Da capital dinamarquesa,
Copenhaga, chega-nos este adorável Psych
n’ Blues de hálito perfumado capaz de atravessar as compactas e pardacentas
nuvens do Outono e instaurar nas nossas almas todo um domínio primaveril. Lançado
oficialmente no próximo dia 31 de Outubro pelo reconhecido selo alemão Nasoni Records, “Perception” é um
jardim musical de onde florescem inebriantes e delirantes acordes, dedilhados
com estarrecedora e hipnotizante sensibilidade. Confesso que sentia falta de um
disco assim. Um disco alegre, de prazer epidémico, que nos fertiliza e seduz. É
impossível ouvi-lo sem lhe dedicar um sincero sorriso que se distende por todo
o seu corpo temporal. A sua sonoridade convida-nos, também, a vivenciá-la de pálpebras
cerradas dando inteiro protagonismo à narrativa visual por ela tocada. Revirem
prazerosamente os vossos olhos ao som de uma guitarra extasiante e espirituosa
que nos presenteia com ternurentos e sedosos riffs aromatizados pelas místicas brisas dos 60’s e 70’s, e solos fecundantes e eloquentes. Sintam as
tranquilizantes e imaginativas passeatas de um órgão Hammond que nos embebeda e enamora, as robustas e dançantes linhas
de um baixo meditativo que nos ameniza, as incursões jazzísticas de uma bateria entusiasmante que nos agita, e a fascinante
e adorável voz que se passeia harmoniosamente acima das aveludadas areias de The Sonic Dawn. “Perception” é um dos registos
mais elegantes e agradáveis que me lembro de experienciar. Uma verdadeira ode à
placidez que nos petrifica do primeiro ao derradeiro tema, desprendendo a nossa
consciência e elevando-a aos mais ataráxicos firmamentos. “Perception” é uma
genuína obra-prima que encerra toda uma espantosa beleza capaz de ensombrar o
comum mortal.