sábado, 31 de março de 2018

🎬 Cinema de Janeiro, Fevereiro & Março

Curse of the Crimson Altar (1968) de Vernon Sewell   ★★★☆☆
The Blood on Satan's Claw (1971) de Piers Haggard   ★★☆☆☆
La Loi du Marché (2015) de Stéphane Brizé   ★★★☆☆
They Live (1988) de John Carpenter   ★★★★☆
The Gate (1987) de Tibor Takács   ★★★☆☆
Dracula (1992) de Francis Ford Coppola   ★★★★☆
Stranger Things S02 (2017) de Matt Duffer & Ross Duffer   ★★★★★
Medusalodoom - Rock Chapado Brasileiro (2018) de Renan Casarin   ★★★★☆
Black Mirror S04 (2017) de Charlie Brooker   ★★★★★
Dunkirk (2017) de Christopher Nolan   ★★★★☆
The Man from Earth: Holocene (2017) de Richard Schenkman   ★★★☆☆
Mindhunter S01 (2017) de Joe Penhall   ★★★★★
Anomalisa (2015) de Duke Johnson & Charlie Kaufman   ★★★★☆
The Punisher S01 (2017) de Steve Lightfoot   ★★★★★
I Love You, Alice B. Toklas! (1968) de Hy Averback   ★★★☆☆
Lo Voglio Morto (1968) de Paolo Bianchini   ★★★☆☆
Tanzträume (2010) de Rainer Hoffmann & Anne Linsel   ★★★★☆
Wormwood S01 (2017) de Errol Morris   ★★★★★
Peaky Blinders S04 (2017) de Steven Knight   ★★★★★
A Most Violent Year (2014) de J. C. Chandor   ★★★★☆
Texas Across the River (1966) de Michael Gordon   ★★☆☆☆
The War Wagon (1967) de Burt Kennedy   ★★★★☆
Bend of the River (1952) de Anthony Mann   ★★★★★
Backlash (1956) de John Sturges   ★★★★☆
The Rare Breed (1966) de Andrew V. McLaglen   ★★★☆☆
Tell Them Willie Boy Is Here (1969) de Abraham Polonsky   ★★★☆☆

Review: ⚡ Kamala - 'Radial Perception' (2018) ⚡

Depois de uma estreia tão promissora – com o lançamento do seu EP homónimo (review aqui) no passado ano de 2017 – eis que a banda germânica Kamala acaba de materializar todas as minhas expectativas a ela dedicadas com a tão esperada apresentação do seu primeiro álbum ‘Radial Perception’. Lançado muito recentemente nos formatos de digital e CD (numa edição ultra-limitada a apenas 100 cópias físicas existentes) através da sua página oficial de Bandcamp, esta jovem formação situada na cidade de Leipzig tem em ‘Radial Perception’ um maravilhoso álbum climatizado por um radiante, simpático e tranquilizante psicadelismo com indiscretos laivos revivalistas que nos remetem para o carismático solo setentista. Baseado num perfumado, colorido, desinibido e delicado Psych Rock de textura étnica em adorável consonância com um contemplativo, risonho e lenitivo Folk de essência primaveril e ainda um quente, agitado e entusiasmante Funk, este ‘Radial Perception’ causara em mim toda uma sensação epicurista que me envolvera e adornara ao longo dos sete temas que o povoam. São cerca de 50 minutos saturados de uma beleza transbordante que nos namora e extasia com intensa sublimidade. Deixem-se inebriar pela etérea maviosidade de Kamala ao hipnótico som de duas guitarras deslumbrantes que se entrelaçam em acordes melosos, agradáveis, afáveis e charmosos e se afastam em serpenteantes, fascinantes, veneráveis e desarmantes solos, um baixo groovy de reverberação oscilante, robusta e dançante, uma bateria comovente de soberba orientação rítmica que se conduz a exuberância, ligeireza e elegância, um saxofone imensamente encantador de sedosos, atraentes e voluptuosos uivos, e ainda uma voz suavizante, extrovertida e tranquilizante que conjuga na perfeição com toda a sumptuosidade patenteada pelo restante instrumental. Este é um álbum embebido num edénico misticismo que nos desperta e liberta a líbido. Deixem-se absorver pela esplendorosa e desarmante harmonia de ‘Radial Perception’ e vivenciem com total submissão e devoção um dos mais prazerosos álbuns nascidos até ao momento em 2018.

Review: ⚡ Cosmic Fall - 'In Search Of Outer Space' (2018) ⚡

O power-trio germânico Cosmic Fall prepara-se para apresentar o terceiro e renovado capítulo da sua envolvente expedição galáctica. ‘In Search Of Outer Space’ é o natural sucessor de ‘First Fall’ (review aqui) e ‘Kick Out The Jams’ (review aqui) e no próximo dia 30 de Março será lançado oficialmente em formato digital e ainda em formato físico de CD (numa edição limitada a 500 cópias existentes) através da página de Bandcamp da banda. Para além dos formatos anteriormente referidos, está também pensado e agendado para o dia 30 de Maio o lançamento de uma edição física em vinil (que poderá ser reservada a partir de dia 30 de Abril). Este novo e terceiro álbum da formação sediada na cidade-capital de Berlim aventura-se pelo lado sideral de um fascinante, meditativo, imaginativo e inebriante Psych Rock que nos seduz e mergulha nas vertiginosas e majestosas profundezas do negrume cósmico. Essencialmente fundamentado em delirantes, incríveis e estimulantes jams de propulsão astral, este ‘In Search Of Outer Space’ guia-se numa sonoridade relaxante, hipnótica e deslumbrante – resultada da fusão entre o Space Rock e o Psych Rock – que nos exorciza a alma e a prende na sua órbita gravitacional ao longo de toda a extensão temporal do álbum. Empoeirem-se na intoxicante misticidade espacial de Cosmic Fall à edénica boleia de uma guitarra liderante que se manifesta em riffs intrigantes, encantadores e cativantes e se transcende em solos arrebatados, alucinógenos e desvairados, uma voz contemplativa, translúcida e distante que se esconde na nebulosidade instrumental, um baixo coeso de linhas pulsantes, dinâmicas, obscuras e dançantes, e uma bateria diligente, harmoniosa e ecoante que tiquetaqueia, empola e norteia toda esta embarcação de velas içadas pelos lisérgicos oceanos que mareiam o Cosmos. Este é um álbum imensamente fascinante que nos arrasta consigo na colonização do Universo. Um disco de propriedades verdadeiramente anestésicas extasiantes que nos envolve num ataráxico abraço e nos eleva na direcção dos mais distantes e secretos astros. Sintam-se astronautas do vosso Cosmos interior ao longo dos 42 minutos de ‘In Search Of Outer Space’ e testemunhem toda a etérea ascensão a um pleno e imperturbável estádio de transe.

