Review: ⚡ Asteroid - ‘III’ (2016) ⚡

Foram sete anos de intervalo que balizaram o lançamento do seu último álbum ‘II’ (em 2009) e o tão ansiado lançamento do seu novo trabalho ‘III’ (agendado para dia 11 do próximo mês de Novembro). Tenho este power-trio sueco como um dos mais influentes padroeiros do meu altar musical, e o seu álbum de estreia adjectiva-se como um dos mais grandiosos discos da minha vida ao qual dedicarei uma sagrada e intemporal veneração. As crateras no solo da minha alma são testemunhas imortais do impacto que Asteroid teve e terá sempre em mim. Portanto foi com desmedido entusiasmo que respondera à entrada em estúdio da banda sediada na cidade Örebro depois de um longo e silencioso jejum.

 ‘III’ – tal como o nome sugere – representa o último capítulo da emocionante e admirável trilogia de Asteroid pelos sidéricos e delirantes meandros do Psych Rock em harmoniosa parceria com o aromático e carismático Prog Rock de contornos setentistas. Promovido pelo selo discográfico sueco Fuzzorama Records – ao qual a banda reforça o seu vínculo de lealdade – este novo álbum prende uma sonoridade imensamente perfumada, elegante, envolvente, dinâmica e comovente que nos hipnotiza e navega pelos sedosos mares da ataraxia. A nossa alma – quando exposta à exalação estelar de ‘III’ - é seduzida e massajada pelo prazer em estado musical. Somos submetidos a um profundo e inabalável estádio de plenitude espiritual que nos adorna do primeiro ao derradeiro tema. Rebaixem as pálpebras, adormeçam o olhar e deixem-se embriagar pelas danças eróticas de uma guitarra tremendamente encantadora que – com os seus riffs torneados, voluptuosos e empolgantes aliados a uivantes e excitantes solos de inenarrável beleza – nos assalta e conquista. Baloicem detidamente ao som ondulante de um baixo groove’sco de linhas verdadeiramente robustas, magnetizantes e pulsantes que nos mantém entregues a uma constante dança corporal, e respondam de forma efusiva a uma bateria galopante que nos atiça com as suas fascinantes, inventivas e acrobáticas investidas. ‘III’ é – previsivelmente – um dos álbuns incontornáveis de 2016, merecedor de um lugar de destaque no pódio. Um álbum que promete cimentar a admiração dos seus velhos seguidores e capturar a atenção daqueles que comungam o extasiante elixir de Asteroid pela primeira vez. Empoeirem-se nesta nebulosidade estelar e testemunhem a fantástica colisão deste poderoso asteroide na vossa alma sedenta de algo assim.

Review: ⚡ Los Asteroide - ‘Trotamundos’ (2016) ⚡

Da cidade argentina de Buenos Aires chega-nos a sedosa, quente e perfumada brisa sonora do power-trio Los Asteroide apelidada de ‘Trotamundos’. Este segundo álbum de estúdio da banda argentina encerra o lado mais árido e veraneio do Psych Rock, seduzindo-nos e conduzindo-nos numa envolvente, lisérgica e extasiante peregrinação pelas distensíveis, arenosas e aveludadas dunas de um deserto vigiado e bronzeado por um sol endeusado. A sua sonoridade imensamente contemplativa, fascinante e inebriante convida-nos a vivenciar um estado totalmente desconexo da realidade, de alucinações ininterruptas, desprendimento do ego e a admirável dilatação da percepção extrassensorial. ‘Trotamundos’ é verdadeira psilocibina via auditiva. Um oásis espiritual onde a nossa alma se refugia e deleita ao longo dos 38 minutos distribuídos pelos 9 temas que incorporam este hipnótico e ataráxico álbum. Comovam-se ao som erótico de uma guitarra paradisíaca e encantadora que se exterioriza em relaxantes, morfínicos e voluptuosos riffs e se envaidece em exaltantes, delirantes e imensamente provocantes solos capazes de nos mergulhar numa profunda e intensa euforia. Entreguem-se a uma constante dança pendular incitada pelas aprazíveis e tentadoras linhas de um baixo serpenteante, robusto e murmurante que banha toda a atmosfera sonora de ‘Trotamundos’ com a sua reverberante ondulação. Deixem-se governar e estimular pela deliciosa e redentora ritmicidade de uma bateria ardente conduzida a sensibilidade, perícia e emoção. Este é um álbum que nos passeia a lucidez pelos infindáveis e resplandecentes desertos da alma. Um álbum extremamente deslumbrante e narcotizante que nos guia de encontro aos sagrados domínios do transe. Bronzeiem-se nesta alucinógena radiação de Los Asteroide e libertem-se da gravidade terrena, num espantoso arremesso da consciência pela vasta verticalidade do Cosmos espiritual.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Review: ⚡ Eerie - ‘Eerie’ (2016) ⚡

