Descalça, aproximou-se da longa vidraça e afastou as pesadas cortinas que impediam os seus olhos de voar. Encalhou o olhar no solo desfocado e luminoso de Tóquio, e sentiu o seu corpo repelir-se pelas inúmeras ruas que fluíam para o pecado. Uma voz perfumada de autoridade elevou-se nas suas costas, e o seu olhar regressou à distinta janela. O seu irmão mais velho perguntou-lhe se queria acompanha-lo, mais uns amigos, numa jornada nocturna de diversão asiática. Os seus cabelos gesticularam num sinal concreto de negação, e ele fechou a porta e saiu. As denúncias amordaçadas abraçaram-na. Sentiu-se em queda livre. O seu corpo despido e pesado caía, caía e caía… E ela observava-o cair.
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