quinta-feira, 30 de setembro de 2021
🎬 Cinema & TV de Julho, Agosto e Setembro
The Kominsky Method S03 (2021) de Chuck
Lorre ★★★★★
Las Tres Muertes de Marisela Escobedo (2020) de Carlos Perez Osorio ★★★★★
Lady Bird (2017) de Greta
Gerwig ★★★★☆
Frankenstein
Must Be Destroyed (1969) de Terence Fisher ★★★☆☆
A Quiet Place Part II (2020) de John Krasinski ★★★★☆
Auf der Suchen nach Ingmar Bergman (2018) de Margarethe von Trotta ★★★☆☆
Frankenstein and the Monster from Hell (1974) de Terence Fisher ★★★☆☆
Husbands
and Wives (1992) de Woody Allen ★★★★☆
Kemper on Kemper: Inside the Mind of a Serial Killer (2018)
de Matthew Watts ★★★★☆
The Big Lebowski (1998) de Joel
Coen & Ethan Coen ★★★★★
Lone Survivor (2013) de Peter
Berg ★★★★☆
Miles Ahead (2015) de Don
Cheadle ★★★☆☆
The Fastest Gun Alive (1956) de Russell Rouse ★★★★☆
Land (2021) de Robin
Wright ★★★☆☆
Pig (2021) de Michael
Sarnoski ★★★☆☆
John
Wayne Gacy: Killer’s Clown Revenge S01 (2019) ★★★★☆
Escher: Het Oneindige Zoeken (2018) de Robin Lutz ★★★★☆
Surviving Jeffrey Epstein S01 (2020) ★★★★☆
Miss You Already (2015) de
Catherine Hardwicke ★★★★☆
Firecreek
(1968) de Vincent
McEveety ★★★★☆
Diarios de Motocicleta (2004) de Walter Salles ★★★★☆
Yusuf
Hawkins (2020) de Muta’Ali Muhammad ★★★★☆
BlacKkKlansman
(2018) de Spike
Lee ★★★★☆
Malèna
(2000) de Giuseppe
Tornatore ★★★★☆
House of Sand and Fog (2003) de Vadim Perelman ★★★☆☆
Children of the Snow S01 (2019) ★★★★☆
Bacurau (2019) de Juliano
Dornelles & Kleber Mendonça Filho ★★★★☆
Skater Girl (2021) de Manjari
Makijany ★★★☆☆
The
Lincoln Lawyer (2011) de Brad Furman ★★★★☆
3 from Hell (2019) de Rob
Zombie ★★★★☆
Farewell, My Lovely (1975) de Dick Richards ★★★★☆
Bone Tomahawk (2015) de S. Craig
Zahler ★★★★☆
The Piketon Family Murders (2019) de Lauren J. Przybyszewski ★★★★☆
Review: ⚡ Sex Magick Wizards - 'Your Bliss My Joy' (2021) ⚡
Depois de em
2019 se ter mostrado ao mundo nas asas do seu extraordinário álbum de estreia ‘Eroto
Comatose Lucidity’ (aqui narrado e largamente elogiado, e aqui sendo consequente e legitimamente medalhado como um dos melhores álbuns desse
mesmo ano), o esdrúxulo e genial quarteto norueguês Sex Magick Wizards – purista
da música Jazz e sediado na cidade-capital de Oslo – acaba de
provocar e replicar em mim mais uma inestancável salivação dos ouvidos e inextinguível
glorificação dos sentidos com a apresentação do seu muitíssimo ansiado segundo
trabalho de longa duração, intitulado de ‘Your Bliss My Joy’ e
lançado pela mão do independente selo discográfico local Rune Grammofon através
dos formatos físicos de CD e vinil. A par do que testemunhara no seu primeiro
trabalho, este novo álbum é norteado por um elegante, virtuoso e fascinante Avant-garde
Jazz condimentado a enfeitiçante experimentalismo – que ocasionalmente se ramifica
num selvático, complexo e esquizofrénico Free Jazz onde todos os
instrumentos correm perdidamente em direcções opostas, e num exótico, cerebral e
afrodisíaco Jazz Fusion de opulentas composições – aliado a um intrigante,
sinuoso e magnetizante Progressive Rock de tintura psicadélica e inspiração
setentista. A profética, estética e alucinante sonoridade – de técnica
apurada, instrumentos dialogantes e temperamento bipolarizado – pintada a cores
dissonantes e redigida a linhas tortas por estes talentosos académicos Jazz freaks
combina todo um excêntrico e enlouquecedor descarrilamento de sofisticação
matemática que nos inunda e embrulha as conexões cerebrais, com um melódico e
libertador deslumbramento de sublimidade seráfica que nos adormece e embevece o
espírito. Conseguem imaginar toda uma colorida, texturizada e carnavalesca orgia
entre Miles Davis, John Coltrane, Ornette Coleman, Peter
Brötzmann, Django Reinhardt, King Crimson, Colosseum e
Mahavishnu Orchestra? Se sim, acabam de alcançar os admiráveis territórios de Sex
Magick Wizards. Este é um álbum simultaneamente tempestuoso e bonanceiro, inflamado
e arejado, frenético e plácido, aparatoso e desbravado, obsceno e educado.
