quinta-feira, 5 de julho de 2018

Review: ⚡ Domadora - 'Lacuna' (2018) ⚡

O já célebre tridente ofensivo francês Domadora está de regresso com ‘Lacuna’, o terceiro e renovado capítulo da sua desarmante, fabulosa e impactante odisseia – já iniciada no ano de 2013 com o álbum de estreia ‘Tibetan Monk’ (review aqui) e progredida em 2016 com o seu sucessor ‘The Violent Mystical Sukuma’ (review aqui) – pelo deslumbrante e empolgante universo do Heavy Psych. Lançado no final do passado mês de Junho através da sua página oficial de Bandcamp em formato digital e sob a forma física de CD, ‘Lacuna’ presenteia os apóstolos – e potenciais futuros seguidores – desta formação sediada na cidade-capital de Paris com as suas explosivas, eróticas, caóticas, atordoantes e inventivas jam’s de clara propensão cósmica que nos sacodem, euforizam e violentamente arremessam na vertiginosa direcção dos astros. A sua sonoridade intoxicante, fogosa, portentosa e extasiante – influenciada pelo lado mais sideral, místico e alucinógeno do psicadelismo musical – causa no ouvinte uma firme e incontrariável sensação de entusiasmo, arrebatamento e obsessão que o envolve, intriga, magnetiza e atesta de uma poderosa dosagem de adrenalina. ‘Lacuna’ é toda uma estonteante boleia sonora – soberbamente nutrida e conduzida pela banda parisiense – que nos deixa sem fôlego, de alma em combustão e coração a rufar. Embarquem nesta alucinante montanha russa que vos viajará e dissipará a lucidez pela incomensurável espacialidade, ao som de uma guitarra xamânica que se enfurece em riffs contagiantes, destravados, ritmados e excitantes e se perde e encontra por entre solos delirantes, labirínticos, inflamados e atordoantes, um baixo pulsante, robusto, torneado e vibrante que agarra firmemente o riff base de cada tema, e uma bateria incisiva, fulgurante, incandescente e criativa que esporeia, empola e incendeia toda esta vulcânica e libertadora erupção de epinefrina. ‘Lacuna’ é um álbum banhado num edénico misticismo que canoniza e eteriza todo aquele que nele comungar. Sintam-se ascender – numa sagrada levitação promovida pelos Domadora – aos tão almejados domínios do transe espiritual e mergulhem numa profunda hipnose capaz de nos anestesiar, embriagar e despistar a lucidez. Um dos mais marcantes álbuns erigidos em 2018 está aqui, na encantadora, enlouquecedora e irresistível essência de ‘Lacuna’. Regozijem-se nele.

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