A Sulatron Records acaba de recuperar uma das mais relevantes e apaixonantes
preciosidades do Krautrock contemporâneo.
O álbum de estreia do power-trio
nipónico Minami Deutsch – anteriormente
lançado pelo selo japonês Guruguru Brain
em formato de cassete e vinil e de seguida pelo selo britânico Cardinal Fuzz Records no formato de
vinil – receberá no próximo dia 17 de Fevereiro um merecido impulso levado a
cabo pelo carismático selo germânico com o seu relançamento em CD (numa edição
limitada a 500 cópias físicas) que conta com o acréscimo de duas faixas-bónus
nunca antes apresentadas. Herdeira directa dos históricos e incontornáveis Can e Neu!, esta jovem banda sediada em Tóquio tem no seu álbum de estreia uma verdadeira ode ao lado mais envolvente
e hipnótico do Krautrock em deslumbrante
consonância com o lado mais meditativo e espacial do Psych Rock. A sua sonoridade imensamente mística tem a capacidade
de cativar, paralisar e extasiar quem nela se refugie, provocando no ouvinte
uma ininterrupta sensação ataráxica que lhe massajará o cerebelo do primeiro ao
último tema. Banhem-se nesta morfínica, intensa e doce hipnose brilhantemente promovida
e desenvolvida por uma guitarra tremendamente fascinante que se estimula e envaidece
em delirantes, lisérgicos e dançantes acordes que desaguam e se entrelaçam em prazerosos, sumptuosos
e alucinantes solos, uma narcotizante bateria fielmente entregue a um galope
constante, uma voz límpida, aveludada e sideral que nos inebria e namora, e um
baixo robusto, murmurante, ritmado e pulsante que se passeia firme e detidamente
pela anestésica ondulação de ‘Minami Deutsch’. Este é um álbum de
natureza sagrada e sublime capaz de nos desenraizar da mais crua lucidez e transcender
a um perfeito estádio de encantamento.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
domingo, 29 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Heavy Temple - 'Chassit' EP (2017) ⚡
Da grande e populosa cidade
de Filadélfia (Pensilvânia, EUA) chega-nos o místico, sombrio e etéreo Psych Doom do power-trio Heavy Temple.
Lançado oficialmente no passado dia 27 de Janeiro nos formatos físicos de CD,
vinil e cassete pelos selos Ván Records
e Tridroid Records, ‘Chassit’
vem dotado de uma sonoridade verdadeiramente portentosa que combina na
perfeição o peso e a leveza, a cáustica e euforizante sublevação e a anestésica
e meditativa quietude, o dinamismo rítmico que tanto nos inflama e desgoverna
como nos serena e entorpece. Este novo EP
tem o dom de nos lapidificar numa soberana e perdurável hipnose que nos intriga
e seduz ao longo dos quatro temas que corporizam este disco. Existe algo de imensamente
sagrado na alma de ‘Chassit’ que nos obriga a comungá-la, segui-la e venerá-la com
sublimação. Um envolvente e transcendente ritual xamânico que nos desobstrói
todas as artérias da espiritualidade e conduz a nossa consciência a um pleno e imaculado
estádio de transe. Obedeçam à impiedosa soberania de uma guitarra deificada que
se manifesta em reverberantes, corrosivos, inquisidores e monolíticos riffs – oleados e bronzeados pelo efeito
fuzz – e em excitantes, viscerais e
intrigantes solos que nos golpeiam e endoidecem. Serpenteiem as robustas, dançantes
e torneadas linhas de um baixo errante, pensativo e tenebroso que se envaidece
destacadamente nesta atmosfera sonífera e brumosa. Agarrem firmemente as rédeas
de uma bateria acrobática e galopante que se excede e nos corta a respiração
com a sua ritmicidade locomovida a entusiasmo e destreza, e deslumbrem-se com
os vocais enigmáticos, límpidos e melódicos que lideram toda esta messiânica
excursão pela desarmante e sublime misticidade de Heavy Temple. Convertam-se em seus devotos peregrinos e deixem-se
canonizar pela santificada resplandecência exsudada de ‘Chassit’. Certamente um
dos mais elevados registos de 2017.
sábado, 28 de janeiro de 2017
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Buried Feather - 'Mind of the Swarm' (2017) ⚡
A cidade australiana de Melbourne é actualmente uma das mais carismáticas
dentro do admirável universo do Psych-Rock.
