quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Review: ⚡ Mohama Saz - 'Negro es el Poder' (2017) ⚡

Da vizinha Espanha chega-nos uma das mais agradáveis surpresas sonoras de 2017. ‘Negro es el Poder’ é o novo e segundo álbum da encantadora formação madrilena Mohama Saz e encerra um ternurento, hipnótico, quente e exótico Psych Folk de ares místicos que – em harmoniosa e extasiante simbiose com um elegante, arrebatador, rico e envolvente jazz tocado, ornamentado e conduzido a desarmante sensibilidade e emoção – nos perfuma e fascina com a sua sedutora e inebriante fragância de natureza oriental. Oficialmente lançado no passado mês de Março pelo selo discográfico independente Humo (sediado em Oviedo, Espanha) nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Negro es el Poder’ abraça toda uma arrebatadora, prazerosa, deslumbrante e requintada sonoridade árida que se se envaidece, desenvolve e enobrece ao longo de 41 minutos devidamente repartidos pelos nove temas que o habitam. Há algo de verdadeiramente sagrado neste novo álbum de Mohama Saz que me faz idolatrá-lo e vivenciá-lo com uma intensa, firme e inquietante satisfação. Uma divina e contemplativa expedição pelas ondulantes, sedosas, bronzeadas e fervilhantes dunas de um manto desértico tintado a sépia que se desdobra na vertiginosa direcção de um Sol ardente, grandioso e reluzente. Na génese desta maravilhosa ode espiritual que nos canaliza em direcção ao tão almejado transe está uma guitarra messiânica – de acordes magnéticos, serpenteantes e arábicos, e solos libidinosos, refinados e ostentosos – que se passeia livre e airosamente na sombra diligente e tonificante de um baixo deliciosamente ritmado – de linhas oscilantes, vigorosas e dançantes – e atrelado a uma bateria tribalista de toque leve, polido, inventivo e talentoso, um saxofone vaidoso, apurado, mélico e sedoso – de bailados extravagantes, voluptuosos e magnetizantes – e ainda um devoto e evangélico coro vocal que lidera com sublimidade toda esta esfíngica cerimónia de adoração ao lado do Sol nascente. Comunguem e absorvam toda a santificada resplandecência propagada por Mohama Saz e testemunhem a impactante influência de um dos discos mais veneráveis de 2017.

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