Review: ⚡ Cobra Family Picnic - 'Magnetic Anomaly' (2017) ⚡

Cobra Family Picnic acaba de lançar o seu álbum de estreia ‘Magnetic Anomaly’ nos formatos físicos de vinil, CD e cassete pelas mãos da Cardinal Fuzz (distribuição em solo europeu) e da Sky Lantern Records (distribuição em solo norte-americano). Esta banda natural da cidade-deserto de Tucson (no Arizona, EUA) pratica e desenvolve um psicotrópico, envolvente e hipnótico Krautrock que iça a nossa consciência na direcção dos astros. Contando ainda com elementos do espalhafatoso Noise Rock, o delirante Psych Rock e o repetitivo Drone, a tântrica, morfínica e fascinante sonoridade de ‘Magnetic Anomaly’ passeia-nos pela imensa vastidão de um jardim estelar que se desdobra pela infinidade dentro. De olhar petrificado, corpo adormecido e alma narcotizada somos amortalhados, enfeitiçados e conduzidos pela profunda e nebulosa misticidade de Cobra Family Picnic. A sua ambiência tranquilizante, contemplativa, embriagada e extasiante veleja a nossa alma encantada pelos anestésicos, confortáveis e lisérgicos oceanos. ‘Magnetic Anomaly’ difunde toda uma etérea, radiosa e deslumbrante ataraxia que nos mergulha na negridão cósmica. Sintam-se plantar, germinar e florescer em solo espacial adubados por uma guitarra messiânica que boceja arrebatadores, mirabolantes e alucinógenos solos, um baixo serpenteante de linhas pulsantes, robustas, torneadas e dançantes, uma bateria galopante de ritmicidade catártica e empolgante, uma voz brumosa, ecoante e espectral, e ainda um arábico teclado de enigmáticos, formosos e sidéricos bailados. ‘Magnetic Anomaly’ é um álbum governado por uma intensa hipnose que nos aprisiona do primeiro ao último tema. Um disco saturado de um misticismo imaculado que nos afaga, massaja e banha a espiritualidade num verdadeiro oásis. Deixem-se adormecer na sedutora, deleitosa e morfínica alma de Cobra Family Picnic e vivenciem um dos registos mais envolventes nascidos em 2017.

domingo, 28 de maio de 2017

Review: ⚡ Los Espiritus - 'Agua Ardiente' (2017) ⚡

Da cidade argentina de Buenos Aires chega-nos o afrodisíaco, exótico e ensolarado psicadelismo da banda Los Espiritus que acaba de apresentar o seu terceiro álbum chamado ‘Agua Ardiente’.  Lançado no passado dia 1 de Maio em formato digital através do seu Bandcamp oficial, o novo registo deste fascinante sexteto prende um dançante, cálido e envolvente Psych Rock de uma sublimidade desmesuradamente contagiante que em erótica consonância com um elegante, voluptuoso e serpenteante Blues nos bronzeia, encanta e namora do primeiro ao derradeiro tema. Esta formosa e fogosa dança entre o Psych e o Blues é governada por uma mística e deslumbrante veia Western’eana que nos convida a sobrevoar infinitos desertos de areias douradas, fervilhantes, ondulantes e aveludadas. São 43 minutos impregnados de um intenso, hipnótico e edénico arrebatamento que nos abraça, afaga e aquece a alma. A sua sonoridade imensamente charmosa, ardente e devocional assenta na prazerosa harmonia entre as agradáveis guitarras de sedosos, bailantes e requintados acordes e solos borbulhantes, ácidos e delirantes, a bateria detidamente entregue a uma ritmicidade estimulante, a atraente percussão tribal, o baixo deliciosamente groove’sco que se envaidece demoradamente em linhas pulsantes, sólidas e sussurrantes, e os vocais ternos, suaves e tranquilos que perfumam e aprimoram toda esta convidativa e extasiante atmosfera latina. ‘Agua Ardiente’ é um álbum veraneio que em nós instaura um radioso paraíso tropical. Recostem-se confortavelmente, cerrem as pálpebras, suspirem pausadamente e inalem toda esta revitalizante e aromática brisa sonora brilhantemente conduzida pelos Los Espiritus. É impossível não dançá-lo e venerá-lo. Um dos álbuns mais atraentes, primorosos e relaxantes de 2017 está aqui, na resplandecente e abrasadora alma de ‘Agua Ardiente’.