Bandas como Ahkmed, Child, Holy Serpent, Hotel Wrecking
City Traders, Buried Feather e Elbrus representam algumas das mais
respeitadas e elogiadas bandas locais e a sua sonoridade exótica propaga-se por
todas as extremidades do planeta, conquistando um número cada vez mais crescente
de seguidores. No próximo dia 10 de Fevereiro essa imaculada reputação será nutrida
com o lançamento oficial do novo e segundo álbum do quarteto Buried Feather apelidado de ‘Mind
of the Swarm’ que sairá em formato de vinil pelas mãos dos selos discográficos Kozmik Artifactz (em território europeu) e
Cobra Snake Necktie Records
(em território australiano). Muito recentemente foi-me dada – pela própria banda –
a irrecusável oportunidade de comungar em primeira mão este seu novo trabalho,
e devo antecipar que se trata de um álbum verdadeiramente soberbo que prontamente
me encantara, anestesiara e embaciara a lucidez. Embebido num delirante,
hipnótico e sonhador Psych Rock – de
ares lisérgicos e veraneios – e em erótica consonância com a
estimulante ritmicidade da música Drone,
este ‘Mind
of the Swarm’ convida-nos a vivenciá-lo numa intensa, pesada e nebulosa
narcose que nos mumifica do primeiro ao último tema do disco. A sua sonoridade
imensamente relaxante massaja o nosso cerebelo e em nós instaura uma perpétua e
radiosa sensação de bem-estar que nos mantém espertos neste fascinante sonho
lúcido. Deixem-se contagiar pela mágica resplandecência destilada por uma sublime
guitarra entregue a riffs dançantes,
reverberantes e magnetizantes que nos deslumbram e inquietam, e a solos
gritantes, viscerais e serpenteantes que nos circundam e inflamam. Sintam as
vossas pupilas dilatar e a vossa alma distender-se aos mais longínquos territórios
do Cosmos ao intrigante e alienígena som de um sintetizador que fala o idioma
das estrelas. Pendulem os vossos corpos na resposta à bailante ondulação de um
baixo denso, robusto e dinâmico que tonifica toda esta paradisíaca digressão
onírica. Agitem-se às ordens de uma bateria retumbante e empolgante de distinto
galope, e embriaguem-se nos vocais etéreos, translúcidos e lenitivos que se
passeiam elegantemente pela perfumada, distorcida e nublada atmosfera de ‘Mind
of the Swarm’. Os créditos do fantástico artwork que confere rosto a este opiáceo via auditiva pertencem ao artista sueco Robin Gnista. Este é um álbum saturado de um psicadelismo fulgente e exuberante
que nos afunila num penetrante vórtice de constante alucinação. Recostem-se
confortavelmente, respirem profundamente e experienciem toda esta extasiante e inolvidável
digressão Huxley’eana.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
domingo, 22 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Fungus Hill - 'Creatures' EP (2017) ⚡
Da Escandinávia chega-nos a mélica,
revitalizante e perfumada brisa sonora de Fungus
Hill com o lançamento do seu EP
de estreia apelidado de ‘Creatures’. Este quinteto sueco natural
da cidade nortenha de Umeå desenvolve
um elegante, requintado e sensual Psych
Rock com indiscretos chamamentos ao cáustico e lisérgico Acid Rock florescido nos 60’s e ainda
com uma evidente aproximação ao lascivo, vibrante e instigante Heavy Blues. Estes três ingredientes fundem-se entre si, dando origem a
uma sonoridade imensamente envolvente, voluptuosa e agradável que nos acaricia e perpetua
num estádio de plena exultação. É simplesmente instintivo deixarmo-nos envolver e contagiar
pela erótica exuberância de ‘Creatures’ e vivenciarmos todo este
EP numa extasiante, hipnótica e
comprometida dança corporal de olhar selado e sorriso golpeado no rosto.
