sábado, 30 de junho de 2018

🎬 Cinema de Abril, Maio e Junho

Dominion (2018) de Chris Delforce   ★★★★★
Seed: The Untold Story (2016) de Jon Betz & Taggart Siegel   ★★★★☆
The Deuce S01 (2017) de George Pelecanos & David Simon   ★★★★★
Lucky (2017) de John Carroll Lynch   ★★★★★
Rumble Fish (1983) de Francis Ford Coppola   ★★★☆☆
The Walking Dead S08 (2017-2018) de Frank Darabont   ★★★★★
The Taking of Pelham One Two Three (1974) de Joseph Sargent   ★★★★☆
Ingrid Goes West (2017) de Matt Spicer   ★★☆☆
Bomb City (2017) de Jameson Brooks   ★★★★☆
The Hanging Tree (1959) de Delmer Daves   ★★★☆☆
The Glass Castle (2017) de Destin Daniel Cretton   ★★★★☆
Inglourious Basterds (2009) de Quentin Tarantino   ★★★★★
La Casa de Papel S01 (2017) de Álex Pina   ★★★★★
La Casa de Papel S02 (2017) de Álex Pina   ★★★★★
Eric Clapton: Life in 12 Bars (2017) de Lili Fini Zanuck   ★★★★★
Hostiles (2017) de Scott Cooper   ★★★★☆
The Ballad of Lefty Brown (2017) de Jared Moshé   ★★★☆☆
One Strange Rock S01 (2018) de Darren Aronofsky   ★★★★★
Root of All Evil? (2006) de Russell Barnes   ★★★★☆
Hour of the Gun (1967) de John Sturges   ★★★★☆
The Proud Ones (1956) de Robert D. Webb   ★★★★☆
Il Pistolero dell'Ave Maria (1969) de Ferdinando Baldi   ★★★☆☆
Ciakmull - L'uomo della Vendetta (1970) de Enzo Barboni   ★★★☆☆
Il mio nome è Shangai Joe (1973) de Mario Caiano   ★★☆☆☆
Non aspettare Django, spara (1967) de Edoardo Mulargia   ★★☆☆☆
Django sfida Sartana (1970) de Pasquale Squitieri   ★★☆☆☆

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Review: ⚡ Red Sun Atacama - 'Licancabur' (2018) ⚡

Da capital francesa chega-nos ‘Licacanbur’, o poderoso álbum de estreia do power-trio Red Sun Atacama. Lançado hoje mesmo através do jovem selo discográfico francês More Fuzz Records no formato físico de vinil, este primeiro trabalho de longa duração da banda sediada na cidade de Paris vem armado de uma electrizante pujança que nos sacode sem qualquer moderação. E se a contemplativa introdução de ‘Licancabur’ nos remete para as ensolaradas, carismáticas, áridas e bronzeadas paisagens de um clássico Spaghetti Western orquestrado pelo emblemático compositor italiano Enio Morricone, o que se segue é uma desenfreada, possante, furiosa e ardente galopada governada e esporeada por um inflamante, poderoso, ostentoso e alucinante Stoner Rock de ritmicidade fervilhada em adrenalina que – em sedutora parceria com um extasiante, cálido e provocante Desert Rock – nos embebeda e ofusca de euforia. Com base num fluído pendulo que tanto nos empoeira, perturba e incendeia numa intensa e acalorada saturação, como nos nebuliza e eteriza em envolventes, meditativas e relaxantes passagens edénicas, a fascinante sonoridade de ‘Licancabur’ é sublimemente executada a duas velocidades que nos passeiam por diferentes estados de espírito. Embrulhem-se na densa, tensa e enérgica reverberação de Red Sun Atacama excitante à boleia de uma guitarra vulcânica que ruge pesados, obscuros, dinâmicos e torneados riffs e desprende serpenteantes, alucinógenos e atordoantes solos, uma voz fogosa, ácida, penetrante e escarpada, um baixo expedito de linhas sombreadas, maciças, viçosas e musculadas, e uma bateria simultaneamente ligeira e carregada – movida a veemente explosividade e apaixonante ritmicidade – que compassa e estimula toda esta vertiginosa cavalgada pelos desertos de ‘Licancabur’. Este é um álbum tremendamente enérgico e cativante que nos combate, estremece e endoidece do primeiro ao último minuto. Deixem-se fervilhar e embevecer de entusiasmo provocado pela exposição à radiação do novo registo de Red Sun Atacama e vivenciem com inteira exuberância, fascínio e submissão um dos álbuns mais impactantes lançados até ao momento em 2018.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Review: ⚡ The Shadow Lizzards - 'S/T' (2018) ⚡

