sexta-feira, 13 de julho de 2018

Review: ⚡ Jack Harlon & The Dead Crows - 'Hymns' (2018) ⚡

Da cidade australiana de Bendigo (localizada no estado de Victoria) chega-nos ‘Hymns’, o prodigioso álbum de estreia da fascinante formação Jack Harlon & The Dead Crows. Lançado muito recentemente em formato físico de vinil (numa edição ultra-limitada a 250 cópias existentes) e em formato digital através da sua página oficial de Bandcamp, este primeiro trabalho de longa duração vem embebido num carnavalesco sortido de sonoridades de onde sobressai um delirante, ácido e intoxicante Heavy Psych, um quente, enigmático e dançante Surf Rock, um vigoroso, atraente e ostentoso Heavy Blues e ainda um nebuloso, morfínico e pantanoso Psych Doom. Um álbum composto por uma narrativa complexa, mas imensamente progressiva e cativante, que se desenvolve de um reluzente, bronzeado e ofuscante deserto calejado pelo Sol vigilante ao mais profundo e vertiginoso negrume do solo cósmico. Acompanhem esta encantadora digressão destes quatro cowboys de coldre desapertado e instrumentos empunhados, e deixem-se empoeirar e sublimar pela misticidade western’eana que climatiza a ambiência sonora de ‘Hymns’. É de pés descalços atravessando longos desertos de areias aveludadas, fervilhantes e laranjadas, e cabeceando os mais longínquos astros perpetuados na imensa vacuidade do território sideral que nos passeamos e deslumbramos ao longo deste majestoso álbum. Deixem-se enlevar e intoxicar pelos exuberantes, coloridos e extravagantes bailados de duas guitarras embriagadas que vomitam solos borbulhantes, alucinógenos e trepidantes, e se amuralham na criação de intrigantes, extraordinários e inflamantes riffs. Pendulem o vosso corpo pesado e temulento na instintiva resposta à reverberante ondulação exalada de um baixo detidamente entregue a linhas sussurrantes, robustas, densas e absorventes. Desatem a vossa cabeça embaciada à redentora boleia de uma bateria soberbamente movida a potência, dinamismo e efervescência, e deixem-se desmaiar e mergulhar na penetrante toxicidade trazida à tona desta intensa narcose por uma voz ecoante, distorcida, avinagrada e hipnotizante. De destacar ainda pela positiva o burlesco e colorido artwork – a fazer lembrar a arte que tão bem maquilha e embeleza os dois álbuns da saudosa banda canadiana Quest For Fire – brilhantemente pintado pelo inconfundível e inimitável Adam Burke. Este é um álbum tremendamente encantador que nos mantém a ele atrelados do primeiro ao derradeiro tema. Uma verdadeira hipnose na qual escorregamos e dificilmente regressamos. Um dos meus álbuns favoritos de 2018 está aqui, na arrebatadora e lodacenta alma de ‘Hymns’. Sujem-se na sua viscosa magia.

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