terça-feira, 29 de setembro de 2020

🎂 59 years of Scott "Wino" Weinrich (29/09/1961)

🎂 72 years of Mark Farner // Grand Funk Railroad (29/09/1948)

⚜️ Mike Rutherford // Genesis

Review: ⚡ La Maschera di Cera - 'S.E.I.' (2020) ⚡

★★★★

Proveniente da cidade portuária de Génova (situada no norte de Itália) chega-nos o profético misticismo superiormente musicado pelo talentoso e espirituoso tridente La Maschera Di Cera com o lançamento do seu novo álbum apelidado de ‘S.E.I.’ (acrónimo de Separazione / Egolatria / Inganno) sob a forma digital através da sua página de Bandcamp oficial e ainda nos formatos físicos de CD e vinil pela mão da sua compatriota AMS Records. Descendentes de um carismático legado principiado e perpetuado por nobres referências locais tais como Premiata Forneria Marconi, Il Balletto di Bronzo, Nuova Idea e Museo Rosenbach, esta maturada e fascinante formação itálica faz de um extravagante, burlesco, principesco e apaixonante Progressive Rock de semente setentista a sua estrela orientadora. Arejada ainda por uma requintada fragância Jazzística de sotaque Canterbury’eano e ensolarada por um contemplativo Folk de estética pastoril e clima primaveril, a magistral, sonhadora, inspiradora e cerebral sonoridade de ‘S.E.I.’ passeia-se simbiótica e luxuriosamente por aventurosas, complexas, enfeitiçantes e ambiciosas composições envernizadas a uma beleza fabular e desdobradas com base numa versatilidade lapidar. São 45 minutos atestados de uma instigante, enigmática, dramática e triunfante epopeia – segmentada por três espaçosas e formosas melodias de adornos e contornos seráficos – que me intrigara, comovera e cegara com a sua lustrosa opulência. Na génese de toda esta imaginativa obra-prima está uma voz aristocrática, aveludada e simétrica de entoação fortemente realçada, um hipnótico baixo de reverberação canalizada em linhas flutuantes, pitorescas e pulsantes, uma circense bateria maquinada a precisas, impactantes e inventivas acrobacias, um envolvente teclado de notas saltitantes, frescas e deslumbrantes, um uivante saxofone de sopros enfáticos, exóticos e melodramáticos, uma serpenteante flauta de pérsicos, esfíngicos e romanescos bailados, e ainda um cósmico e sinfónico mellotron de empolados mugidos melancólicos. Percam-se e encontrem-se pelos meandros desta épica, esdrúxula e quimérica sinfonia irrepreensivelmente lavrada por La Maschera Di Cera, e vivenciem a gloriosa, pomposa e sofisticada renascença do saudoso Prog Rock amassado, enfarinhado e condimentado à boa e singular moda italiana. ‘S.E.I.’ é um imponente registo de sublimidade consumada que está irremediavelmente fadado a firmar-se num invejado lugar de destaque por entre os melhores álbuns nascidos em 2020.

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 AMS Records

domingo, 27 de setembro de 2020

🎗 Cliff Burton (10/02/1962 - 27/09/1986)

