quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Review: ⚡ Black Moon Circle - 'The Studio Jams Vol II: Serpent' (2016) ⚡

Da cidade norueguesa de Trondheim chega-nos o novo e admirável trabalho do quarteto nórdico Black Moon Circle batizado ‘The Studio Jams Vol 2: Serpent’ e lançado no passado dia 9 de Novembro em formato de vinil (numa edição limitada de 300 cópias físicas) via Stickman Records / Crispin Glover Records. Este álbum de natureza estelar representa a continuidade da fantástica exploração espacial iniciada no verão de 2015 com a criação de ‘The Studio Jams Vol 1: Yellow Nebula in the Sky’ e encerra uma morfínica, envolvente e psicotrópica jam instrumental que nos desamarra das âncoras gravitacionais e impulsiona na direcção das mais recônditas, gélidas e distantes estrelas. Estes quatro astronautas de instrumentos empunhados aventuram-se na intimidade de um Cosmos inóspito, sombrio e bocejante, desbravando todo um horizonte que se desdobra pela infinidade fora. A sua sonoridade fascinante, hipnótica e narcotizante tem no comum mortal um efeito lenitivo que o abraça, seduz e conduz ao longo de toda esta espantosa e solitária odisseia pelos meandros do Space Rock em erótica cumplicidade com o Psych Rock. Sintam a sagrada ascensão da vossa espiritualidade ao sidérico e enigmático som de uma guitarra celestial que se inflama em desvairados, uivantes e desalinhados solos que se soerguem e extraviam, um baixo pulsante, robusto e dançante – de ritmicidade constante – que governa e tonifica toda esta ramificação sonora que fecunda os negros solos do Cosmos, uma bateria de atraentes acrobacias – orientadas a destreza e subtileza – que emprestam entusiasmo e emoção a esta passeata pelos aveludados desertos cor de noite, e um deslumbrante sintetizador que em nós vomita uma radiância alienígena capaz de nos colonizar e exorcizar. ‘The Studio Jams Vol 2: Serpent’ é um álbum que nos arremessa a consciência pelas profundezas do Universo adormecido. Entreguem-se a este prazeroso fluxo que vos carregará a alma nesta relaxante odisseia sem destino configurado. Empoeirem-se na sua matéria estelar e vivenciem um dos álbuns mais etéreos de 2016.

Al Cisneros (Sleep) warming up | Maryland Deathfest (2013)

Dopelord - 'Children of the Haze' (Jan, 2017)

🌌 Sleep | Roadburn Festival (2012)

🎧 Love Gang - 'Love Gang' EP (2016)

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Kim Gordon / Sonic Youth

Review: ⚡ Kanoi - 'Mountains of the Sun' (2016) ⚡

Depois de no já distante mês de fevereiro deste mesmo ano ter elogiado o EP ‘Blue Sky, Sunshine’ (review aqui) e a admirável capacidade deste multi-instrumentista austríaco em conciliar na perfeição a quantidade com a qualidade na sua discografia, o seu mais recente álbum obriga-me a dedicar-lhe novamente protagonismo. ‘Mountains of the Sun’ é o seu último trabalho e vem regado de um psicadelismo saturado que nos envolve num anestésico, prazeroso e nebuloso encantamento. Lançado ontem pela mão do selo Gasstation Rainbow Records numa edição limitada em CD (de apenas 100 cópias físicas disponíveis), ‘Mountains of the Sun’ é – muito provavelmente – o meu álbum favorito de Kanoi. A sua ambiência sonhadora destila um fascínio que nos mantém a ele atrelados do primeiro ao derradeiro tema. Baseado numa extasiante mistura entre o deslumbrante Psych Rock, o sidérico Space Rock e o hipnotizante Krautrock, este álbum distende-nos das douradas, macias e fervilhantes dunas do deserto às mais idosas, gélidas e secretas cicatrizes de um Cosmos embriagado. A nossa consciência é passeada ao sabor das afagantes brisas sonoras de Kanoi, provocando em nós um perfeito estádio de ataraxia que nos paralisa o corpo e desprende a alma rumo às profundezas de um céu cor de noite. Deixem-se conduzir pelo estimulante universo onírico de ‘Mountains of the Sun’ ao etéreo e agradável som de uma guitarra liderante que se manifesta em contemplativos, pacíficos e sedutores riffs que nos massajam e amenizam, e se transcende em uivantes, vertiginosos e ecoantes solos capazes de nos inundar num profundo oceano de delírio e prazer. Pendulem ao dançante som de um baixo de murmúrios possantes, arrastados e oscilantes que escolta firmemente os devaneios da guitarra, banhem-se na mágica radiação exalada por um magnífico sintetizador de incríveis e magnetizantes bailados, bamboleiem a cabeça em resposta a uma estimulante bateria de ritmicidade constante e dissolvam-se na narcose de uns vocais límpidos, melosos e espaciais que sobrevoam alegremente a adorável atmosfera de ‘Mountain of the Sun’. Entreguem-se a esta sublime fragância sonora abençoada pelas estrelas e sintam a doce inércia amortalhar a vossa lucidez.

