Chegou com os primeiros raios de
sol que se esperneiam pela madrugada citadina. Chegou e adormeceu no meu peito
enquanto ainda este se adaptava à estranha e reconfortante sensação que é viver
a morte de um receio tão grande que chegara a assombrar a minha mais verdadeira aspiração. Chegou e
sussurrou-me nunca mais partir. Com Ela chegou, também, a imperecível harmonia
tão resplandecente e feliz. Chegou a apaziguante serenidade que nos amortalhou
o peito e estancou o que de mais inseguro habitava em nós. Foi a certeza de uma
vida. A certeza que a própria verdade hasteia com vaidade e determinação. Foi a
certeza de um amor. O ar tornou-se leve e perfeitamente respirável. A alma
tornou-se um veleiro que desbrava os infinitos mares da ataraxia e leviandade.
Hoje dormes recostada ao meu ombro. O teu rosto confessa seres verdadeiramente feliz, e a
tua respiração manifesta o quão forte é o vento que sobrevoa o que te sou.
Poderia estar toda uma vida e tantas outras mais a olhar-te dormir junto a mim.
Poderia estar toda uma infinidade a sentir o calor da tua expiração espalhar-se
em mim e fundir-se com a minha, pois dizem as mesmas palavras. Dizem as mais
belas palavras que o amor algum dia gritou aos céus. Trazem consigo presságios
edificados a dois, visões de um futuro que o presente embeleza e atrai a si
mesmo. Somos a praia onde todos os nossos sonhos dão à costa.
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