Ingressem nesta viagem desorientadora à sónica boleia de uma erudita guitarra
de sotaque John McLaughlin’esco que se manifesta em faustosos,
propulsivos, altivos e vultuosos Riffs de onde são vertidos e gritados solos
trepidantes, ansiosos, labirínticos e serpenteantes, um protuberante baixo
de linhas inchadas, pulsantes, ondeantes e carnudas que sombreia todas as
sílabas dos acordes, uma expressiva bateria, soberbamente jazzística,
que tanto se inquieta em polvorosas acrobacias de timbalões galopantes, como se
aquieta numa maciez lustrosa de pratos tilintantes, e ainda um irreverente saxofone
de sopros velozes, ásperos, ziguezagueantes e ferozes que rabisca a traços abstractos
toda esta irretocável obra-prima. ‘Your Bliss My Joy’ é um álbum de
beleza e destreza orquestral, espirituosa, caótica e piramidal. Um galáctico
circo domesticado a estonteante paranoia e incessante escapismo que atestara e extravasara
os limites da minha barragem de expectativas a ele previamente dedicadas. Um
dos mais fortes candidatos a álbum do ano está aqui, na portentosa misticidade, imaginativa sagacidade e gloriosa majestosidade deste ofuscante ‘Your Bliss My Joy’.
Efervesçam-se nele.
Links:
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➥ Rune Grammofon
➥ Plataformas digitais
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
domingo, 26 de setembro de 2021
sábado, 25 de setembro de 2021
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
Review: ⚡ MONO - 'Pilgrimage of the Soul' (2021) ⚡
Da
cidade-capital de Tóquio (Japão) chega-nos o apaixonante 11º
álbum de estúdio superiormente magicado pelo reputado quarteto nipónico MONO,
denominado ‘Pilgrimage of the Soul’ e lançado muito recentemente pela
mão do independente selo discográfico berlinense Pelagic Records através
dos formatos digital, CD e vinil. Com 22 anos de frutífera existência –
repletos de uma respeitável discografia que os imortalizara como uma das mais marcantes
referências dentro do universo Post-Rock – os MONO atingiram o
pináculo da sua maturidade musical, e têm neste seu novo registo aquele que é
muito provavelmente o meu trabalho favorito da banda. De âncora recolhida e
velas içadas ao sabor de um emotivo, cinematográfico, reflexivo e melancólico Post-Rock
de natureza instrumental e beleza orquestral, ‘Pilgrimage of the Soul’ navega
pelas pacíficas águas de um interminável oceano vigiado e farolizado pela noite
cósmica. De olhar enfeitiçado e embrumado por uma inquebrável expressão
sonhadora, um sorriso genuíno que nos incha e ruboriza as bochechas, e ainda
uma inextinguível sensação de plena ataraxia que nos massaja e prazenteia o
espírito sedento por experienciar algo assim, somos magnetizados, embebidos, comovidos
e canonizados pelo nirvana celestial que alvorece toda a extensão deste
mirífico álbum. Este é um maravilhoso registo – de aura esperançosa, catártica
e miraculosa – que perpetua o ouvinte num sedativo estádio de profunda
introspecção. Mumificados pela fascinante teia instrumental de MONO,
somos embriagados e namorados por duas guitarras de idioma astral que dedilham
dramáticos, estéticos, reconfortantes e melódicos acordes – condimentados a
profética sensibilidade e desdobrados numa triunfante escadaria em espiral – e
desabrocham uivantes, rutilantes, delirados e ecoantes solos que nos
desorientam nesta evolutiva e transformadora odisseia pelo Cosmos inexplorado,
um baixo discreto de linhas ondeantes, densas, sombreadas e murmurantes, e uma expressiva
bateria de pratos flamejantes e timbalões pulsantes que confere ritmo a esta admirável evasão consciencial. Num plano de
complementaridade ao quarteto-base, é-me ainda essencial enaltecer todo um populoso coro de instrumentos convidados que contempla os mugidos tristemente belos
dos violinos e violoncelos, os veludosos sopros do trompete, trombone e da
corneta, e ainda as saltitantes notas choradas por um piano verdadeiramente
enternecedor. São 58 minutos oxigenados a ofuscante deslumbramento que nos eclipsa os
sentidos e transcende a alma até aos braços do transe espiritual. ‘Pilgrimage
of the Soul’ é um álbum precioso, divino e lustroso – de esplendor
imaculado – que decerto não deixará nenhum dos ouvintes recostado à
indiferença. Permitam-se sorver e anoitecer pela frágil e anestésica ternura de
MONO, e renascer num inquietante turbilhão de epidémica e transbordante
esperança. A utopia aqui tão perto. Empoeirem-se nela.
