sábado, 10 de outubro de 2015

RotoR | "Fünf" (2015)

Passei toda a minha adolescência atracado à sonoridade grisalha que saía das caves da chuvosa cidade de Seattle, ou seja, da música Grunge, e – portanto - foi já na viragem para a idade adulta que me convertera num seguidor a tempo inteiro do então apelidado Stoner Rock (impulsionado por um amigo da época e pelas aparições de Mark Lanegan nos QotSA) deixando para trás os já cansados acordes das tantas bandas que até então escoltava religiosamente. RotoR foi uma das primeiras bandas que ouvi nesse fácil processo de transição para o ardente flanco da música Rock. Hoje, cinco anos depois de “4” (o seu quarto álbum de estúdio), é-nos apresentada a sua mais recente criação chamada “Fünf”. Depois de quinze anos inteiramente dedicados ao Stoner Rock (na verdadeira acepção do termo), a banda alemã decide enriquecer a sua sonoridade com o aparecimento do Prog Rock. “Fünf” representa, então, o feliz equilíbrio entre o Stoner Rock e o Prog Rock numa parceria que muito enriquece a estrutura musical do mesmo. Representa também o divórcio da banda com o conceituado selo alemão Elektrohasch depois de dez anos de união, para confiar o seu novo legado ao (também alemão) selo Nois-O-Lution. Para os mais fiéis seguidores de RotoR será fácil reconhecer a nomenclatura base de “Fünf” e dificilmente não aprovarão as novas orientações musicais nas quais o quarteto alemão decidiu aventurar-se. Antecipando a sua análise mais aprofundada, considero “Fünf” o melhor trabalho da banda. Depois de experienciado sem distracções, é justo dizer que se tratou de um jejum bastante produtivo, e – secretamente – desejo que futuramente mantenham as velas do Prog Rock bem içadas. “Fünf” distende-se ao longo de 42 minutos, mostrando riffs pujantes, fibróticos e bastante dinâmicos que desaguam em fascinantes e bem desenvolvidos solos de inenarrável beleza. As duas guitarras perdem-se e encontram-se nas suas divagações alucinantes, pendulando entre acordes densos, pesados e corpulentos e acordes calmos, ligeiros e meditativos. O baixo omnipresente, de respiração carregada, sombreia e realça todas as inquietudes do riff, e a bateria fulgurante e resplandecente tiquetaqueia com autoridade e vitalidade todos os momentos de “Fünf”. A sinergia respirada pelos quatro instrumentos é de tal forma prazerosa e estimulante para o ouvinte, que o obriga a uma extravagante resposta. Este é um disco pleno, um disco muito próximo da perfeição que merece ser ouvido com inteira devoção. 

Sem comentários: