segunda-feira, 28 de julho de 2025
domingo, 27 de julho de 2025
quinta-feira, 24 de julho de 2025
quarta-feira, 23 de julho de 2025
terça-feira, 22 de julho de 2025
domingo, 20 de julho de 2025
quinta-feira, 17 de julho de 2025
quarta-feira, 16 de julho de 2025
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Review: 🏰 Wytch Hazel - 'V: Lamentations' (2025, Bad Omen Recs) 🏰
À cidade
britânica de Lancaster regressam, invictos, os quatro cavaleiros cristãos Wytch Hazel depois da sua quinta e gloriosa cruzada apelidada ‘V: Lamentations’, promovida
pela editora discográfica londrina Bad Omen Records através dos formatos
LP, CD e digital. Escudado num elegante, melódico, romântico e viciante Hard
Rock de armadura medieval, num altivo, ostentoso, majestoso e emotivo Heavy
Metal de estirpe tradicional, e ainda num pastoral, místico, rústico e
ancestral Folk Rock de agradável clima outonal, este seu quinto trabalho de
longa duração cavalga impiedosamente na nossa direcção de lanças empunhadas e
espadas desembainhadas, tomando de assalto os nossos corações já trespassados pela flecha de cupido. Rendidos, comovidos
e apaixonados pela sua trovadora, harmoniosa, lustrosa e sonhadora sonoridade de
amarelecido brilho vintage – herdeira de vultosas referências clássicas como Blue
Öyster Cult, Boston, Kansas, Thin Lizzy, Styx, Chicago
e Journey, bem como de outras incontornáveis bandas da contemporaneidade como Hällas,
Svartanatt, Haunt, Freeways e Spirit Adrift – somos
uma presa demasiado fácil. Charmoso, poético, profético, meloso e detentor de um poder miraculoso e curativo, ‘V:
Lamentations’ é uma ornamentada, inspiradora e consumada obra-prima de
contornos épicos que não deixará nenhum ouvinte recostado à indiferença. Um
álbum verdadeiramente irresistível – de crepuscular beleza e espectacular
destreza – que nos obriga, de olhos cintilantes e ouvidos salivantes, a experienciá-lo
vezes e vezes sem conta. Deixando em nós o caramelizado trago da doce nostalgia,
este afável, admirável e santificado registo de Wytch Hazel parece ter
sido virtuosamente forjado nas incandescentes fornalhas dos gloriosos 70’s e 80’s.
Um feitiço – impossível de ser quebrado – que nos amolece e enternece o coração do primeiro ao derradeiro tema. Confinados no interior das altas muralhas do imperioso e vitorioso reino Wytch Hazel, é tão fácil deixarmo-nos embevecer, prender e
envolver numa fascinante narrativa fabular superiormente musicada por duas
guitarras siamesas que bailam numa vistosa desgarrada de magistrais, libidinosos,
glamorosos e esculturais riffs e se desatam e envaidecem na alucinada
condução de solos fenomenais, sumptuosos, refinados e sentimentais, um baixo vagueante
de linhas nervudas, sombreadas, oleadas e parrudas, uma bateria empolgante de
ritmo leve, animado, desembaraçado e cativante, e uma voz reinante, melódica,
aristocrática e galante que lidera com ofuscante carisma toda esta triunfante galopada
para o sangrento epicentro da batalha. Deixem-se cortejar e conquistar pela ritualística
sensualidade de Wytch Hazel, e comunguem, inebriados em êxtase e devoção,
este seu cálice sagrado. Um dos grandes álbuns editados em 2025 está aqui, no coração
mediévico desta inviolável fortificação.
Links:
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➥ Bad Omen Records
sábado, 12 de julho de 2025
sexta-feira, 11 de julho de 2025
quinta-feira, 10 de julho de 2025
quarta-feira, 9 de julho de 2025
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Review: ✨ Da Captain Trips - 'In Between' (2025, Subsound Records) ✨
O quarteto
italiano Da Captain Trips está de regresso com o lançamento do seu
novíssimo álbum, três anos depois do seu antecessor ‘Maths of the Elements’
(aqui revisto e copiosamente elogiado), apelidado ‘In Between’
e editado nos formatos LP, CD e digital com o carimbo da companhia discográfica
romana Subsound Records. Norteado por um relaxante, aromático, magnético
e extasiante Psychedelic Rock com um fresco e salgado sabor a mar, um meditativo, libertador,
revelador e lenitivo Space Rock com vista desabrigada para a eterna
noite cósmica, e um atmosférico, deslumbrante, apaixonante e cinematográfico Post
Rock que nos faz lacrimejar, ‘In Between’ inspira-se n’O Livro
Tibetano dos Mortos. Uma ponte entre a vida e o renascimento, intervalada
pela morte e electrificada pela imortal energia consciencial, onde se vislumbram
divindades e percepciona a irradiante clara luz primordial. Combinando
influências de bandas como 35007, Ahkmed, Leech, My
Brother the Wind, Interkosmos e Rotor, a sua mística, ritualística
e celestial sonoridade leva o ouvinte a testemunhar uma milagrosa experiência
transcendental que lhe desancora a consciência da gravidade terrestre e,
deixando para trás o seu respectivo corpo caído, vazio e inanimado, ascende aos
mais distantes astros do espaço alienígena incensado a aroma oriental. De olhar
envidraçado, sorriso desabrochado e espírito embriagado embarcamos numa transformadora,
regeneradora e fantástica odisseia onde o anoitecer da vida se mistura com a amanhecer
da morte. Uma verdadeira revolução espiritual que nos metamorfoseia as lentes
da percepção e estimula a emancipação mental pela vertigem das autoestradas siderais.
Ataráxico, anestésico, sublime e mágico, ‘In Between’ é um álbum verdadeiramente
maravilhoso, de propriedades terapêuticas, que parece musicar, endeusar e
eternizar as mais belas memórias da nossa vida. Com comoventes passagens que
nos acordam a nostalgia, abrandam a respiração, amolecem o coração e agitam a
ondulação das águas que se escondem por detrás dos nossos olhos, esta inspiradora
obra de Da Captain Trips vive na luz e na sombra, na esperança e na
descrença, colocando-nos num estado de total permeabilidade emocional. Na génese
deste fármaco capaz de curar a alma e de a preparar para a derradeira partida
gravitam entre si uma admirável guitarra de acordes conduzidos a atraente sagacidade
e edificados a lapidar fragilidade, um baixo vagabundo de linhas elásticas, hipnóticas
e ondulantes, uma bateria lustrosa de ritmicidade airosa e estimulante, e toda
uma imersiva profusão de teclados enfeitiçantes que entoam veludosas e tocantes
melodias Angelo Badalamenti’anas. Este é um álbum imensamente sedutor, detentor
de uma consumada beleza crepuscular, que nos adormece, enternece e conforta. Um
registo emocionante, revestido por um manto estelar, atestado de uma
sensibilidade que nos desarma e atira aos braços da vulnerabilidade. De
espírito anoitecido, ébrio e comovido, percorremos, sonâmbulos, os velhos corredores
da doce melancolia que nos aprisionam num utópico mundo de fantasia. Percam-se e
encontrem-se na intimidade do universo onírico de Da Captain Trips sem a
mais pequena vontade de despertar. São 38 minutos de irresistível sedução. No final deste miraculoso ‘In Between’ só nos
resta pestanejar, secar as lágrimas e demoradamente suspirar: “Que álbum tão
lindo!”.