Links:
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➥ Pelagic Records
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
terça-feira, 21 de setembro de 2021
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
Review: ⚡ Agusa - 'En Annan Värld' (2021) ⚡
O fabuloso quinteto
escandinavo Agusa está de regresso com o lançamento do seu novíssimo
álbum designado ‘En Annan Värld’ e exteriorizado sob a forma
digital e nos formatos físicos de CD e vinil com o carimbo editorial da insuspeita discográfica local Kommun 2 (que acompanha e patrocina todos os passos da banda desde a sua génese). Formada em 2013 na cidade sueca de Malmö,
esta talentosa formação – que faz do revivalismo o seu presente – combina um cheiroso,
arejado, sublimado e majestoso Progressive Rock de aura fabular com um
pastoral, delicado, orvalhado e outonal Psychedelic Folk de beleza miraculosa.
A sua sonoridade apaziguante, druídica, mitológica e transcendente – oxigenada a
purificante misticismo – navega o ouvinte pelas verdejantes planícies,
estriadas por riachos de águas marulhantes e abrilhantadas por um Sol esbatido,
que se distendem pela sonolenta madrugada medieval. Imbuídos e embalados neste profético
ritual de afago e depuração espiritual, o nosso imaginário pincela um aventuroso
romance – datado de uma época norteada por costumes caídos há muito em desuso –
deslumbrantemente narrado por uma enfeitiçante flauta transversal de sopros
aveludados, odorosos, maravilhosos e serpenteados, um dominical órgão Hammond
de arpejos harmoniosos, mágicos, oníricos e imperiosos, uma messiânica guitarra
de magistrais, aliciantes, faustosos e extravagantes Riffs de onde
florescem solos exóticos, novelescos, principescos e elegantes, um baixo ondeante
de linhas fluídas, oleadas, magnéticas e encaracoladas, e ainda uma bateria jazzística
e tribal de ritmicidade cuidada, cintilante, estimulante e requintada. São 47
minutos – fragmentados em dois longos temas de composições veneráveis, complexas e
orquestrais – aspergidos por uma quimérica graciosidade e uma bíblica grandiosidade
que nos mantêm imersos neste deleitável sonho acordado. Não vai ser nada fácil – ou sequer
apetecido – despertar do utópico mundo que ‘En Annan Värld’ alimenta e conserva.
Empoeirem-se no misticismo ancestral dos suecos Agusa, e comunguem com ardente
devoção e imperturbável fascinação este egrégio álbum que resvala nas longínquas costuras
fronteiriças da perfeição.
sábado, 18 de setembro de 2021
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
Review: ⚡ Holy Death Trio - 'Introducing...' (2021) ⚡
De Austin
(cidade-capital do estado do Texas, EUA) chega-nos o impactante
álbum de estreia do power-trio incendiário Holy Death Trio.