🌺 Frank Zappa

Review: ⚡ Rollin' Dice - 'Reroll' (2020) ⚡

★★★★

Da histórica cidade-capital de Atenas (Grécia) chega-nos o novo e segundo álbum do fantástico tridente Rollin' Dice. Denominado de ‘Reroll’ e acabado de ser integralmente lançado sob a forma digital através da sua página de Bandcamp oficial, bem como numa estética e muito apelativa edição física em CD, este majestoso registo conserva toda uma carismática aura vintage – fielmente resgatada ao território setentista – de onde facilmente se identifica e apalada um musculado, oleoso, fogoso e aprumado Heavy Rock em erótica harmonia com um dançante, entusiástico, afrodisíaco e contagiante Blues Rock. A sua musicalidade aromatizada e chamejada a inesgotáveis vistosidade, simetria e sensualidade é desdobrada e ostentada ao longo de 38 minutos que sacodem e revolvem o ouvinte numa eufórica comoção experienciada sem a mais pequena réstia de inibição. De olhar apaixonado e semicerrado, sorriso perpetuado no rosto, cabeça baloiçada de ombro a ombro, e espírito seduzido e intensamente arrebatado, somos perseguidos e facilmente capturados pela provocante e incessante sedução de Rollin’ Dice. Cravem os dentes no lábio inferior e revirem os olhos de encontro ao território eclipsado que se esconde por detrás das pálpebras à boleia de uma guitarra maravilhosa de pronúncia Led Zeppelin’esca que se envaidece na ascensão de luxuosos, excitantes e imperiosos Riffs fervidos e eletrocutados em efeito Fuzz, e na virtuosa condução de trepidantes, excêntricos e ziguezagueantes solos, um fibroso baixo de linhas desenhadas e bafejadas a densa, tensa e ondulante reverberação, uma bateria explosiva de ritmicidade galopante, entusiasmante e altiva, e uma liderante voz de feição ácida, melódica e intrigante que capitaneia com imponente extravagância toda a opulência reflectida por um álbum emoldurado a contornos épicos. De destacar ainda o esplêndido artwork – de créditos apontados ao ilustrador helénico Jon Toussas (aka Graphicno Jutsu) e influência trazida do renomado e extraordinário artista checo Alphonse Mucha – que confere ao disco uma sublimada ambiência de cariz fabular. ‘Reroll’ é um álbum imensamente apaixonante que me fascinara e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se enfeitiçar e derrotar pela sua distinta classe, e vivenciem com inteira submissão e intratável devoção uma das mais singulares surpresas sonoras do ano.

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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

🎂 48 years of Black Sabbath - 'Vol. 4' (25/09/1972)

🎗 John Bonham // Led Zeppelin (31/05/1948 - 25/09/1980)

Review: ⚡ SpellBook - 'Magick & Mischief' (2020) ⚡

★★★★

De York – cidade localizada no estado norte-americano da Pensilvânia – chega-nos a feitiçaria negra destilada pelo dinâmico e tirânico quarteto SpellBook com o lançamento do seu novo álbum intitulado de ‘Magick & Mischief’ e devidamente promovido sob o signo do influente selo discográfico romano Cruz Del Sur Music através dos formatos físicos de CD e vinil. Assombrada por um intrigante, combativo, altivo e atemorizante Proto-Metal de massivas ressonâncias Black Sabbath’icas e aliado a um imperioso, principesco, titânico e ostentoso Classic Rock de tração setentista, a expressiva, invasiva e gloriosa sonoridade destes quatro cavaleiros do apocalipse é orientada por clássicas influências trazidas dos dourados anos 70 como Thin Lizzy, Scorpions, Judas Priest, Blue Öyster Cult, KISS e Deep Purple. Num admirável, adorável e impactante equilíbrio entre destravadas, fogosas e portentosas galopadas locomovidas a esporas sangrentas e rédeas soltas, e melódicas, vampíricas, funestas e melancólicas baladas de beleza nocturna, SpellBook opera toda uma demoníaca liturgia de veneradas orações apontadas ao lado eclipsado e obsceno da religiosidade. De olhar embaciado, semblante empalidecido, respiração aprisionada e espírito integralmente siderado, somos envolvidos e revolvidos nesta ocultista cerimónia de ‘Magick & Mischief’ sob o enigmático e influente feitiço de uma guitarra draconiana que se manifesta em Riffs dominantes, trevosos, majestosos e hipnotizantes de onde se serpenteiam e alardeiam faustosos, rebuscados, inspirados e virtuosos solos, um possante baixo de brumosos, densos, tensos e fibrosos bafejos, uma reinante bateria de pratos explosivos e timbalões retumbantes, uma profética, luciférica, decrépita e avinagrada voz de tonalidade Ozzy’esca, e – ainda que num plano secundário no que à predominância diz respeito – um dramático teclado de notas lutuosas e profanas, e uma revitalizante harmónica de arejados e extravagantes sopros. Deixem-se atropelar e empoeirar pelo obscuro misticismo de SpellBook e dissolvam-se neste fervilhante, ácido e borbulhante caldeirão inundado e condimentado a pecaminosa perversidade. Não vai ser nada fácil quebrar este bruxedo e despertar de um álbum que seguramente estará perfilado por entre os melhores registos do ano.

