domingo, 4 de novembro de 2018

Review: ⚡ Drug Cult - ‘Drug Cult’ (2018) ⚡

Da pequena cidade australiana de Mullumbimby chega-nos o estrondoso e impactante álbum de estreia do jovem quarteto Drug Cult. De denominação homónima e oficialmente lançado e promovido pelo selo discográfico londrino Ritual Productions sob a forma física de CD e vinil (ambos os formatos disponíveis em duas versões diferenciadas), este ‘Drug Cult’ encerra e desenterra um obscurantista, possante, reverberante e ocultista Psych Doom, lavrado e adornado por um envolvente e meditativo Drone Metal, que nos espartilha, angustia e soterra nos mais profundos abismos da alma. A sua sonoridade verdadeiramente esotérica, luciférica, fúnebre e enigmática causa no ouvinte uma forte sensação de sedação, hipnotismo e fascinação que o mantém de pupilas dilatadas, respiração pausada e atenção ininterruptamente ancorada no seu vasto lastro espiritual. Conseguem imaginar um cruzamento entre os míticos Electric Wizard e os druidas nova-iorquinos Naam? Se sim, chegaram aos negros, morfínicos e ritualísticos domínios de Drug Cult. São cerca de 42 minutos atestados de uma densa, sombria e intensa radiância que nos encobre, envolve e submerge num amplo e profundo negrume do qual não mais conseguimos emergir e regressar ao longo de todo o álbum. Comunguem toda esta intrigante, demoníaca e narcotizante liturgia – que em nós semeia e floreia as melancólicas trevas – à memorável boleia de uma guitarra profana e fervida em efeito fuzz que se robustece e enegrece em riffs aterrorizantes, ácidos, sádicos e prepotentes, um baixo ressonante de linhas sólidas, encorpadas, densas e bafejantes, uma bateria incisiva de cadência criativa, dinâmica e explosiva, e uma voz translúcida, ecoante, penetrante e enregelada que lidera toda esta mística caravana sonora pela pálida e fantasmagórica nebulosidade de ‘Drug Cult’. Este é um álbum detentor de uma soturnidade reinante que nos sopra as velas da lucidez, eteriza e faroliza de olhos vendados e sentidos abafados pelos virgens trilhos da sua intensa, densa e ameaçadora cerração. Deixem-se ocultar e dissolver nas vertiginosas e caliginosas trevas de Drug Cult e atestem toda a imponência, força e efervescência de um dos álbuns mais surpreendentes e enfeitiçantes de 2018.

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