Deixem-se enfeitiçar pela narcotizante beleza de duas guitarras endeusadas que
se galanteiam com os seus sublimes, frondosos e requintados acordes, aliados a encantadores,
berrantes e vertiginosos solos que nos namoram e eterizam. Sintam-se esporear
pelas admiráveis e excitantes investidas de uma bateria acrobática que tiquetaqueia
com perícia e emoção toda esta fascinante e prazerosa digressão musical. Deslumbrem-se
com os vocais melodiosos, aveludados e adoráveis que se passeiam de forma
alegre e vistosa pelos paradisíacos jardins de ‘Creatures’, e balanceiem
os vossos corpos bronzeados e anestesiados pela xamânica radiação transpirada
de Fungus Hill à boleia de um baixo robusto,
orgânico e pulsante que se lança numa murmurante e reverberante dança. Este é
um EP verdadeiramente sumptuoso e aliciante
que não deixará ninguém indiferente. Banhem-se de redentora satisfação neste verdadeiro
oásis sonoro e entreguem-se à desarmante sensualidade dos suecos Fungus Hill. A alma agradece.
sábado, 21 de janeiro de 2017
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Kamala - 'Kamala' EP (2017) ⚡
Da cidade alemã de Leipzig chega-nos o EP de estreia do jovem quinteto Kamala. Lançado no passado dia 9 de
Janeiro em formato digital, este simpatiquíssimo registo homónimo é detentor de
um agradável, deslumbrante e bem-disposto Psych
Rock – fielmente resgatado dos dourados anos 70 – que harmoniosamente se funde
num empolgante e dançante Funk. A
sua sonoridade radiosa e primaveril causa em nós uma envolvente e etérea
sensação de bem-estar que nos adorna do primeiro ao derradeiro tema de ‘Kamala’.
Existe algo de verdadeiramente mágico, hipnótico e resplandecente neste EP que nos tranquiliza, enternece e obriga
a experienciá-lo de cabeça entregue a um constante movimento pendular de ombro
a ombro e sorriso imortalizado no rosto. As duas guitarras encantadoras entrelaçam-se
numa requintada, mélica e apaixonante dança de onde transpiram sublimes e fascinantes
solos, e deleitáveis e ataráxicos acordes de inenarrável beleza. O baixo de
linhas imensamente groove’scas manifesta-se
em bailantes, voluptuosos e pulsantes murmúrios que nos cortejam e deliciam, a
voz mélica, suave e desmesuradamente aliciante empresta a ‘Kamala’ uma elegância e
erotismo desarmantes, enquanto que a bateria jazzística – locomovida a delicadeza, sentimento e tecnicidade em
prazerosa consonância– apimenta toda esta admirável e envaidecida caravana que
nos embebeda e estonteia de êxtase. ‘Kamala’ é um esmerado, magnetizante
e adorável trabalho que fará os vossos ouvidos salivar de jubilação. Um caso de
amor à primeira audição que provocara em mim uma das mais inolvidáveis ressacas
promovidas pela música. Banhem-se neste quente, alegre e luminoso psicadelismo que
massajará e bronzeará a vossa alma sedenta de algo assim.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Dopelord - 'Children of the Haze' (2017) ⚡
Da capital polaca chega-nos
o terceiro álbum de Dopelord
batizado de ‘Children of the Haze’. Lançado hoje mesmo nos formatos de CD e
digital, este novo álbum do quarteto fielmente dedicado ao lado psicotrópico do
Doom Metal, presenteia-nos com uma pesada,
monolítica e arrastada cavalgada que nos atropela, absorve e eteriza. A sua
sonoridade inquisidora, fumarenta e intoxicante – de corpo denso e tonalidade
esverdeada – tem a capacidade de nos intrigar e instigar a vivenciá-la numa
detida e redentora resposta corporal. A majestosa soberania dos riffs que governam este disco instaura
em nós uma sensação de torpor que nos reveste do primeiro ao derradeiro tema.
De olhar selado, narinas dilatadas e cabeça baloiçante, comungamos todo um envolvente,
fascinante e luciférico ritual liderado por duas guitarras tirânicas que nos assombram
com os seus riffs poderosos, imponentes,
compactos e frondosos, e ainda com alucinantes, excitantes e sumptuosos solos
que nos perturbam e endoidecem, um baixo musculado e torneado de reverberação imperiosa
e dançante que nos circunda e intimida, uma cavernosa e colérica voz que se
agiganta destacadamente na medula de toda esta brumosa e prepotente atmosfera,
e ainda uma bateria explosiva – conduzida a entusiasmo e adrenalina – que galopa
e chefia toda esta indomável e furiosa avalanche que nos ataca e arrasa a
lucidez. É-me importante ainda destacar e elogiar a desarmante e magnetizante beleza
do artwork superiormente criado pelo
artista Pig Hands. ‘Children of the Haze’ é um disco de
paragem obrigatória a todos os devotos peregrinos do mais requintado Psych Doom. Inalem a morfínica exalação
de Dopelord e testemunhem uma
perfeita e duradoura narcose que estacionará a vossa alma na ténue linha entre
a inércia e a exaltação.