© Harley and J

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sábado, 26 de novembro de 2016

Hawkwind: A Space Odyssey!

Ozzy Osbourne | Black Sabbath

Review: ⚡ The Mountain Season - ‘The Mountain Season’ (2016) ⚡

Do outro lado do Atlântico chega-nos o apaixonante, enérgico, primoroso e entusiasmante Heavy Psych N’ Blues do power-trio brasileiro The Mountain Season. Alicerçado numa sonoridade deliciosamente ritmada, poderosa e elegante – repescada dos dourados 70’s – este disco homónimo é detentor de uma vivacidade verdadeiramente contagiante que nos provoca e excita ao longo dos seus 31 minutos de duração. Esta encantadora fragância sonora intoxica e inebria a nossa alma, imortalizando-a num estado de total exaltação que nos inquieta de forma constante e extravagante. Dancem detidamente ao sensual e envolvente som de uma guitarra esplendorosa – conduzida a perícia e emoção – que se esperneia em riffs tremendamente sumptuosos, vigorosos e fascinantes e se excede em serpenteantes, corrosivos e alucinantes solos que nos golpeiam e enlouquecem. Estremeçam na instintiva resposta aos vocais cavernosos, musculados e combativos que incendeiam toda a arrebatadora atmosfera de ‘The Mountain Season’. Pendulem os vossos corpos sobressaltados ao ondulante som de um baixo robusto, torneado e dinâmico – de linhas hipnóticas, fibradas e empolgantes – que empunha com firmeza e destreza as rédeas da guitarra. Sintam-se banhados pelas ininterruptas erupções de adrenalina detonadas por uma bateria galopante que – com as suas investidas portentosas, retumbantes e fulgurantes – tonifica toda esta estonteante descarga de prazer em estado musical. Este é um disco que nos mantém entregues a uma redentora agitação, impelindo-nos a vivenciá-lo numa intensa e frenética cavalgada que nos esporeia do primeiro ao último tema. ‘The Mountain Season’ transpira lubricidade e exuberância, numa extasiante conjugação que prontamente nos conquista e inebria. Enfrentem como puderem toda esta soberana e desgovernada avalanche de euforia que entupirá todos os poros da vossa lucidez. Um dos discos mais electrizantes de 2016 está aqui, na fervilhante e conturbada alma de The Mountain Season.

Sergio Chotsourian | Los Natas

© Torsten Curdt

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Blues Pills - "Astralplane" (live)

Arc of Ascent - "Redemption" (live)

Electric Citizen | RidingEasy Records

Wild Honey - 'Zodiac' (2016)

Brant Bjork - Lazy Bones/Automatic Fantastic @ Sydney (2009)

Fu Manchu '99

Queens of the Stone Age - "No One Knows" (behind the scenes)

© Dean Karr

Grand Canyon, Arizona

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Orange Goblin - 'Time Travelling Blues' (1998)

My Sleeping Karma - 'Mela Ananda - Live' (2017)

Review: ⚡ Buddha Sentenza - ‘Semaphora’ (2016) ⚡

Apesar de ainda caminharmos pelos terrenos temporais de 2016, o ano de 2017 começa já a edificar-se no firmamento e a solicitar a nossa atenção com a proclamação de novos e aguardados lançamentos musicais. Neste caso falo-vos do terceiro e novo álbum da banda germânica Buddha Sentenza designado de ‘Semaphora’ e com o lançamento agendado para o próximo dia 15 de Janeiro nos formatos físicos de CD e LP via World In Sound. Apesar de nos situarmos ainda a sensivelmente dois meses da data do seu nascimento oficial, foi-me enviada esta agradável surpresa em formato físico pelo selo alemão (ao qual agradeço publicamente), e – portanto – não resistira a ouvi-lo detidamente logo assim que o recebera. Baseado num perfumado, fascinante e requintado Heavy Psych Rock – condimentado e conduzido por um sublime, charmoso e carismático Prog Rock – este ‘Semaphora’ encerra um misticismo de criação oriental que nos envolve e hipnotiza. A sua sonoridade lenitiva leva-nos a passear pela imaculada e nirvânica religiosidade do nosso Cosmos interior, testemunhando e vivenciando na primeira pessoa todo um pleno estádio de quietude e comodidade que nos acaricia do primeiro ao derradeiro tema. Sintam-se afagados pelos magníficos, mélicos e extasiantes acordes e incitados pelos exuberantes, uivantes e encantadores solos de duas guitarras deificadas que se cortejam com admirável extravagância. Inebriem-se ao intrigante som de um teclado luxuoso de imponentes, excêntricos e sedutores bailados capazes de nos enfeitiçar com intensa exuberância. Agitem-se prazerosamente na instintiva resposta a uma bateria movida a destreza, sensibilidade e elegância, e nos contagia com a sua harmoniosa ritmicidade. Sussurrem as sólidas, vigorosas e serpenteantes linhas de um baixo influente que sombreia na perfeição toda esta divina expedição pelos desfiladeiros da alma. ‘Semaphora’ é um disco messiânico que prontamente nos converte em seus fiéis peregrinos. Banhem-se na sua divina radiação e sintam-se transcender aos paradisíacos céus da espiritualidade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