Review: ⚡ Elder - 'Reflections of a Floating World' (2017) ⚡

Conheci Elder no já longínquo ano de 2011 mas está ainda bem viva na minha memória toda a assombração que se abatera em mim assim que absorvera a sua poderosa sonoridade. O álbum de estreia ‘Elder’ e o posterior ‘Dead Roots Stirring’ foram os registos mais rodados durante esse período da minha vida e a admiração, petrificação e entusiasmo sentidos por eles crescia a cada audição que lhes dedicava. Em 2015 lançavam ‘Lore’, um álbum norteado por uma veia progressiva, melódica e de composição mais rica que os anteriores, mas que ainda assim – confesso – não me conquistara. Sou um apreciador incondicional da rudeza exalada nos primeiros dois álbuns onde o Psych Doom é dono e senhor de toda a ambiência sonora que os governa. Até que hoje – depois de ver engordar toda a minha expectativa em relação ao nascimento do novo álbum desta banda norte-americana – tive a enorme satisfação de comungar ‘Reflections of a Floating World’ na íntegra e consequentemente saciar este crescente desejo.

Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 2 de Junho pelos selos discográficos Stickman Records (em solo europeu) e Armageddon (em solo americano) nos formatos físicos de CD e vinil, este novo álbum prende um soberano, dinâmico, intenso e vibrante Psych Doom conduzido por um serpenteante, magnetizante e sedutor Prog Rock e amenizado por um sublime, envolvente, hipnótico e encantador Psych Rock que se desenvolve, envaidece e enfatiza em longas passagens etéreas, delirantes e contemplativas capazes de nos submergir num profundo oceano de êxtase. E talvez sejam mesmo estas delongadas, ataráxicas e deslumbrantes paisagens sonoras brilhantemente tricotadas pelo Psych Rock que me faz posicionar este ‘Reflections of a Floating World’ num patamar mais elevado em relação ao seu antecessor ‘Lore’. Este novo álbum representa também o acelerado amadurecimento do seu novo rumo sonoro (posto em prática no álbum anterior) e o acréscimo de um segundo guitarrista que vem consolidar a sonoridade deste agora quarteto natural da cidade de Boston (Massachusetts, EUA). O extravagante e excepcional guitarrista Nick DiSalvo continua a demonstrar um admirável e hipnótico controle da guitarra ao amuralhar majestosos, fascinantes e empolgantes riffs e desprender toda uma histeria superiormente controlada na criação de alucinantes, eróticos e inimagináveis solos que nos dilaceram a lucidez e revoltam numa enérgica e desgovernada comoção de adrenalina. A voz gritante, insípida e penetrante combina na perfeição com o instrumental robusto e condimentado. O baixo fibrótico e reverberante de linhas tonificantes, carregadas e pulsantes mareia com audível influência toda esta opulenta e exuberante cavalgada. A bateria explosiva e retumbante lapida e apimenta todos os momentos de ‘Reflections of a Floating World’ com a sua redentora e entusiasmante potência. Num plano secundário residem ainda um adorável teclado de prazerosos e preclaros bailados e uma outra guitarra que segura firmemente as rédeas dos acordes enquanto que a guitarra liderante de Nick agarra todo o protagonismo e se transcende numa vertiginosa e delirante erupção. Este é um álbum detentor de uma distinta beleza que nos prende a ele ao longo dos seus 63 minutos de duração. Mal posso esperar por ver Elder subir ao palco do festival português SonicBlast Moledo no próximo mês de Agosto e presenciar pela primeira vez uma das mais importantes e carismáticas bandas da minha vida.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Review: ⚡ Mythic Sunship - 'Land Between Rivers' (2017) ⚡

