Da cidade norueguesa de Trondheim chega-nos o novo e admirável
trabalho do quarteto nórdico Black Moon
Circle batizado ‘The Studio Jams Vol 2: Serpent’ e lançado no passado dia 9 de
Novembro em formato de vinil (numa edição limitada de 300 cópias físicas) via Stickman Records / Crispin Glover Records. Este
álbum de natureza estelar representa a continuidade da fantástica exploração
espacial iniciada no verão de 2015 com a criação de ‘The Studio Jams Vol 1: Yellow
Nebula in the Sky’ e encerra uma morfínica, envolvente e psicotrópica jam instrumental que nos desamarra das
âncoras gravitacionais e impulsiona na direcção das mais recônditas, gélidas e distantes
estrelas. Estes quatro astronautas de instrumentos empunhados aventuram-se na
intimidade de um Cosmos inóspito, sombrio e bocejante, desbravando todo um horizonte
que se desdobra pela infinidade fora. A sua sonoridade fascinante, hipnótica e
narcotizante tem no comum mortal um efeito lenitivo que o abraça, seduz e
conduz ao longo de toda esta espantosa e solitária odisseia pelos meandros do Space Rock em erótica cumplicidade com
o Psych Rock. Sintam a sagrada
ascensão da vossa espiritualidade ao sidérico e enigmático som de uma guitarra celestial
que se inflama em desvairados, uivantes e desalinhados solos que se soerguem e extraviam,
um baixo pulsante, robusto e dançante – de ritmicidade constante – que governa e
tonifica toda esta ramificação sonora que fecunda os negros solos do Cosmos,
uma bateria de atraentes acrobacias – orientadas a destreza e subtileza – que
emprestam entusiasmo e emoção a esta passeata pelos aveludados desertos cor de
noite, e um deslumbrante sintetizador que em nós vomita uma radiância alienígena
capaz de nos colonizar e exorcizar. ‘The Studio Jams Vol 2: Serpent’ é
um álbum que nos arremessa a consciência pelas profundezas do Universo adormecido.
Entreguem-se a este prazeroso fluxo que vos carregará a alma nesta relaxante
odisseia sem destino configurado. Empoeirem-se na sua matéria estelar e
vivenciem um dos álbuns mais etéreos de 2016.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Review: ⚡ Kanoi - 'Mountains of the Sun' (2016) ⚡
Depois de no já distante mês
de fevereiro deste mesmo ano ter elogiado o EP ‘Blue Sky, Sunshine’ (review
aqui) e a admirável capacidade deste multi-instrumentista austríaco em
conciliar na perfeição a quantidade com a qualidade na sua discografia, o seu
mais recente álbum obriga-me a dedicar-lhe novamente protagonismo. ‘Mountains
of the Sun’ é o seu último trabalho e vem regado de um psicadelismo
saturado que nos envolve num anestésico, prazeroso e nebuloso encantamento.
Lançado ontem pela mão do selo Gasstation
Rainbow Records numa edição limitada em CD (de apenas 100 cópias físicas
disponíveis), ‘Mountains of the Sun’ é – muito provavelmente – o meu álbum
favorito de Kanoi. A sua ambiência
sonhadora destila um fascínio que nos mantém a ele atrelados do primeiro ao
derradeiro tema. Baseado numa extasiante mistura entre o deslumbrante Psych Rock, o sidérico Space Rock e o hipnotizante Krautrock, este álbum distende-nos das
douradas, macias e fervilhantes dunas do deserto às mais idosas, gélidas e
secretas cicatrizes de um Cosmos embriagado. A nossa consciência é passeada ao
sabor das afagantes brisas sonoras de Kanoi,
provocando em nós um perfeito estádio de ataraxia que nos paralisa o corpo e
desprende a alma rumo às profundezas de um céu cor de noite. Deixem-se conduzir pelo estimulante universo onírico de ‘Mountains
of the Sun’ ao etéreo e agradável som de uma guitarra liderante que se
manifesta em contemplativos, pacíficos e sedutores riffs que nos massajam e amenizam, e se transcende em uivantes, vertiginosos
e ecoantes solos capazes de nos inundar num profundo oceano de delírio e
prazer. Pendulem ao dançante som de um baixo de murmúrios possantes, arrastados
e oscilantes que escolta firmemente os devaneios da guitarra, banhem-se na
mágica radiação exalada por um magnífico sintetizador de incríveis e magnetizantes
bailados, bamboleiem a cabeça em resposta a uma estimulante bateria de
ritmicidade constante e dissolvam-se na narcose de uns vocais límpidos, melosos
e espaciais que sobrevoam alegremente a adorável atmosfera de ‘Mountain
of the Sun’. Entreguem-se a esta sublime fragância sonora abençoada
pelas estrelas e sintam a doce inércia amortalhar a vossa lucidez.