domingo, 15 de janeiro de 2017
sábado, 14 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Red Void - 'Red Void' EP (2017) ⚡
Depois de ter elogiado o
novo álbum dos australianos Frozen
Planet 1969 (review aqui),
o EP de estreia do power-trio Red Void obriga-me a prolongar a
estadia em território australiano. Este seu trabalho homónimo, lançado oficialmente no passado dia 12 de Janeiro, vem saturado de
um hipnótico, sublime e euforizante Heavy
Psych regado e temperado pelo efeito fuzz
– e ainda com discretas aproximações aos meditativos e siderais domínios do Space Rock – que me entusiasmara e
conquistara logo à primeira audição. Natural da cidade de Hobart (Tasmania, Austrália),
esta banda distende a sua sonoridade das mais cálidas e bronzeadas paisagens de
um deserto vigiado e calejado por um perpétuo sol que nunca se põe, a todo um majestoso
vislumbre cósmico onde abundantes fornalhas estelares farolizam as solitárias almas que
por ali naufragam. A sua sonoridade quente, vibrante e arrebatadora embebeda-nos
numa envolvente e delirante jam de 32
minutos – distribuída em cinco temas – à qual nem a mais crua e resistente
lucidez consegue sobreviver. A guitarra alucinógena manifesta-se numa sedutora,
exaltante e alucinante dança de onde são desprendidos extravagantes,
desvairados e estimulantes solos capazes de nos fazer transcender ao mais
absoluto êxtase. O baixo de linhas robustas, sólidas e ondulantes entrega-se
detidamente a uma fascinante hipnose rítmica que nos massaja e magnetiza,
enquanto que a bateria galopeia com vigor e firmeza toda esta desgovernada
detonação sonora. Agitem-se prazerosamente ao excitante som de Red Void e vivenciem toda a sumptuosidade e exuberância transpirada pelo primeiro grande EP do ano.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Review: ⚡ Frozen Planet 1969 - 'Electric Smokehouse' (2017) ⚡
Da bela e populosa cidade
australiana de Sydney chega-nos ‘Electric
Smokehouse’: o primeiro álbum de 2017 a ter em mim um impacto singular.
Lançado oficialmente hoje mesmo pela mão do selo independente Pepper Shaker Records e do selo holandês HeadSpin Records nos formatos
físicos de CD e vinil, este novo e quarto álbum do power-trio Frozen Planet 1969
prende um delirante, fascinante e envolvente Heavy Psych de instrumentos apontados aos lugares mais longínquos e
recônditos do Espaço sideral. É à boleia desta emocionante, redentora e narcotizante
jam que a nossa alma é mumificada por
uma soberana e firme sensação de bem-estar e arremessada tão para lá dos domínios
gravitacionais da consciência terrena. A sua sonoridade imensamente hipnótica, arrebatadora
e contemplativa embacia a nossa lucidez, instaura em nós o sagrado êxtase e
massaja-nos o cerebelo. ‘Electric Smokehouse’ é uma prazerosa,
sumptuosa e penetrante odisseia pela gélida e anestésica obscuridade do Cosmos temulento.
Uma sagrada evasão pela infinidade espiritual experienciada de narinas
dilatadas a absorver as poeiras estelares e olhar petrificado e ancorado no
firmamento que se desdobra e reinventa. Icem as velas da vossa alma e velejem
os mais sedosos e tranquilizantes mares ao orgástico som de uma guitarra astral
que se transcende em admiráveis, estarrecedoras e lisérgicas divagações, um
baixo palpitante e murmurante – de linhas serpenteantes, eróticas e imensamente
contagiantes – que nos obriga a vivenciá-lo numa detida dança de dinâmica pendular,
e uma bateria excitante de ritmicidade sedutora e emocionante que vivifica e enfatiza
toda esta encantadora atmosfera de ‘Electric Smokehouse’. É relevante
ainda enaltecer o fantástico artwork de
traço brilhantemente conduzido pelo artista londrino Matt Wilkins que confere rosto a esta verdadeira preciosidade. Existe algo de verdadeiramente sublime e deslumbrante
neste novo álbum dos australianos Frozen
Planet 1969 que me faz reverenciá-lo. Mergulhem nesta etérea nebulosidade de ‘Electric
Smokehouse’ e sintam-se adornados pela morfínica leviandade suspirada
pelas estrelas.