quinta-feira, 31 de março de 2016

Cinema de Março

Domicile Conjugal (1970) de François Truffaut   ★★★★
The Deer Hunter (1978) de Michael Cimino   ★★★★★
Human (2015) de Yann Arthus-Bertrand   ★★★★★
Spring Breakers (2012) de Harmony Korine   ★★☆☆☆
Trainspotting (1996) de Danny Boyle   ★★★★★
Detroit Rock City (1999) de Adam Rifkin   ★★★☆☆
The Diary of a Teenage Girl (2015) de Marielle Heller   ★★★★
Youth (2015) de Paolo Sorrentino   ★★★★
The True Cost (2015) de Andrew Morgan   ★★★★★
Amy (2015) de Asif Kapadia   ★★★★
Fargo S02 (2015) de Noah Hawley   ★★★★★
Inequality for All (2013) de Jacob Kornbluth   ★★★★
Tangerine (2015) de Sean Baker   ★★★☆☆

Review: ⚡ Hotel Wrecking City Traders - 'Phantamonium' (2016) ⚡

Está aí o mais recente álbum do power-duo australiano Hotel Wrecking City Traders. Lançado oficialmente no passado dia 18 de Março via Evil Hoodoo, este quarto álbum chamado ‘Phantamonium’ vem sobrecarregado de um Heavy Psych de natureza astral que nos embacia a consciência com a sua densa e psicotrópica poeira estelar. A sua sonoridade imensamente fascinante e viajante tem a capacidade de nos fazer transcender universo adentro deixando para trás o nosso corpo completamente inanimado. Deixem-se transviar nesta alucinante odisseia promovida pela banda natural da cidade de Melbourne e expandam a vossa alma pelos admiráveis, vastos e ondulantes lençóis cósmicos. Toda esta encantada ignição espiritual é provocada pela espantosa consonância entre uma guitarra deificada que fecunda todo o espaço sideral numa vertiginosa performance de onde desprende delirantes e hipnóticos solos e edifica poderosos e intoxicantes riffs capazes de nos enlevar, e uma bateria galopante e empolgante que fustiga todas as sagradas indagações da guitarra com uma impressionante e instigante condução rítmica capaz nos libertar e obrigar a dançá-la de forma sentida, extravagante e efusiva. ‘Phantamonium’ é um disco forjado pelos astros. Uma embriagante passeata intergaláctica que nos transporta às mais longínquas e recônditas costuras de um cosmos bocejante. Deixem-se enfeitiçar por este Heavy Psych amortalhado e massajado por um maciço, nebuloso e envolvente manto de efeitos experimentais que intensifica toda esta redentora e tantalizante comoção de prazer. ‘Phantamonium’ cumpre as minhas elevadas expectativas e representa um dos melhores álbuns nascidos em 2016. Inalem este poderoso emancipador de consciências e gravitem a órbita de ‘Phantamonium’ ao longo dos seus 42 minutos de duração numa das mais incríveis e enriquecedoras evasões conscienciais da vossa existência. De salientar ainda o fantástico artwork criado pelo afamado Mike Eginton (Earthless).

Review: ⚡ Temple of Dust - 'Capricorn' (2016) ⚡

De Monza, Itália chega-nos este poderoso Heavy Psych de feições Doom’escas, alcoolizado e condimentado pelo elegante Blues. ‘Capricorn’ é o álbum de estreia do power-trio Temple of Dust que conta no seu conteúdo com os temas provenientes dos anteriores EP’s (‘Capricorn EP’ e ‘Requiem for the Sun’) lançados em 2014 e 2015, respectivamente. A sua sonoridade vigorosa e dinâmica faz dele um disco tremendamente irresistível e de resposta comportamental extravagante e convulsiva a todos aqueles que ousarem enfrentá-lo. Lançado no passado mês de Fevereiro via Phonosphera Records no formato de vinil, este álbum encerra uma complexa mistura musical de onde se desprendem e destacam o Heavy Psych enérgico e delirante, o Blues espirituoso e serpenteante, o denso e reverberante Doom, e ainda discretas evocações ao Prog e Space Rock que massajam e tranquilizam toda esta possante e instigante descarga sonora. Todos estes ingredientes em consonância resultam numa crescente cavalgada que nos esporeia e emociona. Soltem as cabeças na resposta a uma inquisidora guitarra que se ergue dos mais profundos e sepultados abismos aos mais altos e sidéricos céus estelares. Os seus riffs soberanos, intoxicantes e obscuros despertam, agigantam-se e desmaiam em gélidos e espaciais solos que nos soterram num profundo estado de inércia. Baloicem ao som de um baixo vibrante, lento e pujante que nos atemoriza com a sua sombria e pesada radiação. Sintam-se transviar efusivamente numa implosão espiritual promovida pelas impressionantes ofensivas de uma bateria trovejante e fulgurante, e perscrutem uma voz espectral, cavernosa e obscurantista que se soergue dos mais desolados lugares do Cosmos e tinge todo o restante instrumental com os seus enigmáticos domínios. ‘Capricorn’ é um disco verdadeiramente redentor que nos exorciza e projecta universo adentro. Respirem toda a sua matéria negra e sintam-se levitar pelas verticais autoestradas da alma rumo ao desconhecido.