·CACHEMIRA·

Earthless @ Smoke the Fuzz Fest (2016)

Causa Sui @ Smoke the Fuzz Fest (2016)

Electric Moon @ Smoke the Fuzz Fest (2016)

Review: ⚡ Holy Mushroom - ‘Holy Mushroom’ (2016) ⚡

É ainda de alma inebriada pelo perfumado e xamânico encantamento difundido por Holy Mushroom que vos escrevo estas palavras. Este fascinante projecto recém-formado na cidade espanhola de Oviedo causara em mim um perfeito e resplandecente estado de êxtase que me envolvera não só ao longo de todo o álbum, mas desaguando também para lá das suas fronteiras musicais. ‘Holy Mushroom’ é um poderoso alucinógeno que amplifica a nossa capacidade sensorial e nos desprende o ego pelas sedosas e revitalizantes planícies da sagrada ataraxia. Baseado num atraente, paradisíaco e deslumbrante Heavy Psych de ambiência estelar que nos ancora a um pleno estádio de desmedido prazer, e atracado a um inventivo, elegante e hipnotizante Prog Rock – emprestado pelos 70’s – capaz de nos respirar e dilatar as pupilas, este álbum de estreia da jovem banda sediada no norte de Espanha encerra algo de verdadeiramente mágico que nos narcotiza a lucidez e convida a uma fantástica odisseia pelas incomensuráveis artérias da espiritualidade. A inalação psicotrópica comungada no tema introdutório de ‘Holy Mushroom’ representa o prelúdio de uma utópica, admirável e perdurável psicose que nos afagará e anestesiará do primeiro ao último tema. O nosso rosto lapidifica, as nossas pálpebras desmaiam, todos os nossos estímulos sensoriais fraquejam e a nossa alma despe-se de um corpo totalmente inerte para ascender rumo ao tão ambicionado transe. Sintam a desconexão da realidade ao adorável som de uma guitarra verdadeiramente aliciante que se envaidece em estarrecedores, formosos e lenitivos acordes e se espevita em alucinantes, sublimes e entusiásticos solos de cortar a respiração, um teclado imensamente majestoso e apaixonante que nos namora e embebeda com os seus bailados carismáticos, sonhadores e extravagantes, um baixo incrivelmente contagiante e arrebatador que se conduz numa dança deliciosamente inventiva, pulsante e ritmada, e uma soberba bateria de orientação jazzística que vivifica e condimenta toda a sonoridade de ‘Holy Mushroom’ com uma desarmante e magnetizante fusão de requinte, delicadeza e emoção. Num plano suplementar ergue-se ainda dos escombros de toda esta mágica nebulosidade uma voz gélida e vazia de sentimento que ecoa pelo extenso universo de Holy Mushroom e nos mantém minimamente espertos neste inolvidável sonho lúcido. Este álbum conquistara-me de uma forma irrepreensível, imediata e irreversível. Deixem-se diluir neste vórtice de visões caleidoscópicas. Uma das mais espantosas surpresas de 2016 e um dos mais consagrados discos da minha vida está aqui, na lisérgica alma de ‘Holy Mushroom’.

Links:
Bandcamp

domingo, 20 de novembro de 2016

✠ Lemmy Kilmister | Hawkwind (1972) ✠

✝ Occult Wisdom ✝

Sleep - 'Dopesmoker' (2003)

🎧 Dungen - 'Häxan' (2016)

Review: ⚡ ElCam - ‘Chunk’ (2016) ⚡

Do norte de França chega-nos o novo EP do enérgico power-duo ElCam apelidado de ‘Chunk’. Lançado no passado dia 15 de Novembro em formato de CD, este terceiro registo da banda vem nutrido e robustecido por um excitante, poderoso e agitado Stoner Rock que em nós detona uma intensa comoção de adrenalina e prazer. Todos os sete temas que povoam ‘Chunk’ vêm sobrecarregados de potência e exaltação que nos assolam sem qualquer reserva ou moderação. Quando confrontados com todo este musculoso e imponente tsunami de densa e dançante reverberação somos impelidos a vivenciar um forte e redentor estádio de euforia que nos agita violentamente. Tudo em nós estremece ao veemente som dos retumbantes rugidos de uma guitarra hipnótica, portentosa e enfurecida que se agiganta em grandiosos, cáusticos e inquisidores riffs – governados e conduzidos a entusiasmo – e que se dissolvem em gritantes, penetrantes, astrais e delirantes solos capazes de nos empedernecer e endoidecer. Sacudam os vossos corpos dominados pela euforia exalada de ‘Chunk’ ao polvoroso, estimulante e acrobático som de uma bateria autoritária que tiquetaqueia na perfeição toda esta pujante e vibrante descarga de emoção. Este é um registo impróprio para cardíacos. Um disco que nos envolve, cativa e estremece com admirável prontidão. Enfrentem destemidamente este novo trabalho de ElCam e regressem dele completamente conquistados e encantados pela sua natureza imensamente tonificante.