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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

👽 Al Cisneros // SLEEP

🎬 Crumb (1994, Terry Zwigoff)

Review: ⚡ Melody Fields - 'Broken Horse' EP (2020) ⚡

★★★★

Da cidade de Gotemburgo (Suécia) – domicílio de célebres bandas como Horisont, Hills e Yuri Gagarin – chega-nos a apaladada brisa nórdica sublimemente suspirada pelo apaixonante sexteto Melody Fields, com a exposição do seu novíssimo EP intitulado de ‘Broken Horse’ e lançado nos formatos físicos de CD (pela mão da discográfica grega Sound Effect Records) e vinil (através do jovem selo sueco Coop Records Gotland). Farolizada por um deslumbrante, caleidoscópico e radiante Psychedelic Rock, um lenitivo, repetitivo e enfeitiçante Krautrock, e ainda um bucólico, alucinógeno e melancólico Acid Rock, a lisérgica, meditativa e profética sonoridade de ‘Broken Horse’ é condimentada a especiarias orientais e revestida a um misticismo de atmosfera vintage que me fizera escorregar pelas labirínticas profundezas do universo onírico, e sobrevoar os corados céus da velha Pérsia montado num tapete mágico. Com claras influências estilísticas apontadas aos seus velhos e consagrados compatriotas Träd, Gräs och Stenar, este colectivo escandinavo transuda inebriantes ressonâncias xamânicas que nos prazenteiam o espírito, adormecem a lucidez e balanceiam o corpo como que uma serpente Naja respondendo numa compenetrada e extravagante dança às hipnotizantes movimentações da flauta indiana. São 19 minutos de imersiva sedução que nos embala num imperturbável estádio de febril meditação. Embarquem nesta sagrada digressão pelas bronzeadas e aveludadas dunas que mareiam os desertos da alma à purificante boleia de três guitarras fabulosas que se cruzam em acordes arenosos, imaginativos e majestosos, e descruzam em solos uivantes, ácidos e atordoantes, uma cítara messiânica de afrodisíacos, ornamentados e arábicos bailados, um baixo murmurante de linhas pausadas, relaxadas e magnetizantes, uma bateria tribalista de galope envolvente, descontraído e desembaraçado, e vocais sedosos, espectrais e luminosos que banham de brilho, delicadeza e melosidade toda esta exótica tapeçaria. Contando ainda com um clima West Coast que remete o ouvinte para o idílico verão californiano de Sol reluzente, céu pincelado a azul-turquesa e uma salgada brisa oceânica, ‘Broken Horse’ é um EP verdadeiramente ataráxico que me deixara levemente embriagado e ancorado num inamovível estádio de pleno bem-estar. Um registo de curta duração, mas prolongada veneração, tingido a uma estival refulgência de tonalidade crepuscular e preciosamente musicado a uma estética de ambiência fabular. Demasiado fácil namorá-lo e em nós imortalizá-lo.

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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

🎗 Jimi Hendrix (27/11/1942 - 18/09/1970)

🔌 Hazemaze - 'The Paranoid Sessions' (2020)

🎂 50 years of Black Sabbath - 'Paranoid' (18/09/1970)

