quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

à boleia com: The Wooden Wolf, The Machine e Sungrazer


Depois do estrondoso concerto que The Machine deram no conceituado festival Up in Smoke vol. III (juntamente com Lonely kamel, Samsara Blues Experiment e My Sleeping Karma) em que estive presente (Munique, Alemanha), não poderia perder a entusiástica oportunidade de ver novamente este trio holandês. E assim foi. 

A surpreendente inclusão de The Wooden Wolf num cartaz todo ele regado de mescalina, causou em mim uma fusão de pressentimentos contrastados. Se por um lado, voltei as costas ao concerto deste guitarrista francês na cidade de Vila Real (dois dias antes) porque num curto espaço de tempo iria vê-lo duas vezes (a questão financeira também pesou, e muito), quando Alex Keiling começou a dedilhar as primeiras páginas do seu diário emocional, senti que talvez não fosse aquela a melhor ambiência para receber um projecto acústico que obriga ao silêncio introspectivo e à profunda calma. The Wooden Wolf tocou corajosamente perante uma plateia a transbordar de desejo em ouvir verdadeiras cavalgadas à moda de The Machine e Sungrazer, e isso retirou (infelizmente) muita da alma que Alex keiling empunhara na ponta dos seus dedos e cordas vocais. Seja como for, entoei os seus temas para mim mesmo e não deixei que todo aquele ruído sonoro me prendesse. Curto mas meloso o concerto deste senhor que não é nada mais que um sincero trovador do que mais atormenta a alma humana. 

Agora sim, os gritos entusiastas da plateia faziam sentido: The Machine em palco e a minha segunda vez em frente a eles. The Machine foi uma verdadeira injecção de adrenalina que nos fez descolar rumo a Neptuno. Sou um admirador confesso do guitarrista David Eering (não consigo deixar de o comparar ao Josh Homme nos áureos tempos de Kyuss) pelos rebentos de beleza que a sua guitarra faz florescer na atmosfera sonora. Os seus riffs provocam intensas convulsões delirantes que nos arrastam para os mais distantes lugares da consciência. The Machine é um longo espectro que viaja entre o rock psicadélico mais lisérgico e o stoner rock mais doomesco com riffs capazes de demolir paredes e almas. 

Quanto a Sungrazer, a própria banda já se começa a habituar às minhas feições (vistos pela 3ª vez ao vivo – Cascais, Sonic Blast e Armazém do Chá). Já me é mecânico acompanhar para mim mesmo as graves linhas do baixo. Foi mais um belo concerto destes senhores que são selo Elektrohasch. O último capítulo desta noite memorável começou justamente com um dos meus temas favoritos (“Sea”) com a sua passagem hipnótica e viajante “não” aconselhável a quem permanece de olhos fechados pelo seu músculo tremendamente onírico. Novamente o polegar levantado a este trio – também – holandês. Antes de voltar as costas ao Armazém do Chá, tempo ainda para levar o “Solar Corona” (o meu álbum favorito de The Machine) comigo de regresso às montanhas familiares.

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