Depois de no passado ano de 2016 ter esbarrado com a deslumbrante sonoridade da banda dinamarquesa Mythic Sunship e consequentemente ter referenciado, aplaudido e reverenciado o seu resplendoroso álbum ‘Ouroboros’ (review aqui), hoje tudo em mim me obriga a reforçar a admiração sentida pela banda após ter digerido o seu novo álbum apelidado ‘Land Between Rivers’. Gravado numa cabana rústica localizada na ilha dinamarquesa de Zealand e lançado recentemente pela El Paraiso Records – fortalecendo desta forma a ligação entre a editora discográfica e a formação sediada em Copenhaga – nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Land Between Rivers’ encerra uma desarmante, hipnótica e encantadora beleza que nos envolve, petrifica e arrebata do primeiro ao último minuto. Fundamentada num agradável, relaxante e comovente Psych Rock em constante diálogo com um fascinante, anestésico e meditativo Krautrock e perfumados por uma etérea, doce e sideral brisa jazzística que climatiza, condimenta e sobrevoa com distinta delicadeza e elegância toda a atmosfera onírica de ‘Land Between Rivers’, a sua sonoridade imensamente lenitiva, aromática e contemplativa provoca em nós um intenso e profundo estádio de ataraxia que nos afaga a alma e massaja o cerebelo. São 35 minutos saturados de uma fulgente e incandescente beatitude que nos cega a lucidez e conduz a consciência por terrenos nunca antes explorados. Gravitem na direcção dos astros ao aliciante e magnetizante som de duas guitarras sumptuosas que se aliam na edificação de adoráveis e provocantes acordes bronzeados de misticidade e se perdem e encontram por entre solos verdadeiramente tocantes, sublimes e alucinantes, um baixo sedativo e sonolento de danças robustas, pausadas e ondeantes, e uma bateria acrobática que tiquetaqueia com destreza, leveza e sensibilidade toda esta grandiosa, extasiante e luxuosa digressão pelos tântricos e sedosos mares da espiritualidade. Entreguem-se a toda esta magnificência transpirada pelo ‘Land Between Rivers’ e desaguem no sagrado e enlevado paraíso. Este é um álbum soberbo que semeia e distende todo um tapete primaveril na alma de quem nele se debruçar.

Review: ⚡ Ball - 'Ball (2017) ⚡

Da Suécia chega-nos o recém-nascido álbum de estreia do vibrante e irreverente power-trio Ball. Lançado hoje mesmo pela mão do selo discográfico inglês Horny Records nos formatos físicos de CD e vinil e distribuído pela editora sueca Subliminal Sounds, este disco homónimo euforizara-me e conquistara-me à primeira audição que lhe dedicara. Baseado num musculado, intenso e torneado Hard Rock de ambiência setentista e em erótica consonância com um inflamante, ácido e lamacento Heavy Psych e um grotesco, nocivo e intrigante Proto-Metal, este colérico, turbulento e arrebatador ‘Balls’ representa uma selvática e portentosa descarga sonora que nos arrasa a timidez, desgasta a lucidez e atesta de uma desgovernada adrenalina. Enlameiem-se na sonoridade desmesuradamente enérgica, revoltosa e excitante de ‘Balls’ à impressionante boleia das poderosas e indomesticáveis guitarras que – regadas e embriagadas de efeito fuzz – se passeiam e envaidecem em riffs cáusticos, impetuosos, ásperos e horripilantes e se libertam desvairadamente em solos verdadeiramente estonteantes, incisivos e berrantes, uma voz cavernosa, maníaca e depravada que confere uma aura libertina, luciférica e pervertida a este álbum, uma bateria abrasiva detidamente entregue a um magnetizante, entusiástico e incessante galope, e ainda um baixo murmurante, hipnótico e revigorante de linhas ondulantes, demarcadas e possantes que sombreia e oprime toda esta sobrecarregada, imunda e brumosa cavalgada esporeada pelo próprio Diabo. ‘Balls’ é um álbum conduzido sem travões. Um disco saturado de uma obscura e tenebrosa radiância que nos embalsama o olhar, prende a respiração e intimida do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se seduzir pela enigmática e singular sordidez exalada de ‘Balls’ e respondam de forma frenética a um dos álbuns mais incitantes e perturbadores de 2017.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Review: ⚡ Beastmaker - 'Inside the Skull' (2017) ⚡

