quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Continua a conduzir...


Continua a conduzir. Quero sentir-me afastar desta cidade. Quero observar todas as suas luzes esbaterem através desta janela fustigada pela força da chuva, e desvanecerem-se no âmago desta fria noite de outono. Dá-me a tua mão, quero sentir-te determinada. Para trás, só ficam as memórias do mais intenso e prolongado preliminar emocional das nossas vidas. Em frente, esperam-nos as calmas e apaziguantes planícies da mais bela certeza que retirara a mordaça dos nossos corações. Quero estender o meu olhar pela estrada fora e sentir os faróis desbravarem o negrume da noite. Quero ouvir todo este silêncio reconfortante que nos anestesia e embebeda. Quero ver os teus lábios romperem ao longo do rosto e esculpirem o mais belo sorriso que o homem conhecera. Quero ouvir o teu mais sincero suspiro num disparo de fragância emotiva. Somos os únicos herdeiros da eternidade. Aqueles de quem o esquecimento se lembra ininterruptamente. Somos a personificação conjunta da ataraxia e os eternos amamentados pela paixão. Somos abençoados. Somos os filhos desta infinita estrada que vagueia pela vida e se estende para fora dela. Continua a conduzir…

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