Review: ⚡ Fooks Nihil - 'Fooks Nihil' (2020) ⚡


★★★

Domiciliado na cidade de Wiesbaden (Hesse, Alemanha), o jovem power-trio germânico Fooks Nihil acaba de desabrochar uma das mais agradáveis surpresas sonoras do presente ano. Integralmente lançado hoje mesmo nos formatos físicos de CD e vinil pela mão da histórica editora local Unique Records, este seu fabuloso álbum de estreia vem ensolarado, afagado e apaladado por um deslumbrante, luminoso, cheiroso e apaziguante Psychedelic Rock de roupagem sessentista e clima West-Coast, um reconfortante, bucólico, caleidoscópico e extasiante Indie Rock tingido a dourado revivalismo californiano, e ainda um ritmado, pastoril, bem-disposto e troteado Country Rock de doce fragância primaveril. Resultante de uma bem-sucedida intersecção que combina carismáticas influências germinadas na segunda metade dos irreverentes 60’s tais como The Byrds, Crosby, Stills & Nash e Neil Young, a purificante, singela e apaixonante sonoridade de ‘Fooks Nihil’ prende uma nostálgica ambiência sublimemente musicada que me remete para as aventurosas e inimitáveis explanações líricas de Jack Kerouac (um dos mais influentes líderes do revolucionário movimento literário comummente apelidado de Geração Beat, e o meu escritor de eleição). De olhar levemente embriagado, pálpebras semi-cerradas, sorriso destapado por entre bochechas rosadas, e cabeça detidamente entregue a um pausado movimento pendular que a ricocheteia de ombro a ombro, somos sedados, maravilhados e levados pelas sinuosas estradas, bronzeadas pelo chamejante Sol poente e temperadas pela fresca brisa salgada suspirada pelo Oceano Pacífico, que percorrem toda a costa californiana. De ouvidos salivantes, sentidos sedados e alma intensamente fascinada, o ouvinte é diluído num sempiterno estádio de purificante nirvana que o massaja e prazenteia do primeiro ao derradeiro tema. São 40 minutos tricotados e adornados a uma ternura verdadeiramente paradisíaca e enternecedora. Uma diluviana catarse que me recostara a um verdadeiro oásis sensorial e saciara um espírito ávido por experienciar algo assim. De velas içadas ao sabor de uma guitarra sonhadora que se manifesta em envolventes, sumptuosos e eloquentes acordes de beleza fabular e ácidos, efervescentes e delirados solos de elevada toxicidade, um hipnótico baixo murmurado a linhas flutuantes, graciosas e dançantes, uma primorosa bateria esporeada a um toque brilhante, polido e pensado, um majestoso teclado de ostentosos, intumescidos e gloriosos bailados, um uivante Pedal Steel de arrepiantes, melosos e atordoantes arranjos, e uma voz verdadeiramente harmoniosa, amistosa e sedutora – perseguida de perto por um espectral coro vocal – que capitaneia toda esta maravilhosa obra, ‘Fooks Nihil’ zarpa rumo aos melhores dos melhores álbuns nascidos em 2020. De destacar ainda o prismático artwork cuidadosamente ilustrado pela artista Joyce Abrahams que delineia e maquilha na perfeição o rosto desta irretocável obra-prima. Percam-se e encontrem-se por entre a lívida luzência e deífica magnificência que farolizam todo o corpo temporal desta imaculada estreia, e testemunhem com inesgotável admiração a ataráxica lubricidade transpirada por estes três talentosos jovens alemães. Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui. Empoeirem-se na sua etérea e diamantina sagacidade.

