quarta-feira, 15 de abril de 2009

Crown Of Thorns, Mother Love Bone

Estou sentado em frente á, calorosa, lareira. As velhas meias de lã desmaiam sobre os meus pés. Na rua está frio, e chove. Adoro o frio, a chuva, as nuvens negras… Desgosto pelo meu corpo não gostar. Estou doente. Exposição arriscada, na tentativa de uma aproximação familiar com o meu “melhor amigo”. Já estou habituado. Hoje tenho observado, do interior de casa, as nuvens, a chuva e o vento. Quarentena. O pequeno cachorro vadio foi vítima do castrador da liberdade. A minha visão, embora ensonada e anestesiada pela medicação, consegue penetrar pelos velhos e grandes carvalhos, e chegar às montanhas onde radicam os pinheiros. Não poderia ter melhor vizinhança. Estar aqui mais de um fim-de-semana, faz com que braços severos e mão capazes me impeçam de regressar a Lisboa. É a verdadeira concepção do conforto, da ataraxia. Tantos são os rostos que me abordam na rua, tantas são as mãos que me saúdam na rua, tantos são os sorrisos que me afagam na rua… Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes. Tão mais que um nome, uma identidade. Alguns clássicos do Cinema (Europeu) têm me escoltado nesta jornada rumo ao bem-estar (físico). Venham mais dois paus secos e murchos para a fogueira, que as, adormecidas, chamas necessitam de saciar a sua, eterna, sede. Elas (Chamas) que ambicionam o Mundo. As nuvens estão a ser inspiradas pelo céu azul que surpreende o bô (expressão exclusivamente transmontana, pena o dicionário do Word não ser regionalista) povo. Já se sente a dolorosa percepção dos raios solares a trespassarem as núvens e fitando a minha face amarela. Janela, que todos os dias me permites contemplar a vida lá fora, aspiro ser como tu, ter essa defesa invicta, familiarizada com toda uma vasta panóplia de temperaturas, extremos, sem nunca vacilar. A morte tem essa estranha característica.

O bom velho tempo escocês voltou!

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