sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cinema de Maio

Earthlings (2005) de Shaun Monson
When Worlds Collide (1951) de Rudolph Maté
Conquest of Space (1955) de Byron Haskin
Twelve Monkeys (1995) de Terry Gilliam
Ride Him, Cowboy (1932) de Fred Allen
Texas Chainsaw 3D (2013) de John Luessenhop
Warm Bodies (2013) de Jonathan Levine
House of Wax (1953) de André De Toth
Alice in Acidland (1969) de John Donne
*Rome (2005) de Bruno Heller, William J. MacDonald e John Milius
New World Order (2009) de Luke Meyer e Andrew Neel
House of Usher (1960) de Roger Corman
The Endless Summer (1966) de Bruce Brown
Man of the West (1958) de Anthony Mann
Eraserhead (1977) de David Lynch
Groundhog Day (1993) de Harold Ramis
Singin’ in the Rain (1952) de Stanley Donen e Gene Kelly




*Série Televisiva 

over my shoulder

Chegou com os primeiros raios de sol que se esperneiam pela madrugada citadina. Chegou e adormeceu no meu peito enquanto ainda este se adaptava à estranha e reconfortante sensação que é viver a morte de um receio tão grande que chegara a assombrar a minha mais verdadeira aspiração. Chegou e sussurrou-me nunca mais partir. Com Ela chegou, também, a imperecível harmonia tão resplandecente e feliz. Chegou a apaziguante serenidade que nos amortalhou o peito e estancou o que de mais inseguro habitava em nós. Foi a certeza de uma vida. A certeza que a própria verdade hasteia com vaidade e determinação. Foi a certeza de um amor. O ar tornou-se leve e perfeitamente respirável. A alma tornou-se um veleiro que desbrava os infinitos mares da ataraxia e leviandade. Hoje dormes recostada ao meu ombro. O teu rosto confessa seres verdadeiramente feliz, e a tua respiração manifesta o quão forte é o vento que sobrevoa o que te sou. Poderia estar toda uma vida e tantas outras mais a olhar-te dormir junto a mim. Poderia estar toda uma infinidade a sentir o calor da tua expiração espalhar-se em mim e fundir-se com a minha, pois dizem as mesmas palavras. Dizem as mais belas palavras que o amor algum dia gritou aos céus. Trazem consigo presságios edificados a dois, visões de um futuro que o presente embeleza e atrai a si mesmo. Somos a praia onde todos os nossos sonhos dão à costa.  

Stoned from the Underground 2013

Acid King (USA)
The Atomic Bitchwax (USA)
Been Obscene (AT)
Black Bombaim (PT)
Deville (SWE)
Earthless (USA)
Five Horse Johnson (USA)
The Gates of  Slumber (USA)
Hercules Propaganda (GER)
Horisont (SWE)
Hyne (GER)
Isoptera (GER)
Lord Vicar (FIN)
Lowrider (SWE)
Mirror Queen (USA)
Mustasch (SWE)
Operators (GER)
Pelican (USA)
Pothead (GER)
Sardonis (BEL)
Trecker (GER)
Troubled Horse (SWE)
Truckfighters (SWE)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Los Natas - Tomatito (Toba Trance vol.II)

Si te digo que soy
La tierra que baña el firmamento
Si te digo que voy
Toreando la corrida de la vida

Si te digo que soy
El agua que recorre estos caminos
Si te digo que soy
El que baila paso a paso con la muerte

Te mentiría.

sweet smell of 60's


Tully - Sea of Joy (1971)

