Depois de ouvido pela primeira
vez o estreante disco dos belgas supersónicos The Fur, sinto-me completamente
abalado e paralisado com a atmosfera intensamente embriagada e arrebatadora que
este encerra. Uma estonteante e conquistadora viagem pelos meandros da doce
leviandade, num constante exorcismo capaz de nos desviar a lucidez tão para lá
da acordada percepção. Uma encantadora e resplendorosa descarga que nos dilata
as pupilas e convida à eterna e desejada submissão. Sintam-se respirados por
uma guitarra uivante e extravagante que se torce e contorce numa hipnótica e
prazerosa dança capaz de nos conduzir aos lisérgicos braços do transe.
Respondam a um baixo modorrento que exala pesadas e arrastadas rajadas
groove’scas numa ambiência enevoada e dominada pela combustão extasiante. Percam-se
nas batidas acordadas de uma bateria lasciva e volúvel que se passeia com
singularidade pela infinidade de um cosmos bocejante. The Fur é a salivante
fusão entre o Stoner, Psych e Space Rock resultando numa constante levitação
aos distantes céus da satisfação. É, sem a mais pequena dúvida, um dos discos
mais entorpecedores de que tenho memória. Uma odisseia de inenarrável beleza
pelas etéreas autoestradas do firmamento da introspecção narcotizada.
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