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 Unique Records

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

☯ Jimi Hendrix

🌈 David Bowie

Review: ⚡ Hadron - 'Evil Lady' (2020) ⚡


★★★★

Proveniente da cidade de Odense (localizada na Dinamarca) chega-nos a enigmática liturgia emoldurada e adornada a (ir)reverência ocultista superiormente celebrada pelo quarteto nórdico Hadron com o lançamento do seu novo álbum designado de ‘Evil Lady’. Apresentado na segunda metade do passado mês de Agosto sob a exclusiva forma digital através da sua página de Bandcamp oficial – ainda que com a garantia de um futuro lançamento em vinil agendado para o Inverno que se avizinha – esta nova obra forjada pela formação escandinava vem lavrada, pincelada e ensombrada por um galopante, luciférico, dramático e magnetizante Heavy Metal de estética tradicionalista, e um imperioso, sombreado, encorpado e lutuoso Doom Metal de revivalismo trazido dos dourados 70’s que nos horripilam o espírito, dilatam as pupilas, empalidecem o semblante e profanam a religiosidade. A sua perturbadora sonoridade de feições tenebrosas, densas, tensas e pecaminosas – pesadamente bafejada a ressonâncias Candlemass’icas – tem o dom de prontamente nos converter em seus devotos discípulos. Na génese de todo este nebuloso, soberano, tirano e poderoso ritual está uma vampírica voz de compleição enregelada, penetrante, melódica e avinagrada que sobrevoa os amaldiçoados trilhos desbravados por uma guitarra pagã de Riffs chamejantes, majestosos, gordurosos e intrigantes, obscurece na tóxica reverberação ronronada por um sinistro baixo conduzido a linhas possantes, pulsantes e sólidas, e cavalga às costas de uma bateria trovejante que – a trote de uma ritmicidade altiva, precisa e inflamante – tiquetaqueia todo este monolítico, hediondo e apocalíptico negrume numa impactante e triunfante galopada. São 44 minutos de um imperturbável, intenso e perdurável arrebatamento que nos embalsama membros e sentidos. Deixem-se ceifar, estremecer e enfeitiçar pelo reinante esoterismo que reveste todo este ‘Evil Lady’, e testemunhem todo o trevoso esplendor de um álbum integralmente oxigenado a purificante obscurantismo. Não vai ser nada fácil quebrar o feitiço de Hadron e reaver a luzência que nos fora soprada e desbotada por estes quatro monges de alma eclipsada.

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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

🎗 Diana Rigg (1938-2020)

🌕 Night - "Under the Monnlight Sky" (2020, The Sign Records)

Review: ⚡ Night - 'High Tides - Distant Skies' (2020) ⚡

Da histórica cidade de Linköping (Suécia) chegam-nos os ares nórdicos baforados pelo quarteto Night com o lançamento do seu novíssimo álbum ‘High Tides - Distant Skies’ nascido hoje mesmo pela mão do influente selo discográfico escandinavo The Sign Records em formato digital, CD e vinil. Regido por um cheiroso, oleado, condimentado e charmoso Classic Rock de evocação setentista aliado a um imperioso, melódico, dinâmico e majestoso N.W.O.B.H.M. (acrónimo de New Wave of British Heavy Metal), e a um prepotente, musculado, sombreado e imponente Proto-Metal, este fresco álbum de Night prende uma enfeitiçante aura que me oxigenara e deslumbrara do primeiro ao derradeiro tema. A sua intrigante, refinada, bem-vestida e contagiante sonoridade – conjugada no pretérito e locomovida a carismática nostalgia – é desdobrada e sintonizada nas mesmas frequências estilísticas de vultosas bandas tais como Scorpions, Boston, Blue Öyster Cult, Judas Priest, Thin Lizzy e até Dire Straits. Tendo a segunda metade da década de 1970 e a primeira metade da década de 1980 como suas estrelas orientadoras, esta formação que faz do passado o seu presente e futuro prima pelas melodiosas, triunfantes e luxuriosas composições – tecidas e forradas a uma exuberante atmosfera de estirpe vintage – que prontamente deslocam o ouvinte para um imperturbável saudosismo que o prenderá e nebulizará ao longo dos seus 36 minutos de duração. Tricotado por duas afrodisíacas guitarras gémeas que se envaidecem na ascensão de em altivos, ostentosos, fogosos e combativos Riffs e entontecem na condução de solos tocantes, épicos, estéticos e atordoantes, ronronado por um possante baixo reverberado a linhas pulsantes, fibrosas, umbrosas e ondeantes, tiquetaqueado por uma enérgica bateria pontapeada a uma ritmicidade desembaraçada, criativa, precisa e sofisticada, sulfatado por um harmonioso teclado de notas refrescantes, dançantes, maviosas e saltitantes, e sobrevoado por uma voz liderante de feição afinada, melodiosa, veludosa e aprumada, ‘High Tides - Distant Skies’ balanceia-se por entre destravadas cavalgadas esporeadas à rédea solta e plácidas baladas de beleza crepuscular. Num admirável equilíbrio entre a cálida rudeza e a sublimada delicadeza, a sedutora musicalidade de Night provocara em mim um intenso estádio de perdurável encantamento. Deixem-se enternecer, aromatizar e embevecer pela doce e lúcida nostalgia soberbamente musicada em ‘High Tides - Distant Skies’, e desfrutem de toda esta fabulosa viagem temporal aos mais cintilantes anos da Música.