Imaginem-se nas costas australianas de olhar atracado no firmamento que sobrevoa o oceano. Imaginem-se beijados pelo sol resplandecente e abraçados pela brisa com hálito primaveril. “Sea of Joy” é a praia perfeita onde o mar se espreguiça ao longo do areal. É a prazerosa contemplação da serenidade que nos amortalha e conquista. São discos como este que me fazem querer ter nascido nas áureas décadas de 60 e 70 e respirado tudo o que de melhor floresceu nessa época tão fértil. Este disco encerra uma doce fragância que perpetua o verão em nós. Faz-nos sentir os amados irmãos do sol. É um verdadeiro caleidoscópio onde as cores se dissipam e ajuntam mutuamente. Uma verdadeira terapia onde o outono e o inverno são palavras estrangeiras. É aqui, nesta praia, que todos os sonhos dão à costa e se engrandecem perante o nosso olhar de pálpebras cerradas. Acredito que seja tocado pelo sol e cantado pela lua. Acredito que se todos pisarmos esta terra proveniente do paraíso, seremos verdadeiramente mais felizes. Eu sou.      

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Vintage Cucumber - Mc Goyl Style (2012)

Sejam bem-vindos a um local onde a sobriedade não existe. Onde nos perdemos entre a imensidão e a eternidade de um espaço incógnito. Onde nos encontramos num estado de constante levitação e alucinação. É para esta experiência espiritual que o astronauta germânico Johannes Schulz nos convida. “Mc Goyl Style” é o querosene que impulsiona a nossa alma para bem longe da compreensão humana. Pelos meandros do rock psicadélico, rock espacial e rock progressivo, este álbum é a escapatória perfeita para os terrestres inconformados. É uma verdadeira odisseia que desbrava a idade e o tamanho do cosmos. Johannes Schulz não promete o regresso a casa aos destemidos que se aventurem a viajar universo adentro, mas garante uma agradável jornada onde os nossos sentidos são domesticados e adormecidos pela beleza do paralelismo que nos acompanha. Respirem estas apaziguantes brisas que anestesiam a cognição e velejam os rios da nossa alma. A ebriedade é céu e terra em “Mc Goyl Style”. Depois de conhecer este universo brilhantemente construído por Johannes Schulz, recuso-me a regressar à Terra. Escrevo-vos a milhões de anos-luz onde a vida não domina (isto apesar de jurar ter ouvido o uivo de um coiote). Aterrem a vossa consciência neste disco e sintam-na dispersar rumo ao infinito.

Ouvir Johannes Schulz é “um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade.


BANDCAMP (clique aqui para ouvir)


P.S.: Segundo o próprio (Johannes Schulz), ainda este ano será lançado um split com o Felipe Arcazas! É aguardar que esse novo evangelho chegue à nossa igreja.

Avé, Alejandro Jodorowsky

“I believe that the only end of all human activity - whether it be politics, art, science, etc. - is to find enlightment, to reach the state of enlightenment. I ask of film what most North Americans ask of psychedelic drugs. The difference being that when one creates a psychedelic film, he need not create a film that shows the visions of a person who has taken a pill; rather, he needs to manufacture the pill.”

Alejandro Jodorowsky (El Topo)

a neverending Sunrise *


Johnny Winter - Johnny Winter And (1970)

Este disco de um dos padroeiros do Blues é tão meloso quanto o trago de um whiskey americano. O eremita de cabelos grisalhos e feições sepulcrais (Johnny Winter) convocou Rick Derringer e juntos edificaram este disco de presença obrigatória no espólio de qualquer melómano que se preze. “Johnny Winter And” nasceu em 1970, fruto da atraente relação entre o Blues mais refinado e o Hard Rock mais robusto. É um disco de assinalável elegância e volúpia. As duas guitarras sobrepõem-se e arrancam numa orgia de gritos electrizantes que se adensam mutuamente numa disputa à qual os nossos sentidos respondem prontamente com estímulos prazerosos. Imaginem um bar provinciano de um qualquer estado sulista dos EUA recheado de motards que embatem de forma rítmica com o pé no soalho e imitam gestualmente vistosos solos de guitarra (enquanto o whiskey pendula no interior dos copos perfilados sobre o balcão). É nessa atmosfera sombria onde o sol demonstra timidez que “Johnny Winter And” pode ser encontrado. Apurem as vossas papilas gustativas e deliciem-se com este álbum proveniente do lado mais sedutor que o Blues ostenta.