domingo, 27 de novembro de 2016
sábado, 26 de novembro de 2016
Review: ⚡ The Mountain Season - ‘The Mountain Season’ (2016) ⚡
Do outro lado do Atlântico
chega-nos o apaixonante, enérgico, primoroso e entusiasmante Heavy Psych N’ Blues do power-trio brasileiro The Mountain Season. Alicerçado numa
sonoridade deliciosamente ritmada, poderosa e elegante – repescada dos dourados
70’s – este disco homónimo é detentor de uma vivacidade verdadeiramente contagiante
que nos provoca e excita ao longo dos seus 31 minutos de duração. Esta
encantadora fragância sonora intoxica e inebria a nossa alma, imortalizando-a
num estado de total exaltação que nos inquieta de forma constante e extravagante.
Dancem detidamente ao sensual e envolvente som de uma guitarra esplendorosa –
conduzida a perícia e emoção – que se esperneia em riffs tremendamente sumptuosos, vigorosos e fascinantes e se excede
em serpenteantes, corrosivos e alucinantes solos que nos golpeiam e
enlouquecem. Estremeçam na instintiva resposta aos vocais cavernosos,
musculados e combativos que incendeiam toda a arrebatadora atmosfera de ‘The
Mountain Season’. Pendulem os vossos corpos sobressaltados ao ondulante
som de um baixo robusto, torneado e dinâmico – de linhas hipnóticas, fibradas e
empolgantes – que empunha com firmeza e destreza as rédeas da guitarra. Sintam-se
banhados pelas ininterruptas erupções de adrenalina detonadas por uma bateria galopante
que – com as suas investidas portentosas, retumbantes e fulgurantes – tonifica toda
esta estonteante descarga de prazer em estado musical. Este é um disco que nos
mantém entregues a uma redentora agitação, impelindo-nos a vivenciá-lo numa
intensa e frenética cavalgada que nos esporeia do primeiro ao último tema. ‘The
Mountain Season’ transpira lubricidade e exuberância, numa extasiante
conjugação que prontamente nos conquista e inebria. Enfrentem como puderem toda
esta soberana e desgovernada avalanche de euforia que entupirá todos os poros
da vossa lucidez. Um dos discos mais electrizantes de 2016 está aqui, na fervilhante
e conturbada alma de The Mountain Season.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Review: ⚡ Buddha Sentenza - ‘Semaphora’ (2016) ⚡
Apesar de ainda caminharmos
pelos terrenos temporais de 2016, o ano de 2017 começa já a edificar-se no
firmamento e a solicitar a nossa atenção com a proclamação de novos e
aguardados lançamentos musicais. Neste caso falo-vos do terceiro e novo álbum
da banda germânica Buddha Sentenza
designado de ‘Semaphora’ e com o lançamento agendado para o próximo dia 15
de Janeiro nos formatos físicos de CD e LP via World In Sound. Apesar de nos situarmos ainda a sensivelmente dois
meses da data do seu nascimento oficial, foi-me enviada esta agradável surpresa em
formato físico pelo selo alemão (ao qual agradeço publicamente), e – portanto –
não resistira a ouvi-lo detidamente logo assim que o recebera. Baseado num
perfumado, fascinante e requintado Heavy Psych
Rock – condimentado e conduzido por um sublime, charmoso e carismático Prog Rock – este ‘Semaphora’ encerra um
misticismo de criação oriental que nos envolve e hipnotiza. A sua sonoridade
lenitiva leva-nos a passear pela imaculada e nirvânica religiosidade do nosso
Cosmos interior, testemunhando e vivenciando na primeira pessoa todo um pleno
estádio de quietude e comodidade que nos acaricia do primeiro ao derradeiro
tema. Sintam-se afagados pelos magníficos, mélicos e extasiantes acordes e
incitados pelos exuberantes, uivantes e encantadores solos de duas guitarras
deificadas que se cortejam com admirável extravagância. Inebriem-se ao
intrigante som de um teclado luxuoso de imponentes, excêntricos e sedutores
bailados capazes de nos enfeitiçar com intensa exuberância. Agitem-se
prazerosamente na instintiva resposta a uma bateria movida a destreza, sensibilidade
e elegância, e nos contagia com a sua harmoniosa ritmicidade. Sussurrem as
sólidas, vigorosas e serpenteantes linhas de um baixo influente que sombreia na
perfeição toda esta divina expedição pelos desfiladeiros da alma. ‘Semaphora’
é um disco messiânico que prontamente nos converte em seus fiéis peregrinos.