Da cidade de Fresno (Califórnia, EUA) chega-nos a radiância demoníaca exalada pelo novo e segundo álbum do power-trio Beastmaker. Com o lançamento oficial agendado para o dia de amanhã – 19 de Maio – nos formatos físicos de CD e vinil pela mão do carismático selo discográfico londrino Rise Above Records, este intenso e portentoso ‘Inside the Skull’ encerra um vigoroso, inflamante e poderoso Doom Metal dissolvido num hipnótico, cerimonioso e intrigante Occult Rock de feições setentistas que nos sombreia e temoriza do primeiro ao último tema. A sua sonoridade obscura, corrosiva, dominante e luciférica – resultada de uma incrível colisão entre Black Sabbath e Alice In Chains – causa em nós um instigante, penetrante e constante fascínio que nos respira, dilata as pupilas e amotina o corpo completamente inebriado e subjugado pela inquisidora alma de ‘Inside the Skull’. Enfrentem toda esta possante, enfurecida e tirânica cavalgada nutrida por uma luxuosa e assombrosa guitarra de perversos, tenebrosos e imponentes bailados que se agiganta em monolíticos, imperiosos e majestosos riffs e se vangloria em alucinantes, vertiginosos e extravagantes solos, um baixo potente, despótico e reverberante de linhas corpulentas, sombrias e pulsantes que tonifica toda esta tensa e endiabrada marcha, uma bateria explosiva, dinâmica retumbante que galopeia com autoridade, expressividade e pujança, e ainda uns vocais diáfanos, cortantes e narcotizantes – a fazer lembrar Ozzy Osbourne – que lidera, tempera e terrifica toda a alma profana de ‘Inside the Skull’. De salientar ainda a presença de samples vocais do inigualável actor Vincent Price (figura importante das fábulas de horror clássico dos 60’s e 70's) que emprestam um feitiço extra a todo este provocante ritual. Este é um disco que nos enfeitiça com veemência e prontidão. Um álbum superiormente conduzido por uma beleza herética e magnetizante que nos abraça, enluta a alma e encaminha ao lado eclipsado da religiosidade. Entreguem a vossa alma aos místicos desígnios de Beastmaker e experienciem um dos registos mais soberanos de 2017.

domingo, 14 de maio de 2017

Review: ⚡ Stone From The Sky - 'Fuck The Sun' (2017) ⚡

Depois de no verão de 2015 ter referenciado e elogiado o álbum de estreia do power-trio francês Stone From The Sky (review aqui), hoje sinto-me compelido a repetir o enaltecimento desta feita ao seu novo álbum ‘Fuck The Sun’. Com o lançamento em formato de vinil pela mão do selo discográfico alemão PsyKa Records agendado apenas para o próximo dia 26 de Maio, a banda acabara de disponibilizar para escuta e download gratuito este novo registo em formato digital através do seu Bandcamp oficial. ‘Fuck The Sun’ segue a receita sonora experimentada com sucesso no seu antecessor ‘NGC 1976’ e presenteia o ouvinte com um ébrio, viajante, etéreo e delirante Heavy Psych de aura estelar bronzeado por um fervilhante, luminoso, empolgante e cauterizante Desert Rock. A sua sonoridade ardente, enérgica e envolvente distende-nos das mais douradas e aveludadas areias de um deserto massajado, envelhecido e desgastado pelo Sol vigilante aos mais recônditos, gélidos e solitários territórios de um Cosmos adormecido. Deixem-se hipnotizar e dissolver nas místicas e eróticas danças de uma guitarra deslumbrante que se ensoberbece em comoventes, soberanos, extasiantes e arrebatadores riffs e se supera em solos verdadeiramente alucinantes, fascinantes e sublimes. Balanceiem o vosso corpo temulento ao pulsante e reverberante som de um baixo pausado, robusto e torneado, e destravem as vossas cabeças na redentora, furiosa e emocionante perseguição a uma bateria galopante, explosiva e entusiasmante que esporeia e bombardeia toda esta admirável odisseia pelo faustoso universo de ‘Fuck The Sun’. Este é um álbum de uma beleza imaculada que nos transcende a alma numa violenta e poderosa erupção consciencial pela petrificante imensidão espacial. Sejam astronautas ao longo dos 42 minutos que compõem este ‘Fuck The Sun’ e testemunhem todo o encantamento de um dos mais belos discos lançados este ano.