É muito raro o lançamento do influente selo nova iorquino Tee Pee Records que não seja do meu inteiro agrado. Mesmo que o impacto não se faça sentir logo na primeira audição, a persistência costuma culminar na irreversível conquista da minha aprovação. Eerie foi um desses casos. Este quarteto norte-americano que disfere uma delirante, obscura e agressiva sonoridade – resultante da intensa e retumbante colisão entre o Heavy Psych, o Doom Metal e o Black Metal – acaba de lançar o seu álbum de estreia e o mesmo melhora e amadurece a cada audição que lhe dedico. ‘Eerie’ propaga uma atmosfera tirânica que nos inflama e arrasa. São cerca de 37 minutos – distribuídos pelos cinco temas que o povoam – de um corrosivo, delirante e electrizante Heavy Psych, aliado a um denso, sombrio e tirânico Doom Metal, e a um furioso e demoníaco Black Metal. Estes três ingredientes entrançam-se e agigantam-se numa intimidante, despótica e monolítica avalanche que se soergue e nos sombreia do primeiro ao último acorde. Obedeçam à reinante guitarra de alma luciférica que se manifesta em sinistros, magníficos aparatosos riffs e se aviva em gritantes, desvairados e alucinantes solos capazes de nos golpear e destroçar a lucidez. Atemorizam-se com os rugidos soberanos de um baixo soturno, maciço, corpulento e vibrante que se carrega pausadamente na tenebrosa ambiência de ‘Eerie’. Exaltem-se ao ritmo frenético, galopante, acrobático de uma bateria imensamente estimulante que transpira emoção e adrenalina, e sintam-se esporeados por uma voz colérica, incandescente e mordaz que se agiganta neste profundo cataclismo. ‘Eerie’ é um álbum de natureza violenta que nos assombra, domina e fascina. Entreguem-se aos poderosos domínios de Eerie e deixem que estes enlutem e mumifiquem a vossa alma.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

⚡️ Shaking Pyramid ⚡️

Zachary Oakley (JOY) 
Mike Eginton (Earthless) 
Paul Marrone (Radio Moscow)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Review: ⚡ Jungle City - ‘Jungle City III’ (2016) ⚡

Da cidade australiana de Adelaide chega-nos a exuberante e empolgante fragância do power-trio Jungle City. Lançado hoje mesmo, ‘Jungle City III’ – tal como o nome sugere – representa o terceiro álbum da banda e vem dotado de um atraente, sublime e luxuoso Heavy Psych N’ Blues de raízes setentistas que nos circunda, encanta e endoidece com tremenda facilidade. Este é um disco forjado à minha imagem. Um disco revestido de uma sonoridade que percorre todo o espectro da elegância e fascínio, e nos deixa reféns de um profundo, envolvente e prazeroso delírio, rico em visões caleidoscópicas. Tudo em ‘Jungle City III’ transpira lubricidade e emoção. Um perfeito abalo de êxtase e euforia que nos deixa entregues a um estádio de constante ebulição. Desmaiem as pálpebras e dancem detida e apaixonadamente ao deslumbrante som de uma guitarra arrebatadora que se envaidece em provocantes, voluptuosos e mirabolantes riffs e se exalta em exuberantes, desgovernados e estonteantes solos que nos intrigam e hipnotizam com desmedida impetuosidade. Sintam a portentosa, dominante, intensa e torneada ondulação rítmica de um baixo volumoso embater na vossa crosta consciencial e oxidá-la com o seu reverberante bafo. Desatem-se de qualquer inibição à sonância redentora de uma bateria ardente conduzida a vivacidade, perícia e satisfação, e deixem-se inebriar por uma voz requintada, polida e harmoniosa que sobrevoa com distinção todo este etéreo, perfumado e irresistível elixir via auditivo. Mergulhem neste profundo oceano de extasiante e narcotizante comoção e no final regressem à superfície da lucidez completamente sedados pelos eróticos domínios de Jungle City. Estamos mesmo na presença de um dos mais extraordinários álbuns de 2016.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Review: ⚡ Captain Crimson - ‘Remind’ (2016) ⚡

A Suécia é hoje – muito provavelmente – a capital europeia do lado underground da música Rock. Bandas notórias como Lowrider, Asteroid, Witchcraft, Graveyard, Spiritual Beggars, Grand Magus, Kamchatka, Abramis Brama, Dozer, Truckfighters e Greenleaf já se acostumaram a repartir o seu imenso protagonismo com um crescente clã de jovens bandas compatriotas que, entretanto, floresceram com vistosa vivacidade. Estou a referir-me a bandas como Spelljammer, Monolord, Blues Pills, Yuri Gagarin e Captain Crimson – aliadas a uma elite recém-formada de onde ressaltam nomes promissores como Montgolfière, Second Sun, Pershagen, Postures, Svvamp e MaidaVale – que vivem hoje um momento sublime e imaculado do seu incrível e distensível potencial, assegurando a continuidade do espantoso legado fundado pelos seus ancestrais.

Uma das bandas que mais se tem destacado neste populoso enxame é Captain Crimson que acaba de lançar o seu terceiro álbum apelidado de ‘Remind’ pela mão do afamado selo norte-americano Small Stone Records. Este magnifico álbum é governado por um musculado, elegante e torneado Hard Rock de condução setentista em hipnótica cumplicidade com um fascinante, prodigioso e delirante Heavy Psych. Fieis à robusta e dançante sonoridade que os caracteriza desde a produção do seu álbum de estreia, este quarteto natural da cidade sulista de Örebro tem em ‘Remind’ o ponto mais exponencial da sua carreira até ao momento. São cerca de 40 minutos vividos num incontido entusiasmo que nos transcende a um sagrado estádio de intenso encantamento. Deixem-se absorver nesta profunda comoção de prazer ao impressionante som de uma guitarra envaidecida que se manifesta em acordes imensamente empolgantes, harmoniosos e arrebatadores e se extravia em extasiantes, requintados e alucinantes solos, um baixo magnetizante de bailados robustos, dinâmicos e sensuais, uma voz charmosa, mélica e tonificante que se passeia livremente pela extravagante atmosfera de ‘Remind’, e ainda uma bateria verdadeiramente excitante que tiquetaqueia com perícia e emoção toda esta luxuriosa e envolvente cavalgada que nos espezinha e conquista a alma. Este é um álbum de natureza apaixonante que nos namora do primeiro ao derradeiro tema. Embrenhem-se na adorável fragância sonora de ‘Remind’ e testemunhem o radioso encantamento de um dos grandes discos de 2016.