segunda-feira, 28 de maio de 2018

Review: ⚡ Klandestin - 'Green Acid of Last Century' (2018) ⚡

Da cidade de Magelang (na Indonésia) chega-nos a psicotrópica, brumosa e monolítica exalação de Klandestin, com o seu poderoso álbum de estreia ‘Green Acid of Last Century’. Lançado no passado mês de Abril e promovido pelo selo discográfico local Hellas Records nos formatos físicos de CD e cassete, este registo vem nutrido de um pesado, morfínico, arrastado e tirânico Stoner Doom de tonalidade esverdeada que provoca no ouvinte efeitos em tudo semelhantes aos da inalação de cannabis. A sua sonoridade obscurecida, enigmática, absorvente e entorpecida – detentora de altos níveis de THC – tem o dom de nos envolver, intrigar e hipnotizar numa possante, vigorosa e provocante cavalgada que nos desmaia as pálpebras, tomba o semblante e balanceia o nosso corpo inebriado. São cerca de 42 minutos vividos numa profunda narcose que nos inunda e enterra a lucidez, sedando e massajando todos os nossos membros e sentidos. Enlameiem-se nos viscosos, nebulosos e embriagantes pântanos de Klandestin à fascinante boleia de uma guitarra viril conduzida e manobrada a riffs montanhosos, densos, lamacentos e ostentosos, e solos dilacerantes, gélidos e atordoantes, um baixo tenso de bafagem magnetizante, maciça, tenebrosa e reverberante que segue todas as pisadas da guitarra, uma bateria impetuosa de ritmicidade incisiva, explosiva e rumorosa, e ainda uma voz ecoante, translúcida e fecundante que nos mantém despertos nesta profunda e fumarenta hipnose. ‘Green Acid of Last Century’ é um álbum tremendamente alucinógeno que nos banha e ofusca de uma prazerosa e resplandecente lisergia. Testemunhem todo este religioso ritual de adoração à erva sagrada e comunguem toda uma meditativa, lenitiva e encantadora inércia que vos estacionará a alma num perfeito e imperturbável estádio de transe. Não é fácil recuperar a lucidez que Klandestin – de forma subtil – nos enfraquecera e subtraíra ao longo de todo este álbum. Percam-se na intimidade do seu torpor e inalem toda a redentora toxicidade de um dos discos mais enigmáticos lançados até ao momento em 2018.

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