Review: ⚡ Pottwal - ‘Double Space’ (2016) ⚡

Da Alemanha chega-nos uma das mais fascinantes e auspiciosas indagações espaciais dos últimos anos. ‘Double Space’ é o álbum de estreia do quinteto Pottwal e vem nutrido de um lenitivo e viajante Space Rock, aliado a um árido e formoso Psych Rock, e com indiscretos chamamentos ao elegante e dançante Prog Rock capazes de nos polvilhar a alma com uma densa e envolvente poeira estelar. Estes cinco astronautas de instrumentos apontados aos lugares mais idosos e intangíveis do Cosmos bocejante, presenteiam-nos com uma hipnótica, anestésica e deslumbrante odisseia pela verticalidade sideral. É demasiado fácil sentirmo-nos levitar – numa plena submissão à servidão gravitacional deste disco de alma nómada – pelas longínquas costuras de um vasto e sonolento universo que se espreguiça e desdobra pela infinidade adentro. ‘Double Space’ encerra uma embriagante fragância suspirada pelos astros que nos amolece, embalsama e extasia. Desamarrem-se da gravidade consciencial e mergulhem no profundo oceano cósmico à boleia de duas guitarras endeusadas que se enlevam nos seus mélicos e comoventes acordes e lisérgicos, delirantes e ululantes solos que nos trespassam e estimulam, um baixo errante e contemplativo de bailados vagarosos, reverberantes e ondulantes que dão à nossa costa e nos tantalizam, uma bateria cariciosa e relaxante que nos massaja o cerebelo com a sua envolvente e afagante condução rítmica, um sintetizador celestial responsável pela criação de uma resplandecente e encantadora atmosfera que nos abraça, estimula e enfeitiça, e ainda uma voz agradável, macia e voluptuosa que se passeia com delicadeza pela ambiência sonhadora de ‘Double Space’. Este é um álbum que nos desata pela abundância astral. Um álbum que nos prende do primeiro ao último tema. Inalem e reverenciem este etéreo suspiro estelar dado à costa do planeta Terra e agigantem-se numa emocionante eclosão espiritual. 

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Review: ⚡ Lightbulb Vaporizer - ‘Free the Leaf’ (2016) ⚡

‘Free the Leaf’ é o álbum de estreia dos canadianos Lightbulb Vaporizer que encerra uma envolvente e deslumbrante jam de efeitos psicotrópicos que prontamente nos inala e afaga a lucidez. Fundamentado num agradável e lenitivo Psych Rock de natureza imensamente encantadora que nos transporta pela sedosa e mélica ondulação de um viscoso fluxo de THC, este ‘Free the Leaf’ é um álbum que nos massaja, entorpece e em nós instaura uma plena sensação de bem-estar. A sua ambiência densamente nebulosa petrifica-nos num intenso estado de meditação conduzida e instigada por uma guitarra sonhadora que se serpenteia e envaidece nos seus uivantes e delirantes solos, uma bateria jazzística de condução hipnótica, suave e tranquilizante que nos enfeitiça e prazenteia, e um baixo deliciosamente ritmado, robusto e pulsante que vagueia harmoniosamente pela alma deste poderoso canabinóide via auditivo. ‘Free the Leaf’ enleva-nos à medula do transe, numa sagrada e duradoura levitação espiritual de encontro ao mais resplandecente estádio de êxtase. Embrenhem-se nesta dança gravitacional com a acinética sonoridade de ‘Free the Leaf’ que vos amortalhará e seduzirá numa fantástica e admirável odisseia pelo vasto e misterioso universo onírico. Entreguem as rédeas da vossa consciência aos ataráxicos domínios de ‘Free the Leaf’ e sintam-se desprender e emancipar pelos aveludados, esverdeados e morfínicos céus de Lightbulb Vaporizer. Um dos discos mais embriagantes do ano está aqui.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Review: ⚡ Montenegro - ‘Vivo’ (2016) ⚡

Da populosa cidade de Buenos Aires chega-nos ‘Vivo’, o novo e segundo álbum lançado pelo power-trio argentino Montenegro. Tal como o seu título sugere, este álbum capta a magnetizante, nebulosa e fascinante performance ao vivo (no Detroit Club @ Morón, Argentina) destes jovens pregadores do Heavy Psych de nacionalidade argentina. Descendentes da pesada herança deixada por Pappo’s Blues, a vibrante sonoridade de Montenegro conduz-nos numa envolvente, intensa e alucinante odisseia pela alma de dois universos distintos. ‘Vivo’ encerra paisagens sonoras de natureza analgésica, relaxante e meditativa que nos embalam e amenizam, assim como outras de ares conturbados, densos e desvairados que nos libertam e euforizam sem a mais pequena réstia de inibição. Endoideçam ao som de uma guitarra extasiante que desprende solos verdadeiramente provocantes, hipnóticos e estonteantes capazes de nos fazer estremecer e transcender de adrenalina, e que se agiganta em corrosivos, dinâmicos e possantes riffs que nos cortejam e comovem com tremenda facilidade. Movimentem a cabeça de encontro a uma bateria acrobática de estimulante e criativa orientação rítmica, e sombreiem-se na pulsante, torneada e revigorante dança de um baixo maciço que galopa e robustece com saliência toda esta extraordinária e vertiginosa montanha-russa. ‘Vivo’ é um álbum que nos circunda, exalta e amortalha num profundo e duradouro estado de arrebatamento. Os seus 33 minutos de duração desdobram-se em tantos mais, já que ‘Vivo’ é um álbum que nos incita a múltiplas audições. Deixem-se persuadir pela tantalizante e mutuamente excitante essência de Montenegro, e testemunhem a eclosão da consciência pela vasta e deslumbrante intimidade estelar.