sábado, 31 de outubro de 2015

Cinema de Outubro

800 Balas (2002) de Álex de la Iglesia   ★★★☆☆
Southpaw (2015) de Antoine Fuqua   ★★★★
Palo Alto (2013) de Gia Coppola   ★★★☆☆
Bellflower (2011) de Evan Glodell   ★★★★
Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse (1991) de Eleanor Coppola   ★★★★
$50K and a Call Girl: A Love Story (2014) de Seth Grossman   ★★★★
Les Félins (1964) de René Clément   ★★★★
Ride Lonesome (1959) de Budd Boetticher   ★★★☆☆
Fast Times at Ridgemont High (1982) de Amy Heckerling   ★★★★
The Loved Ones (2009) de Sean Byrne   ★★★★
À l’intérieur (2007) de Alexandre Bustillo & Julien Maury   ★★★★
Dead Meadow Three Kings (2010) de Simon Chan & Joe Rubalcaba   ★★★★
Duel (1971) de Steven Spielberg   ★★★★★
Ethos (2011) de Pete McGrain   ★★★★
St. Vincent (2014) de Theodore Melfi   ★★★★
God Bless America (2011) de Bobcat Goldthwait   ★★★★
Macario (1960) de Roberto Galvadón   ★★★★★

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Astrodome | "Astrodome" (2015)

Quando tropecei pela primeira vez em Astrodome (algures em 2014 pelo universo do youtube) foi-me demasiado fácil atracar toda a atenção no seu Heavy Psych psicotrópico e testemunhar a dilatação das pupilas como resposta a toda aquela admirável odisseia sem travões. Lembro-me que em 2008, quando vi ao vivo o então desconhecido power-trio Black Bombaim abrir para Brant Bjork, os sintomas foram os mesmos. E portanto prevejo, sem qualquer reserva, que também os Astrodome consigam edificar um futuro tão fértil quão é o agora presente da banda barcelense. 
 
Se depois de digerido o seu demo não restava em mim qualquer dúvida em relação à enorme veia criativa da banda, a tão esperada chegada do seu primeiro álbum de estúdio fez com que Astrodome ascende-se aos mais altos campos da minha consideração. Gravado nos estúdios da Heartzcontrol e que será oficialmente lançado no próximo dia 8 de Novembro pela companhia discográfica Ya Ya Yeah, este estreante álbum homónimo do quarteto natural da cidade do Porto encerra uma penetrante e efusiva injecção de Heavy Psych aliada à robustez e densidade do Doom Metal. “Astrodome” pendula entre paisagens sonoras tranquilizantes e meditativas que nos massajam o cérebro, e autoestradas sonoras alucinantes e impulsivas que nos euforizam desmedidamente. As duas guitarras transcendem-se numa dança orgíaca de onde são desprendidos electrizantes e vertiginosos solos capazes de nos catapultar tão para lá da estratosfera consciencial, e riffs monolíticos e ressonantes que se agigantam e varrem tudo no seu caminho. O baixo de respiração oscilante é soberbamente conduzido numa hipnótica, fascinante e criativa estrada de curvas e contracurvas. A bateria cavalgante explode numa admirável e estonteante performance capaz de acelerar a tensão arterial dos riffs e consequentemente estimular o nosso ritmo cardíaco. “Astrodome” provoca em nós uma inolvidável odisseia movida pela sua sonoridade visceral que obriga a nossa consciência ao abandono corporal e consecutiva ascensão às costuras delimitativas do Cosmos narcotizante. Respirem esta verdadeira poeira estelar e vagueiem pela extasiante imensidão deste sonho lúcido chamado Astrodome.

Este é uma das grandes surpresas musicais do ano. Um álbum de audição obrigatória a todos os astronautas que se prezem e ambicionem aventurar-se para lá do lado eclipsado da Lua.   

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

The Sonic Dawn | "Perception" (2015)

Da capital dinamarquesa, Copenhaga, chega-nos este adorável Psych n’ Blues de hálito perfumado capaz de atravessar as compactas e pardacentas nuvens do Outono e instaurar nas nossas almas todo um domínio primaveril. Lançado oficialmente no próximo dia 31 de Outubro pelo reconhecido selo alemão Nasoni Records, “Perception” é um jardim musical de onde florescem inebriantes e delirantes acordes, dedilhados com estarrecedora e hipnotizante sensibilidade. Confesso que sentia falta de um disco assim. Um disco alegre, de prazer epidémico, que nos fertiliza e seduz. É impossível ouvi-lo sem lhe dedicar um sincero sorriso que se distende por todo o seu corpo temporal. A sua sonoridade convida-nos, também, a vivenciá-la de pálpebras cerradas dando inteiro protagonismo à narrativa visual por ela tocada. Revirem prazerosamente os vossos olhos ao som de uma guitarra extasiante e espirituosa que nos presenteia com ternurentos e sedosos riffs aromatizados pelas místicas brisas dos 60’s e 70’s, e solos fecundantes e eloquentes. Sintam as tranquilizantes e imaginativas passeatas de um órgão Hammond que nos embebeda e enamora, as robustas e dançantes linhas de um baixo meditativo que nos ameniza, as incursões jazzísticas de uma bateria entusiasmante que nos agita, e a fascinante e adorável voz que se passeia harmoniosamente acima das aveludadas areias de The Sonic Dawn. “Perception” é um dos registos mais elegantes e agradáveis que me lembro de experienciar. Uma verdadeira ode à placidez que nos petrifica do primeiro ao derradeiro tema, desprendendo a nossa consciência e elevando-a aos mais ataráxicos firmamentos. “Perception” é uma genuína obra-prima que encerra toda uma espantosa beleza capaz de ensombrar o comum mortal.