segunda-feira, 10 de julho de 2017

Review: ⚡ Moon Rats - 'Highway Lord' (2017) ⚡

Da populosa cidade de Milwaukee (Wisconsin, EUA) chega-nos o fascinante álbum de estreia do recém-formado quinteto Moon Rats batizado de ‘Highway Lord’. Neste fascinante disco gravado nos remotos bosques do norte de Milwaukee vigora um intrigante, fumarento e inquisidor Proto Doom aliado a um hipnótico, lisérgico e deslumbrante Heavy Psych que nos absorve, turva a lucidez e conduz a consciência a um penetrante estádio de narcose. A sua sonoridade conjuga a enérgica robustez com a anestésica inércia num perfeito equilíbrio que nos climatiza, afaga e extasia a alma. Lançado no passado mês de Junho em formato digital através do seu Bandcamp oficial e em formato de cassete através do selo discográfico local Gloss Records, este ‘Highway Lord’ conquistara-me à primeira audição que lhe dedicara. A sua entorpecedora, brumosa e enigmática essência obriga-nos a comungá-la de semblante tombado sobre o peito, olhar selado e petrificado, corpo desmaiado e alma irrigada e temperada por uma forte hipnose. Deixem-se sepultar na saturada, etérea e visceral atmosfera de ‘Highway Lord’ ao som de três guitarras psicotrópicas que se perdem e encontram por entre inflamantes, brumosos e delirantes solos e se unificam na construção e orientação de riffs sólidos, torneados e inquisidores, uma voz penetrante, límpida, morfínica e ecoante – a fazer lembrar os vocais ácidos de Brett Netson, vocalista e guitarrista da já extinta banda Caustic Resin – que se debate e enfatiza nos nebulosos, densos e perturbadores escombros que alicerçam a sonolenta natureza deste álbum, um baixo vigoroso e portentoso de rugidos sombrios, reverberantes e poderosos, e uma bateria diligente e trovejante que domestica toda esta pesada cavalgada pelas pardas e lamacentas planícies de Moon Rats. Este é um álbum místico que nos respira e magnetiza. Um disco que nos bronzeia e amortalha com a sua religiosa obscuridade. Deixem-se dissolver na sua melancólica, temulenta e misantrópica radiação e experienciem um dos álbuns mais depressores (no sentido elogioso da palavra) de 2017. Um trabalho todo ele feito e moldado à minha imagem que pede um futuro lançamento nos formatos de CD e LP.

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