Banhem-se na sua divina radiação e sintam-se transcender aos paradisíacos céus
da espiritualidade.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Review: ⚡ Holy Mushroom - ‘Holy Mushroom’ (2016) ⚡
É ainda de alma inebriada
pelo perfumado e xamânico encantamento difundido por Holy Mushroom que vos escrevo estas palavras. Este fascinante
projecto recém-formado na cidade espanhola de Oviedo causara em mim um perfeito e resplandecente estado de êxtase
que me envolvera não só ao longo de todo o álbum, mas desaguando também para lá
das suas fronteiras musicais. ‘Holy Mushroom’ é um poderoso
alucinógeno que amplifica a nossa capacidade sensorial e nos desprende o ego
pelas sedosas e revitalizantes planícies da sagrada ataraxia. Baseado num
atraente, paradisíaco e deslumbrante Heavy
Psych de ambiência estelar que nos ancora a um pleno estádio de desmedido
prazer, e atracado a um inventivo, elegante e hipnotizante Prog Rock – emprestado pelos 70’s – capaz de nos respirar e dilatar
as pupilas, este álbum de estreia da jovem banda sediada no norte de Espanha encerra
algo de verdadeiramente mágico que nos narcotiza a lucidez e convida a uma
fantástica odisseia pelas incomensuráveis artérias da espiritualidade. A
inalação psicotrópica comungada no tema introdutório de ‘Holy Mushroom’
representa o prelúdio de uma utópica, admirável e perdurável psicose que nos
afagará e anestesiará do primeiro ao último tema. O nosso rosto lapidifica, as
nossas pálpebras desmaiam, todos os nossos estímulos sensoriais fraquejam e a
nossa alma despe-se de um corpo totalmente inerte para ascender rumo ao tão
ambicionado transe. Sintam a desconexão da realidade ao adorável som de uma
guitarra verdadeiramente aliciante que se envaidece em estarrecedores, formosos
e lenitivos acordes e se espevita em alucinantes, sublimes e entusiásticos
solos de cortar a respiração, um teclado imensamente majestoso e apaixonante
que nos namora e embebeda com os seus bailados carismáticos, sonhadores e
extravagantes, um baixo incrivelmente contagiante e arrebatador que se conduz
numa dança deliciosamente inventiva, pulsante e ritmada, e uma soberba bateria
de orientação jazzística que vivifica e condimenta toda a sonoridade de ‘Holy
Mushroom’ com uma desarmante e magnetizante fusão de requinte, delicadeza
e emoção. Num plano suplementar ergue-se ainda dos escombros de toda esta
mágica nebulosidade uma voz gélida e vazia de sentimento que ecoa pelo extenso
universo de Holy Mushroom e nos
mantém minimamente espertos neste inolvidável sonho lúcido. Este álbum
conquistara-me de uma forma irrepreensível, imediata e irreversível. Deixem-se diluir neste vórtice de visões caleidoscópicas. Uma das
mais espantosas surpresas de 2016 e um dos mais consagrados discos da minha
vida está aqui, na lisérgica alma de ‘Holy Mushroom’.
Links:
Bandcamp
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domingo, 20 de novembro de 2016
Review: ⚡ ElCam - ‘Chunk’ (2016) ⚡
Do norte de França chega-nos
o novo EP do enérgico power-duo ElCam apelidado de ‘Chunk’. Lançado no
passado dia 15 de Novembro em formato de CD, este terceiro registo da banda vem
nutrido e robustecido por um excitante, poderoso e agitado Stoner Rock que em nós detona uma intensa comoção de adrenalina e
prazer. Todos os sete temas que povoam ‘Chunk’ vêm sobrecarregados de potência
e exaltação que nos assolam sem qualquer reserva ou moderação. Quando
confrontados com todo este musculoso e imponente tsunami de densa e dançante reverberação somos impelidos a
vivenciar um forte e redentor estádio de euforia que nos agita violentamente.
Tudo em nós estremece ao veemente som dos retumbantes rugidos de uma guitarra hipnótica,
portentosa e enfurecida que se agiganta em grandiosos, cáusticos e inquisidores
riffs – governados e conduzidos a
entusiasmo – e que se dissolvem em gritantes, penetrantes, astrais e
delirantes solos capazes de nos empedernecer e endoidecer. Sacudam os vossos
corpos dominados pela euforia exalada de ‘Chunk’ ao polvoroso, estimulante e
acrobático som de uma bateria autoritária que tiquetaqueia na perfeição toda
esta pujante e vibrante descarga de emoção. Este é um registo impróprio para
cardíacos. Um disco que nos envolve, cativa e estremece com admirável prontidão.
Enfrentem destemidamente este novo trabalho de ElCam e regressem dele completamente conquistados e encantados pela
sua natureza imensamente tonificante.