quarta-feira, 15 de maio de 2019

Review: ⚡ Pyramidal - 'Pyramidal' (2019) ⚡

Da vizinha Espanha chega-nos o espantoso novo álbum de uma das bandas mais aclamadas do flanco underground da música Rock espanhola: Pyramidal. Esta talentosa formação, recém transfigurada de quarteto para quinteto, e localizada na cidade sulista de Alicante lançara em meados do passado mês de Abril o homónimo ‘Pyramidal’ através da parceria discográfica promovida pela espanhola Surnia Records (em formato de CD) e a holandesa Lay Bare Recordings (em formato de vinil), e o mesmo provocara em mim um intenso estádio de encantamento logo na primeira audição que lhe dedicara. Fundamentado num magistral, opulento e orquestral Prog Rock de inspiração revivalista, um envolvente, meditativo e eloquente Space Rock de alcance extraplanetário e ainda um poderoso, ostentoso e empolgante Heavy Psych de elevada toxicidade, este deslumbrante e exuberante álbum traz o intrigante peso e denso negrume de uns Black Sabbath, a sagrada, sublimada e sedutora fragância de uns Pink Floyd e os copiosos, extravagantes e inebriantes bailados de uns Hawkwind. A sua sonoridade soberbamente complexa de ‘Pyramidal’ – tecida e nutrida a uma desarmante tecnicidade, primorosa subtileza e magnetizante vistosidade – vem confirmar um elevado grau de maturação e cumplicidade instrumental nunca antes alcançado pelos espanhóis. Uma gloriosa, carnavalesca e caprichosa odisseia sensorial que nos atesta de um crescente fascínio e projecta pelos infindáveis firmamentos da vacuidade sideral. De visão vendada, cabeça rodopiante e alma atordoada, somos enfeitiçados e estimulados pela maestria de duas guitarras principescas e enigmáticas que se unificam na elevação e orientação de épicos, formosos e quiméricos riffs e se serpenteiam e galanteiam na exteriorização de solos rendilhados, hipnóticos e alucinados, um baixo dançante de linhas bafejantes, fluídas e pulsantes, uma bateria diligente que se conduz a uma ritmicidade altiva, dinâmica e criativa, e um mágico sintetizador que borrifa toda a atmosfera de ‘Pyramidal’ com uma aura celestial de idioma alienígena. É-me ainda importante destacar e elogiar as colaborações adicionais de um exótico saxofone que se perde e encontra por entre os seus ziguezagueantes, esquizofrénicos e delirantes bailados, e um violino que com os seus sedosos, apaziguantes e pomposos movimentos sobrevoa a atmosfera desta epopeica narrativa superiormente pensada e executada por Pyramidal. Chego ao final destes 47 minutos que balizam esta obra-prima hispânica de expectativa não só saciada como superada, e alma profundamente assombrada, absorta e conquistada por todo o requintado talento que ‘Pyramidal’ encerra. Estamos seguramente na honrosa presença de um dos álbuns portadores da beleza e destreza mais consumadas de 2019. Irretocável.

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