho oeste, e de corações a transbordar de ansiedade e
expectativa, lá chegámos ao primeiro ponto de paragem obrigatória da nossa
rota: a familiar Puebla de Sanabria. Tempo para mais uma cerveja pedida em “portunhol” e uma caminhada revitalizadora
junto às margens do rio Tera. O tempo resguardou-se à sombra do esquecimento e
foi já com alguma urgência que regressamos à estrada. De mãos cerradas no
volante e a Nádia de atenção atracada nos mapas, lá devaneamos pelas estradas
incertas que nos levariam (ou não) à desejada La Bañeza, cidade vizinha de
Santa María del Páramo. Confissão: sim, nem à terceira vez me poderei
vangloriar de ter chegado ao destino sem ter feito uns quantos quilómetros
estranhos à rota previamente delineada. Depois de umas quantas inversões de
marcha, podíamos, agora, suspirar de alívio porque estávamos novamente no
caminho certo.
De salientar a minha paixão pela estrada que liga Puebla de Sanabria a La Bañeza. Rectas que se desvanecem no efeito refractor do sol, paralelismos extasiantes, ora compostos de imponentes e fartos carvalhos, ora de infinitas planícies onde as cores se abraçam entre si e o sol do fim da tarde se esperneia ao comprido. É o visceral entorpecimento dos sentidos ao longo de quase 70 quilómetros. De vidros abertos e cabelos entrelaçados com o vento lá chegamos a La Bañeza, a cidade da divagação. E, como não poderia deixar de ser, mais tempo e paciência perdidos em busca da tão almejada placa que nos afunilaria até Santa María del Páramo. Essa falta de paciência foi levada de tal forma à exaustão, que foi mesmo necessário o uso de um GPS para nos libertar das consistentes amarras de La Bañeza. Já o sol se debruçava acima das montanhas quando chegámos a Santa Maria del Páramo.
Foi tempo de calar os nossos
estômagos ruidosos com o que de melhor habitava a mala do carro e caminhar até
à Taberna Belfast onde pude dar um renovado “hola!” à Eva. Lá ancoramos os
nossos cotovelos no balcão e brindamos aquele momento com cerveja Mahou. Estava
um contagiante ambiente festivo tanto no interior quanto na esplanada do bar. A
noite suspirava brisas quentes e incitava a beber mais cerveja fria. Mal
havíamos pedido a segunda cerveja da noite já Blaak Heat Shujaa subiam ao
placo e davam inicio aquele que seria um dos melhores concertos da minha vida. Mal
podia esperar por ouvir o tremendo “Edge of an Era” tocado ao vivo. Blaak Heat
Shujaa superaram as minhas expectativas mais exigentes e arrancaram com um dos
concertos mais pujantes que vira até então. São verdadeiros búfalos que dominam
os riffs mais selvagens do Rock Psicadélico. A sua sonoridade exige papilas
gustativas apuradas e uma capacidade de percepção bastante requintada para a frenética
perseguição a estes sons que viajam a velocidades alucinantes e fazem cócegas à
compreensão humana. Não precisei de esperar muito até que fosse tocado aquele
que é - para mim – o tema do ano “the
obscurantist fiend (the beast pt. I)” e me ter proporcionado um dos
momentos introspectivos mais prazerosos de que tenho memória. O brilhante “Edge
of an era” foi tocado praticamente na sua totalidade e alguns temas do seu
disco ancestral também foram revisitados. Thomas Bellier e a sua guitarra são
elementos de um só corpo apenas. Um verdadeiro eremita que nos dedilha narrativas
embebidas em peiote e sujeita a vivê-las com exaltação. Michael Amster é um
autêntico monstro (no sentido positivo da palavra) na bateria. Parece fazer o
impossível e a uma velocidade frenética. Nunca a agressividade e a técnica
casaram tão bem quanto o fazem nas baquetas de Michael Amster. Foi uma
performance verdadeiramente estonteante do inicio ao fim do concerto. Ao
volante do baixo estava o Antoine Morel-Vulliez, um dos baixistas que mais me
entusiasmou pela sua enorme sensibilidade em dedilhar fragmentos sonoros dos
mais hipnóticos e delirantes de sempre. E é esta cuidada exploração do
instrumento de quatro cordas que nos deixa de pálpebras cerradas e a viver uma
constante experiência espiritual. Trouxe de Espanha este colossal concerto do
trio parisiense bem atrelado à memória (e a Nádia também).
Seguiam-se os cowboys de
guitarras no coldre. Depois de os ter visto abrir para Dead Meadow no Porto,
este seria o meu segundo duelo com a banda norte-americana. E o meu segundo duelo
perdido, diga-se. A música de Spindrift fala a língua do deserto e de quem o
cruzou com maestria e bravura. Acredito que as suas melodias são capazes de fazer
cair lágrimas nostálgicas a um John Wayne e a um Clint Eastwood. Fossem estes
Spindrift naturais do tempo onde o cinema Western cavalgava abundantemente pela
sétima área, e o próprio Enio Morricone teria o seu trabalho posto em causa.
Estes cowboys agora de guitarras em punho transformaram a Taberna Belfast num
autêntico Saloon. A harmonia estava estatelada no sorriso de quem os ouvia. Os
pés batiam no soalho em comunhão com as batidas da bateria, o entusiasmo era
crescente e toda a plateia foi brindada com as mais belas e apaziguantes narrativas
contadas por quem se equilibra acima da albarda. Viajamos todos lado a lado com
Spindrift, por entre imponentes Saguaros, tempestades de areia e sob um sol
abrasador onde só a sombra da dança circular dos abutres contrastava no solo.
Foi um concerto lindíssimo recheado de momentos divertidos proporcionados por
estes senhores de texanas e chapéus de aba larga. Foi também um adeus custoso
mas necessário. Demos um abraço à Eva, regressámos ao carro e fizemo-nos
novamente à estrada soltando um véu de saudade que aumentava de tamanho
conforme nos afastávamos da Taberna Belfast.
Certamente que falaremos dessa
noite aos nossos filhos.
Pelo menos, a lembrança fala-me todos os dias
dela.