sexta-feira, 30 de setembro de 2016

🎬 Cinema de Julho, Agosto e Setembro

P.S. I Love You (2007) de Richard LaGravenese   ★★★★
The Razor’s Edge (1946) de Edmund Goulding   ★★★★★
Lolita (1962) de Stanley Kubrick   ★★★★★
Birdman of Alcatraz (1962) de John Frankenheimer   ★★★★
Trespassing Bergman (2013) de Jane Magnusson & Hynek Pallas   ★★★★
Midnight Cowboy (1969) de John Schlesinger   ★★★☆☆ 
Hell On Wheels S05 (2015-2016) de Joe Gayton & Tony Gayton   ★★★★★
Drive (2011) de Nicolas Winding Refn   ★★★★★
Shoot Out (1971) de Henry Hathaway   ★★★★
Everybody Wants Some!! (2016) de Richard Linklater   ★★★☆☆
The Martian (2015) de Ridley Scott   ★★★★
The Devil’s Rejects (2005) de Rob Zombie   ★★★★
The Departed (2006) de Martin Scorsese   ★★★★★
Twin Peaks S02 (1990-1991) de Mark Frost & David Lynch   ★★★★★
The Road (2009) de John Hillcoat   ★★★★
ParaNorman (2012) de Chris Butler & Sam Fell   ★★★☆☆
Pearl Jam Twenty (2011) de Cameron Crowe   ★★★★★
Fandango (1985) de Kevin Reynolds   ★★★☆☆
Reino Maravilhoso (2015/2016) de Luís Quinta & Ricardo Guerreiro   ★★★★★
Better Call Saul S02 (2016) de Vince Gilligan & Peter Gould   ★★★★★
At Close Range (1986) de James Foley   ★★★☆☆
Lo Sound Desert (2016) de Joerg Steineck   ★★★★
Another Year (2010) de Mike Leigh   ★★★★
The Conjuring 2 (2016) de James Wan   ★★★★★
Dead Man Walking (1995) de Tim Robbins   ★★★★
Bunny O’Hare (1971) de Gerd Oswald   ★★☆☆☆
Twin Peaks: Fire Walk with Me (1992) de David Lynch   ★★★★
Twin Peaks: The Missing Pieces (2014) de David Lynch    ★★★★
Bacheha-Ye aseman (1997) de Majid Majidi   ★★★★★
Sie tötete in Ekstase (1971) de Jesús Franco   ★★★☆☆
Stranger Things S01 (2016) de Matt Duffer & Ross Duffer   ★★★★★
Away We Go (2009) de Sam Mendes   ★★★★
The Undefeated (1969) de Andrew V. McLaglen   ★★★★

Review: ⚡ Astral Son - 'Mind's Eye' (2016) ⚡

‘Mind’s Eye’ representa o terceiro capítulo da admirável odisseia de Astral Son pelos domínios celestiais do Krautrock, Neo-Psych e Space Rock. Lançado oficialmente no passado dia 16 de Setembro pelo selo alemão Sulatron Records em formato de CD (registo que ainda conhecerá um posterior lançamento em formato de vinil pela mão da Headspin Records agendado para o mês de Novembro), este álbum encerra uma sonoridade bastante estimulante, contemplativa e envolvente que propulsiona as nossas mentes tão para lá do lado eclipsado da Lua. Este astronauta holandês – responsável único pela criação da sonoridade de Astral Son – magnetiza a nossa consciência para um estádio de perfeita sedação e encantamento. A guitarra messiânica enfatiza-se nesta fascinante divagação espacial declamando riffs atraentes e solos etéreos que nos circundam, hipnotizam e serenam. O teclado astral de envaidecidos e delirantes bailados empresta uma aura mística à ambiência sidérica de ‘Mind’s Eye’, massajando detidamente o nosso cerebelo e nutrindo uma perfeita atmosfera de ataraxia. A bateria tribalista galopeia calmamente todo este xamânico ritual que celebra a sagrada ligação umbilical entre o Homem e o Cosmos, o baixo modorrento de linhas sussurrantes, robustas e dançantes passeia-se relaxadamente pela essência do álbum, enquanto que uma voz profética nos seduz e conduz nesta paradisíaca viagem espiritual pelos mais frondosos e espantosos jardins estelares.  ‘Mind’s Eye’ representa a bem-sucedida evasão da nossa alma pela infinidade cósmica deixando para trás um corpo caído, desfalecido e inerte. Comunguem esta consagrada hipnose que desamarrará as âncoras da gravidade espiritual e a elevará a lugares nunca antes explorados. Uma perfeita ode ao bem-estar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Review: ⚡ Electric Moon - 'The Doomsday Machine' (2011/2016) ⚡