Review: ⚡ Astral Blue - 'Out of the Astral Blue' (2018) ⚡

Da cidade de San Marcos (Texas, EUA) chega-nos o maravilhoso álbum de estreia da jovem formação Astral Blue. Lançado no passado dia 24 de Março em formato digital e de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este ‘Out of the Astral Blue’ prende um fascinante, perfumado, harmonioso e extasiante Psych Rock de ares revivalistas, envolvido e conduzido por um dançante, hipnótico e apaixonante Prog Rock. A sua sonoridade de fragância primaveril – fielmente resgata do carismático psicadelismo sessentista – tem o dom de nos absorver num perfeito e anestésico estádio de deslumbramento, enlevo e relaxamento que nos abraça e climatiza do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 36 minutos governados por uma radiosa e estarrecedora ternura sonora que nos deleita e seduz. Estes quatro hippies da era moderna têm em ‘Out of the Astral Blue’ um registo verdadeiramente sensacional que certamente erguerá os polegares de todos os apaixonados pela majestosidade musical florescida nas douradas décadas de 60 e 70. Banhem-se na edénica resplandecência de Astral Blue ao inebriante som de uma guitarra detidamente entregue a acordes mélicos, sumptuosos e magnéticos que se desmancham e desaguam em narcotizantes, mágicos e alucinantes solos, um baixo murmurante de linhas densas, sombreadas, robustas e ondulantes, uma soberba bateria de orientação jazzística movida a um toque refinado, astuto, leve e inventivo, um prestigioso órgão Hammond  de extravagantes, admiráveis e estonteantes bailados, e ainda uns vocais límpidos, joviais e delicados que complementam na perfeição toda esta esplêndida simbiose musical. Este é um álbum produzido a sublimidade, elegância e emoção. Um disco detentor de uma beleza onírica e singular, capaz de canonizar a alma de quem nele se refugiar. Bronzeiem-se na sagrada refulgência de ‘Out of the Astral Blue’ e vivenciem com total entrega e veneração um dos registos mais agradáveis de 2018.

Review: ⚡ Cleõphüzz - 'Wizard of Phüzz' EP (2018) ⚡

Da pequena e pacata localidade de Ville-Marie (Québec, Canadá) chega-nos o irresistível EP de estreia da jovem banda Cleõphüzz. Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 30 de Março em formato digital via Bandcamp e ainda em formato físico de cassete (numa edição ultra-limitada a apenas 100 cópias existentes) através da parceria local KeepHope Productions / La Grotte Records, este ‘Wizard of Phüzz’ remete o ouvinte para uma envolvente, sagrada e deslumbrante travessia por um deserto ondulado e penteado por imponentes, sedosas e douradas dunas, massajado por uma vagueante, suave e revitalizante brisa soprada pelo Cosmos bocejante, e bronzeado e calejado por um vigilante, intenso e fulgurante Sol perpetuamente debruçado no firmamento. A sonoridade mântrica difundida por este fascinante power-trio canadiano passeia-se por um místico, arrebatador e edénico Psych Rock – de natureza contemplativa e cinematográfica – com indiscretas aproximações a um possante, saturado e fervilhante Desert Rock à boa moda dos 90’s. São cerca de 28 minutos – repartidos pelos quatro temas que o habitam – aureolados por uma sublimidade que nos desarma, namora e conquista com tremenda facilidade. Testemunhem toda esta epifania desértica majestosamente rezada por Cleõphüzz e deixem-se submergir e inebriar pelas mágicas e nirvânicas danças de duas guitarras espirituais que se ostentam em hipnóticos, religiosos, exóticos e formosos riffs e se esperneiam ao longo de solos intoxicantes, alucinógenos e estonteantes, uma bateria ardente movida a ritmicidade, vigor e emotividade, uma voz picante, áspera, enérgica e flamejante, e ainda a carismática presença de um penetrante, requintado e comovente violoncelo que sobrevoa harmoniosamente a atmosfera ritualística de um dos temas deste EP. E se a paradisíaca musicalidade de ‘Wizard of Phüzz’ tem o dom de rejubilar e canonizar a alma de quem nele ancorar a sua atenção, o extraordinário artwork de contornos faraónicos – superiormente ilustrado pela artista francesa Tessa Najjar – promete dilatar e cativar as pupilas de quem o comungar com o olhar. Soterrem os pés nas quentes e aveludadas areias do deserto, agigantem-se e cabeceiem as mais distantes e berrantes fornalhas estelares, e dissolvam-se na terapêutica mansidão deste EP. Estamos mesmo na agradável presença de um verdadeiro oásis sonoro que no final do ano estará certamente perfilado por entre os melhores registos nascidos em 2018.