segunda-feira, 27 de maio de 2024

Review: 🏰 Magic Machine - 'Castle in the Sky' (2024) 🏰

★★★★

Da cidade australiana de Sydney chega-nos o excitante terceiro álbum do irreverente quarteto Magic Machine, intitulado ‘Castle in the Sky’ e lançado na segunda metade do passado mês de Abril através dos formatos LP e digital. Resultante da delirante combinação entre um dançante, buliçoso, fogoso e empolgante Garage Rock e um exótico, refrescante, deslumbrante e caleidoscópico Heavy Psych, este multicolorido, polposo, espirituoso e apaladado cocktail sonoro – que nos deixa os lábios açucarados, a língua apimentada, as maçãs do rosto rosadas e o espírito totalmente arrebatado – subtrai a lucidez e atesta de embriaguez todo aquele que o degustar. Vibrante, magnetizante, enérgica e contagiante, a musicalidade desta indisciplinada turma australiana partilha as mesmas características de outras formações autóctones como King Gizzard and The Lizard Wizard, The Murlocs e ORB, bem como de forasteiras como as francesas The Socks e Sunder, as norte-americanas Fuzz e The Gorlons, a austríaca The Heavy Minds e a portuguesa Travo. Saltitando entre o fervilhante e o refrigerante, o belicoso e o amistoso, o vertiginoso e o vagaroso, o sufocante e o arejado, percorremos todo um vasto espectro climatérico e emocional que nos mantém de fascinação incendiada e atrelada a ‘Castle in the Sky’ do primeiro ao derradeiro tema. Um chamejante banho de enfeitiçante, imersivo e provocante psicadelismo de maneiras rebeldes que nos inunda, empurra para o meio da pista de dança e desencaixa o quadril. São 43 minutos tanto incinerados pela alucinante euforia quanto ventilados pela reflexiva ataraxia. Um mastodôntico tsunami de boas sensações que nos naufraga sem boia de salvação. De pupilas ampliadas, maxilares cerrados, narinas dilatadas e cabeça rodopiante somos aspirados por esta enlouquecedora, hipnótica e libertadora espiral – sem portal de saída – à alucinante boleia de uma guitarra intoxicante que liberta instigantes, invertebrados, serpenteados e viciantes riffs – consumidos pela inflamante erosão do electrizante efeito Fuzz – de onde disparam e descarrilam solos estonteantes, vistosos, venenosos e trepidantes, um baixo dominante de linhas possantes, musculosas, oleosas e ondeantes, um mágico teclado de mugidos intrigantes, alienígenas, encaracolados e bailantes, uma bateria propulsiva a trote de um ritmo expressivo, intenso, frenético e explosivo, e uma voz liderante de expressão traquina, ecoante, avinagrada e diabrina que ferve neste revolto mar de lavaredas. Chego ao fim desta frenética montanha-russa de mãos apoiadas nos joelhos, atordoado, ofegante e com um pé nas escorregadias fronteiras do delíquio. Estão todos convidados para esta carnavalesca festa no castelo. Embalem no esponjoso, delicioso e bem-disposto groove desta centrifugadora chamada Magic Machine, e experienciem – com total entrega e sem qualquer moderação – todo o incontido, vivaz e colorido entusiasmo transudado por um dos meus álbuns favoritos do ano vigente.

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