Electric Moon é hoje uma das grandes bandas da minha vida. E se já nutria uma crescente admiração pelo power-trio germânico, depois de em 2015 os ter vivenciado ao vivo no Reverence Valada (review aqui) a mesma agigantara-se de uma forma verdadeiramente espantosa, imortalizando esta actuação como uma das mais fascinantes e hipnóticas que vira até então. Com uma extensa e requintada discografia dividida pelos seis anos de banda, este tridente de instrumentos apontados ao esplendoroso Cosmos acaba de reeditar via Sulatron Records um dos seus álbuns mais históricos: ‘The Doomsday Machine’ (lançado em 2011 pela mão da Nasoni Records). Este segundo álbum de estúdio de Electric Moon vem munido de um morfínico, obscuro e nebuloso Heavy Psych de feições astrais que nos drena a lucidez e eleva de encontro às mais idosas e intangíveis fornalhas estelares. São cerca de 80 minutos de pura e sublime hipnose que nos satura de um êxtase mudo e ininterrupto. Uma perfeita divagação da consciência pelos domínios mais frios e recônditos do Cosmos embriagado. Inalem toda esta verdadeira letargia nutrida por uma guitarra messiânica que vomita solos verdadeiramente fecundantes, vertiginosos e atroantes, um baixo frondoso e vigoroso de danças enteogénicas, uma bateria galopante de ritmos compenetrados, uma voz enevoada e distorcida segredada pelos astros, e ainda um ecoante e delirante sintetizador que pulveriza toda a atmosfera de ‘The Doomsday Machine’ com uma envolvente e etérea bruma capaz de nos recostar a um intenso estádio de inércia. Este é um álbum imensamente errante que nos passeia pelo infinito ventre de um Universo sombrio e bocejante. Recostem-se, apertem bem os cintos e preparem-se para testemunhar esta sagrada transcendência capaz de nos fazer revirar as pupilas. ‘The Doomsday Machine’ é uma das mais audaciosas odisseias pelo oceano cósmico. Um verdadeiro hino à ataraxia que nos paralisa do primeiro ao último tema. Banhem-se nesta densa e dominadora poeira estelar que vos canonizará a alma, e mergulhem na verticalidade sideral.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Review: ⚡ Memoirs of a Secret Empire - 'Vertigo' (2016) ⚡

Memoirs of a Secret Empire são hoje um dos nomes mais promissores e incontornáveis do Post-Rock português. Depois de lançado o seu EP homónimo no verão de 2013, este power-trio natural da vila de Vouzela (distrito de Viseu) lançará no próximo dia 30 de Setembro o tão merecido e ansiado primeiro álbum apelidado de ‘Vertigo’ (nos formatos físicos de CD pela Signal Rex e cassete pela Bisnaga Records). A sua sonoridade imensamente narrativa faz do ouvinte a testemunha privada de um plangente cataclismo capaz de enlutar a sua alma. A doce melancolia aliada à aveludada letargia governam os pardos e opressores céus de ‘Vertigo’ provocando em nós uma poderosa e duradoura inércia que nos massaja e anestesia do primeiro ao derradeiro tema. Tudo neste álbum nos respira e em nós instaura uma bonita tristeza desprovida de esperança. Um hipnótico e solitário passeio de cabisbaixo pela fúnebre e desoladora atmosfera de ‘Vertigo’. Sintam a reverberante radiação de um requintado e lisérgico Post-Rock que se agiganta num denso e retumbante Post-Metal de feições inquisidoras. Na composição de toda esta monolítica avalanche de misantropia que nos assola com tremenda facilidade, está uma fascinante guitarra de envolventes e sumptuosos acordes que nos conduzem pelas paisagens bucólicas de ‘Vertigo’, um baixo possante, maciço e ritmado que se arrasta com sublimidade nesta contemplativa e harmoniosa ode outonal, uma bateria de incursões deliciosamente inventivas e dinâmicas que tempera com maestria e estarrecedora sensibilidade todos os momentos do álbum, e ainda uma voz nebulosa e visceral que sobrevoa toda esta fria, sombria e brumosa ambiência. Não é fácil regressar de ‘Vertigo’. Este álbum tem o dom de nos amortalhar e embaciar a consciência, levando-a consigo tão para lá do nosso corpo desmaiado. Entreguem-se totalmente a este álbum de natureza etérea e deixem que a sua alma temulenta desmaie sobre a vossa num súbito desmaio de prazer que vos adornará com ternura e firmeza do primeiro ao último acorde.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Review: ⚡ Chu - 'Air Water Viscousness' (2016) ⚡

É de um dos locais mais improváveis do planeta que nos chega uma das maiores surpresas musicais de 2016. ‘Air Water Viscousness’ é o mais recente registo da banda cazaquistanesa Chu e vem mergulhado num ritualístico, enigmático e meditativo Heavy Psych de essência nebulosa que nos expande e conduz a consciência pela infinidade do nosso ser. Este jovem quarteto natural da populosa e montanhosa cidade de Almaty pode muito bem orgulhar-se deste seu álbum. Fundamentada num etéreo Heavy Psych que comunga indiscretas influências do Funk, a envolvente sonoridade de ‘Air Water Viscousness’ leva-nos a flutuar a prazerosa e dançante ondulação de um oceano ataráxico que se distende pelo firmamento adentro. É verdadeiramente extasiante deixarmo-nos subjugar a toda esta morfina via auditiva e vivenciar um perfeito sonho acordado. Sintam as pálpebras tombar e o olhar empedernecer ao som de duas guitarras deslumbrantes – de bocejos psicotrópicos – que nos hipnotizam e seduzem com os seus riffs imensamente tranquilizantes, e arrebatadores solos de natureza sideral que nos esgrimam a lucidez. Pendulem os vossos corpos inanimados na instintiva resposta a um poderoso baixo de reverberação ritmada, densa e dominadora, e agitem-se à estimulante boleia de uma bateria propulsiva de investidas cálidas e dinâmicas que nos chicoteiam nesta doce e soberana hipnose. ‘Air Water Viscousness’ convida-nos a caminhar sobre as douradas, ardentes e aveludadas areias do deserto de olhar atrelado a um imenso, cintilante e admirável céu estelar. Recostem-se confortavelmente, abrandem a respiração e icem as velas da vossa alma ao sabor das ondas de Chu numa das mais agradáveis passeatas que a música pode promover. Certamente darão à costa de um paraíso espiritual governado pela mais pura sensação de bem-estar.