É ainda órfão de grande parte das
minhas faculdades sensitivas e de coração a rufar que vos escrevo sobre o novo
disco de Blown Out. Este trio inglês dá assim continuidade à perdurável ressaca
deixada pelo hipnótico antecessor “Drifting
way out between Suns” de 2014 (review aqui). Ainda que estando a cerca de um mês do seu
lançamento oficial, foi-me dada a inolvidável e gratificante possibilidade de escutar “Jet Black Hallucinations” na íntegra. E
devo começar por confessar que não será nada fácil recompor-me depois de todo
este exorcismo a que me submeti quando iniciei a audição do disco. Muito
dificilmente não será o disco do ano (com as devidas reservas e expectativas
para com o “Planetry Engineering” –
outro disco de Blown Out ainda em período de gestação e que será lançado pouco tempo
depois deste).
No que a jam diz respeito, “Jet Black
Hallucinations” é oficialmente o disco que mais mexe comigo (os Earthless
que me perdoem). Ele causara em mim uma verdadeira expansão de euforia à qual
não consigo dedicar os mais justos adjectivos. Ao longo dos seus salivantes 38
minutos de duração, testemunhei a emancipada radiação cósmica trespassar o
litoral da minha consciência e enfeitiçar-me sem qualquer reserva. E foi assim
- em paralisia - que assisti a esta perfeita detonação de prazer. Testemunha
privada de um ritual capaz de abalar a ordem do Universo e da percepção humana.
O guitarrista Mike Vest catapultou a sua imagem para os mais elevados céus da minha
consideração. Ao volante da sua indomesticável guitarra, Mike Vest induz-nos a
um vivido estado de hipnose. Uma vertiginosa odisseia pela profundidade do
Espaço. Delirem com os seus solos orgásmicos que se espreguiçam Universo
adentro, um vómito de euforia tantalizante que nos agita e projecta para os
braços do Cosmos narcotizado. O baixo denso, modorrento e de cadência rítmica
verdadeiramente sedutora e extasiante passeia-se numa estonteante espiral que
nos engole e domina, e a bateria tiquetaqueia com enorme sentido rítmico toda esta
perpétua convulsão de prazer dedilhado. “Jet
Black Hallucinations” é uma perfeita injecção de adrenalina. O agradável e
estimulante desmaio da consciência e o irrecusável convite à transcendência da
alma rumo a firmamentos celestiais. Desprendam as amarras gravitacionais que
vos mantém escravos da realidade terrena e sintam-se ecoar pelas fronteiras do
infinito cosmológico ao som de Blown Out. Este disco colidira em mim de
forma irreversivelmente conquistadora. A ele devo a eterna devoção.
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