sábado, 3 de outubro de 2015

Belzebong | "Greenferno" (2015)

A impaciente espera terminou! “Greenferno”: o novo disco do quarteto polaco Belzebong está aí, e devo antecipar que – em relação aos efeitos psíquicos – não existe qualquer diferença entre escutar este disco e inalar os ares psicotrópicos da cannabis. Euforia, sensação de bem-estar, sonolência, sedação, síndrome de ansiedade, (…) são alguns dos desejados e alcançados sintomas quando respirados os viscosos e fumarentos riffs oriundos do lado mais entorpecido do Psych Doom. Vizinhos terrenos e musicais dos incontornáveis Dopelord e Major Kong, Belzebong tem dedicado toda a sua existência à adoração do THC (tetraidrocanabinol), traduzindo o seu misticismo esverdeado para os domínios da música. Com o recurso a samples cirurgicamente amputados de horror cult films que – de forma intensamente fascinante – amortalham os espessos, gigantescos e nebulosos riffs, “Greenferno” representa a penetrante e estimulante levitação da nossa consciência rumo ao paraíso narcótico. As duas guitarras adensam-se numa morfínica dança de atmosfera incrivelmente anestesiante que nos prende do primeiro ao último acorde. Os seus riffs lentos, robustos e sobrecarregados de endorfina são erigidos e conduzidos com imensa destreza e sensibilidade. O baixo de linhas vagarosas, pesadas e orgânicas implode numa hipnótica oscilação que nos absorve com tremenda facilidade. A bateria disfere a sua ofensiva rítmica nas zonas nevrálgicas do riff, acelerando e expandindo a paralisante exaltação por eles transpirada. Há bem pouco tempo, tive a honrosa oportunidade de assistir a Belzebong ao vivo no Sonic Blast (edição de 2015), que simbolizou uma perfeita celebração psicotrópica à qual ninguém se recusou comungar. Regresso deste “Greenferno” completamente devastado pela ébria radiação que este desprende. Vivenciem este poderoso soporífero e sintam-se perecer numa tranquilizante desistência pela subsistência da lucidez. Este é, sem dúvida, um dos grandes discos do ano. 

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