segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cinema de Junho

Rocky Mountain (1950) de William Keighley   ★★★
Inside Llewyn Davis (2013) de Ethan Coen & Joel Coen   ★★★★
One Million Years B.C. (1966) de Don Chaffey   ★★
The Grand Budapest Hotel (2014) de Wes Anderson   ★★★★★
Guess Who’s Coming to Dinner (1967) de Stanley Kramer   ★★★★
The Abominable Dr. Phibes (1972) de Robert Fuest   ★★★★
The Bourne Ultimatum (2007) de Paul Greengrass   ★★★★
One, Two, Three (1961) de Billy Wilder   ★★★★
The Dirty Dozen (1967) de Robert Aldrich   ★★★★
La Guerre du Feu (1981) de Jean-Jacques Annaud   ★★★
Walkabout (1971) de Nicolas Roeg   ★★★★★
Enemy (2013) de Denis Villeneuve   ★★★★
The Life Aquatic with Steve Zissou (2004) de Wes Anderson   ★★★
Philomena (2013) de Stephen Frears   ★★★★
Blue Ruin (2013) de Jeremy Saulnier   ★★★
The Broken Circle Breakdown (2012) de Felix Van Groeningen   ★★★★★
Woodstock (1970) de Michael Wadleigh   ★★★★
Heartworn Highways (1976) de James Szalapski   ★★★★
The Train (1964) de John Frankenheimer   ★★★★
Polytechnique (2009) de Denis Villeneuve   ★★★
The Pearl of Death (1944) de Roy William Neill   ★★★
The Letter (1940) de William Wyler   ★★★★
The Thin Blue Line (1988) de Errol Morris   ★★★★
Man on Wire (2008) de James Marsh   ★★★★

"Tristessa" de Jack Kerouac


Terminei de ler aquele que é dado como o livro favorito de Jack Kerouac, “Tristessa”. Apesar da minha inabalável devoção pelo “On the Road” e, principalmente, pelo “Big Sur”, confesso que Tristessa é um livro muito especial, escrito com todo o amor possível e impossível.


"O semblante frágil e sem pecado da pobre Tristessa, a coragem trémula do seu corpito devastado pela droga, que um homem poderia atirar três metros ao ar sem esforço algum – a mescla de morte e beleza – a forma pura em todo o seu esplendor ali parada diante de mim, todos os suplícios e torturas da beleza sexual, o seio, o ramo de árvore do tronco, a mulher-amálgama-caótica que apetece abraçar, e, ainda que alguma meçam um metro e oitenta, podemos dormir-lhes de noite sobre o ventre, qual sesta numa colina-fêmea, suave e sonhadora – como Goethe aos 80 anos, temos noção da futilidade do amor e encolhemos os ombros – encolhemos os ombros, repelindo o beijo cálido, a língua e os lábios, o repuxar da cintura esguia, toda aquela massa quente e flutuante que se comprime contra nós – a mulherzinha – por quem os rios correm e os homens caem do alto de escadotes – os dedos esguios e frios e longos e morenos das mãos de Tristessa, lentos, despreocupados e ociosos, como lábios ao unirem-se – a noite Espanhola onde Tristessa tem a sua funda lura de amor, as touradas nos seus sonhos que tu e eu povoamos, a indolente rosa de chuva contra o rosto ocioso – e todos os encantos concomitantes de uma mulher encantadora por quem um jovem num país longínquo deveria desejar permanecer por lá – eu viajava em círculos na América do Norte, revivendo incontáveis tragédias cinzentas."
Jack Kerouac, Tristessa