Apelidado de ‘Introducing…’ e lançado hoje mesmo tanto no formato
digital como nos formatos físicos de CD e vinil pela mão do produtivo e influente
selo discográfico californiano Ripple Music, este primeiro registo
forjado pela formação texana escuda-se num musculado, inflamante, excitante e oleado
Heavy Rock de tração setentista em simbiótica parceria com um intoxicante,
ardente, efervescente e alucinante Heavy Psych de virulenta fervura, um electrizante,
afrodisíaco, dinâmico e flamejante Heavy Blues com forte odor a whiskey,
e ainda um trevoso, cavernoso, monolítico e poderoso Proto-Doom de ecos Black
Sabbath’icos. A sua sonoridade imperiosa, selvática, viciante e gloriosa é
trilhada a uma destravada, infatigável e ritmada galopada que sacode, implode e
embriaga o ouvinte num febril estádio de agitado e inextinguível entusiasmo. São 34 minutos suados
e atestados de enlouquecedora, vivificante e emancipadora euforia à vertiginosa
boleia de uma acrobática montanha-russa imprópria para cardíacos. De cabeça
furiosamente rodopiada, narinas dilatadas, maxilares cerrados e espírito implacavelmente
atiçado, somos obcecados e dominados por uma guitarra mastodôntica de trovejantes,
vulcânicos, tirânicos e provocantes Riffs de onde esvoaçam borbulhantes,
ciclónicos, psicadélicos e ziguezagueantes solos, um corpulento baixo de bafejo
tenso que reverbera linhas pujantes, nervudas, sombreadas e quentes, uma cavalgante
bateria de esporas ensanguentadas e rédeas firmemente empunhadas que troteia
todo o álbum a uma ritmicidade verdadeiramente enfática, inabalável e estonteante,
e ainda uma voz embruxada e liderante de tonalidade cadavérica, luciférica, avinagrada
e hipnotizante que sobrevoa a saliva magmática e fumegante cuspida por este irado vulcão
em constante erupção. ‘Introducing…’ é um álbum motorizado a uma turbulenta
combustão que nos dispara os ponteiros da rotação e em nós provoca um sismo de monstruosa
magnitude. Um autêntico furacão de endorfinas. Deixem-se incinerar, endoidecer e amotinar na chamejante negrura de Holy
Death Trio, e experienciem com expressiva devoção e imoderada excitação uma
das mais extraordinárias estreias do ano. Vai ser impossível ouvi-lo apenas uma
vez, duas ou três.
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➥ Ripple Music
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
terça-feira, 14 de setembro de 2021
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Review: ⚡ Farfisa - 'Gänger' EP (2021) ⚡
Proveniente da
cidade inglesa de Manchester chega-nos a incandescente magma expelida
pelos vulcânicos Farfisa com a apresentação do seu novíssimo EP denominado
‘Gänger’ e lançado hoje mesmo através do formato digital e ainda
numa limitada edição em cassete pela mão da pequena editora discográfica local Sour
Grapes Records. Combinando um inflamante, fibrado, alucinado e electrizante
Heavy Psych com um ritmado, contagiante, picante e afogueado Garage
Rock num borbulhante e ruborizado caldeirão em inesgotável ebulição, a turbulenta
sonoridade – escaldada pelo urticante efeito Fuzz – de ‘Gänger’
banha, assanha e revolve o ouvinte num imersivo estádio de intenso empolgamento.
São 20 minutos – compartimentados em quatro temas – atestados e capitaneados a
fervorosa, poderosa e atordoante vivacidade. De corpo transpirado, coração a alta
rotação e cabeça violentamente ricocheteada de ombro em ombro, somos desassossegados
e chamejados pelas serpenteantes danças de duas guitarras intoxicantes que se
embrulham na titânica condução de pujantes, montanhosos, espinhosos e euforizantes
Riffs, e se desintegram na sónica dispersão de flamejantes, delirados e
esvoaçantes solos de propensão cósmica, sombreados pela trovejante reverberação
de um possante baixo locomovido a linhas tensas, musculosas, umbrosas e densas,
pontapeados pela expressiva, destravada e incisiva cavalgada de uma bateria enérgica
e intempestiva, e enfeitiçados pelos vocais joviais, diabrinos, ácidos e
espectrais que velejam todo este revoltoso mar de chamas. O chamativo artwork
de natureza carnavalesca pertence a Key Badsey (ilustrador residente de Farfisa).
Este é um registo viciante, de curta duração, mas valvulado a uma dinâmica tão incansável e estonteante que
deixará o ouvinte sem fôlego e de mãos apoiadas nos joelhos. Saltem para o olho
deste viril furacão e vivenciem com incessante arrebatamento o triunfante regresso
do quarteto britânico. Vai ser fácil reencontrá-lo perfilado por entre os mais medalhados
EP’s nascidos em 2021.
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➥ Sour Grapes Records