sábado, 13 de maio de 2017

Review: ⚡ Soft Power - 'In A Brown Study' (2017) ⚡

Da capital finlandesa chega-nos ‘In A Brown Study’, o extraordinário novo álbum da formação escandinava Soft Power. Lançado no passado mês de Março pelo selo discográfico local Huuru Osasto Records no formato físico de vinil e baseado numa deliciosa, encantadora e harmoniosa mistura sonora – de onde sobressaem um irresistível, extasiante e primoroso Jazz, um hipnótico, requintado e caloroso Prog Rock, um fascinante, anestésico e melodioso Psych Rock, e ainda um plácido, absorvente e contemplativo Folk – este elegante, sublime e magistral registo provocara em mim a plena pacificação dos sentidos e um estádio de perpétua meditação que me abraçara e embriagara do primeiro ao último tema. A sua sonoridade intensamente tântrica convida-nos a inalar a sua deslumbrante, agradável e envolvente fragância e sobrevoar esplendorosas extensões de verdejante planura a perder de vista. Há algo de verdadeiramente mágico na refulgente e apaixonante alma de ‘In A Brown Study’ que nos entorpece e imortaliza num permanente estado de inesgotável ataraxia. Vagueiem os territórios inexplorados da vossa espiritualidade ao aromático sabor de duas guitarras prodigiosas e magnificentes que nos massajam e adornam com os seus doces, sedosos e adoráveis acordes e alucinam com os seus formosos, polidos e impressionantes solos de natureza tribalista, um baixo magnetizante de respiração vigorosa, sombreada e dançante, um saxofone uivante que se serpenteia e envaidece com destacado poder de sedução, uma voz adoçada, quente e melodiosa, e uma bateria jazzística de distinta, soberba e delicada orientação rítmica que tiquetaqueia com perícia, leveza e sublimidade todo este radioso e excepcional paraíso musical. Embrenhem-se no intenso e profundo misticismo de ‘In A Brown Study’ e sintam renovados surtos de alteridade transcendental içar-vos de encontro ao tão almejado transe. Este é um álbum que me elevara ao mais alto miradouro da religiosidade. Banhem-se neste oásis e deixem-se bronzear pela sua fuliginosa e dourada resplandecência. Um dos mais arrebatadores discos de 2017 está aqui.

Review: ⚡ Doublestone - 'Devil's Own /​ Djævlens Egn' (2017) ⚡

Da grande e populosa cidade de Copenhaga chega-nos o novo álbum da banda Doublestone designado ‘Devil's Own / Djævlens Egn’ e oficialmente lançado no passado dia 8 de Maio sob a forma física de CD e vinil pela mão do influente selo californiano Ripple Music. Este sublime power-trio dinamarquês desenvolve um corpulento, intenso e requintado Hard Rock de carácter setentista que se sombreia e agiganta num despótico, tenebroso e enigmático Proto-Doom. A sua sonoridade elegante, majestosa e intrigante provoca no ouvinte um perpétuo fascínio que o governa do primeiro ao derradeiro tema. São 36 minutos saturados de uma tirânica, luxuosa e instigante cavalgada que nos assola e arrebata sem qualquer moderação. Recostem-se confortavelmente, dilatem as pupilas e sintam prolongadas suspensões da respiração ao ritualístico som de uma portentosa e soberana guitarra que se amuralha em imponentes, sumptuosos e torneados riffs e se transcende em extasiantes, hipnóticos e delirantes solos, um baixo dançante e reverberante de linhas envolventes, carregadas e oscilantes, uma bateria galopante de acrobacias entusiásticas, habilidosas e fulgurantes, e ainda uma voz gélida, incisiva e destemperada que se passeia, envaidece e desmarca na exuberante, harmoniosa e encantadora atmosfera de ‘Devil's Own / Djævlens Egn’. Este é um álbum que me conquistara e enfeitiçara à primeira audição. Um disco tremendamente influente que nos comanda do primeiro ao último minuto. Deixem-se absorver pela poderosa e dominadora alma de Doublestone e vivenciem um dos mais notáveis e atraentes álbuns nascidos em 2017.