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 The Sign Records

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

🤠 Sheverb - "Buried in the Sand" (2020)

Review: ⚡ Sheverb - 'Once Upon a Time in Bombay Beach' (2020) ⚡

Do deserto californiano (mais concretamente – e como o seu nome assim o sugere – da região semi-abandonada de Bombay Beach) chega-nos este Western sublimemente musicado pela formação texana Sheverb. Consequência da sua permanência de um mês nestas ruínas à beira-mar plantadas, ‘Once Upon a Time in Bombay Beach’ espelha todo o misticismo desértico que o quinteto natural de Austin inalara e assimilara. Lançado no final do passado mês de Agosto sob a exclusiva forma digital através do seu Bandcamp oficial, este renovado trabalho de Sheverb vem velejado por um imersivo, arejado, ornamentado e inventivo Surf Rock, bronzeado por um deslumbrante, veraneio, tropical e tranquilizante Psychedelic Rock e ainda condimentado por um dançante, fogoso, libidinoso e contagiante Tex-Mex Music que prontamente nos remete para os poeirentos cenários cinematográficos desdobrados e capitaneados pelo carismático realizador italiano Sérgio Leone. Situada numa intersecção que combina a melodiosa brisa desértica de uns Spindrift com o afrodisíaco exotismo de fragância latina transudado pelos Mariachis norte-americanos Calexico e a revitalizante bafagem oceânica respingada pelos clássicos The Ventures, a ensolarada, profética, estética e aromatizada sonoridade de ‘Once Upon a Time in Bombay Beach’ planta e fertiliza no imaginário do ouvinte um arenoso, fervilhante e veludoso tapete desértico de dimensão a perder de vista, onde imponentes saguaros se espreguiçam na vertiginosa direcção de um Sol esbatido e bocejante, cowboys solitários se passeiam de olhares desconfiados e coldres desapertados, e uivantes coiotes deambulam com discrição pelos intangíveis firmamentos que se renovam pela eternidade fora. De texanas calçadas, esporas aguçadas, gatilhos cintilantes e instrumentos empunhados, Sheverb convida-nos a vivenciar meditativas baladas de beleza crepuscular e desenfreadas cavalgadas à rédea solta. Na composição desta adorável orquestra Ennio Morricone’sca estão duas druídicas guitarras que se cruzam na condução de serpenteantes Riffs e descruzam na libertação de intoxicantes solos, uma hipnotizante bateria de ritmicidade galopante, um baixo murmurante compenetrado em linhas vagueantes, e ainda um estimulante trompete de sopros pomposos que confere a toda esta mágica atmosfera uma elegância de feição mexicana. É-me ainda importante e enfatizar e endeusar o mirífico artwork superiormente ilustrado pela talentosa artista de nacionalidade australiana Lauren Massy que com inesgotável capricho fabricara o pórtico perfeito para esta sagrada peregrinação pelos trilhos e desfiladeiros do deserto espiritual. Deixem-se embrenhar, entontecer e alucinar à boleia da mescalina sonora de ‘Once Upon a Time in Bombay Beach’ e sintam-se dar à costa de um verdadeiro oásis sensorial. Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui, nesta espirituosa liturgia de veneração desértica. Degustem este mezcal sem qualquer moderação, cambaleiem para fora do saloon, enfrentem Sheverb num duelo desigual, e caiam derrotados aos pés das cinco silhuetas sombreadas pelos pistoleiros texanos. É este o incontornável destino reservado a todos aqueles que neste álbum decidirem ingressar.

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🎗 Keith Moon // The Who (23/08/1946 - 07/09/1978)