Da cidade de Nuremberga (Baviera, Alemanha) chega-nos o sumptuoso e promissor álbum de estreia do jovem power-trio The Shadow Lizzards. Lançado no passado mês de Fevereiro em formato digital através da página oficial de Bandcamp da banda, assim como nos formatos físicos de CD e vinil pela mão da pequena editora discográfica alemã Tonzonen Records, este disco de designação homónima encerra e pompeia um apaixonante, hipnótico, erótico e inflamante Blues Rock de carimbo vintage afagado e estimulado por um envolvente, carismático, aromático e eloquente Hard Rock de clara evocação setentista. A sua sonoridade quente, estética e fascinante transborda uma emocionante e atraente elegância que nos seduz e conduz ao longo de todo o álbum. São cerca de 65 minutos totalmente preenchidos de um delicioso, mélico e harmonioso requinte que nos inebria, sublima e eteriza do primeiro ao derradeiro tema. Existe algo de verdadeiramente majestoso na atmosfera de ‘The Shadow Lizzards’ que provoca no ouvinte uma ataráxica sensação provocando na sua alma e ouvidos uma constante salivação. Recostem-se confortavelmente, respirem profunda e pausadamente, selem as pálpebras e inalem toda esta agradável, doce e aromática musicalidade superiormente tricotada por uma majestosa guitarra de riffs grandiosos, preclaros e ostentosos, e solos assombrosos, deslumbrantes e virtuosos, um fabuloso órgão que se sobressai com os seus exuberantes, aparatosos e delirantes bailados, um murmurante baixo de linhas bem demarcadas, vigorosas e torneadas, uma notável e talentosa bateria levada a inventivas, opulentas e dinâmicas acrobacias, e ainda uma voz melodiosa com laivos de uma aspereza e exasperação que aprimora e namora toda a desarmante maviosidade transpirada pelos poros de ‘The Shadow Lizzards’. E é esta mágica e perfeita simbiose que conjuga todos os instrumentos que faz com que este venerável trabalho de estreia da formação germânica seja tão fascinante de ouvir e seguir. Este é um disco maquilhado e irrigado a primazia, delicadeza, sentimento e destreza. Um registo detentor de uma alma irradiante que ofuscará e conquistará o mais céptico e apático dos ouvintes. Deixem-se envolver, cortejar e encantar pela airosa, distinta e radiosa excelência de The Shadow Lizzards e embriaguem-se detidamente num dos mais garbosos álbuns hasteados até ao momento em 2018.

sábado, 23 de junho de 2018

Review: ⚡ Fuzz Forward - 'Out of Nowhere' (2018) ⚡

Da cidade espanhola de Barcelona chega-nos ‘Out of Nowhere’, o fervilhante álbum de estreia da jovem banda Fuzz Forward. Lançado em solo primaveril tanto na forma digital como em formato físico de CD e vinil – resultado de uma parceria discográfica entre a Discos Macarras, Odio Sonoro, Spinda Records e a Red Sun Records – este disco exibe um ritmado, robusto, quente e torneado Hard Rock de ares clássicos, harmonizado por um inflamante, melódico, atlético e entusiasmante Grunge Rock à boa moda dos carismático 90’s, e climatizado por um enérgico, atraente, desértico Stoner Rock de forte compleição física. A sua sonoridade ardente, calorosa, sumptuosa e contagiante – incendiada e empolada pelo cáustico efeito Fuzz – causa no ouvinte uma prazerosa sensação de fascínio e sedução que o envolve e revolve do primeiro ao último tema. Conseguem imaginar uma violenta colisão entre Sasquatch e os lendários Alice in Chains? Se sim, alcançaram a essência de Fuzz Forward. São cerca de 43 minutos ebulidos numa intensa e vulcânica saturação que nos aquece, estarrece e anima. Sintam a ardência de Fuzz Forward à estimulante boleia de uma guitarra que se enegrece, encrespa e amplifica em riffs montanhosos, fluídos e ostentosos, e se excede e serpenteia em solos borbulhantes, astrais, viscerais e alucinantes, um baixo encorpado e tonificante, de linhas pulsantes, tensas e reverberantes que sublinha, sombreia e revigora o riff-base, uma bateria faiscante de ritmicidade explosiva, vigorosa e ofensiva, e ainda uma chamejante voz de textura áspera e lubrificada a melosidade e fogosidade – fazendo recordar a saudosa e singular voz do eterno Layne Staley – que empresta a este registo toda uma desarmante e aliciante elegância à veraneia atmosfera de ‘Out of Nowhere’. Este é um álbum de audição obrigatória a todos os amantes dos géneros já citados. Deixem-se incendiar e dominar pela sedutora impetuosidade de Fuzz Forward e vivenciem com total fervor e exaltação esta elogiosa estreia da banda catalã.

Review: ⚡ Howard - 'Howard I' EP (2018) ⚡

Da capital francesa chega-nos o estético e distinto EP de estreia do jovem tridente Howard. Lançado muito recentemente nos formatos de digital e CD através das suas páginas oficiais de Bandcamp e Bigcartel, este ‘Howard I’ vem fervido num ardente, sedutor, arrebatador e envolvente Stoner Rock estimulado e inflamado pelo urticante e chamejante efeito Fuzz e em agradável parceria com um elegante, tentador, encantador e exuberante Blues Rock de aroma adocicado. A sua sonoridade apaixonante, catalisadora, carismática e embriagante – conduzida a dinamismo, vivacidade, inspiração e habilidade – causa no ouvinte uma intensa sensação de apego e deslumbramento que o acaricia do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 17 minutos ensolarados e aquecidos por uma esplendorosa, mágica, sumptuosa e intimista atmosfera que nos abraça, afaga e conquista. Embrenhem-se na fascinante, perfumada e provocante melosidade transpirada e propagada por ‘Howard I’ à paradisíaca boleia sonora de um intrigante, sublime e liderante órgão Hammond de irresistíveis, exóticos, apoteóticos e notáveis bailados que se envaidecem e enaltecem na consistente, robusta, torneada e oscilante sombra de um sintetizador Moog que se camufla de baixo, uma maravilhosa e ostentosa guitarra de poderosos, reverberantes, reluzentes e primorosos riffs que desaguam em alucinantes, cuidados, aparatosos e desarmantes solos, uma voz refrescante, melodiosa, amistosa e revigorante, e uma bateria cintilante – de toque polido, inventivo e emocionante – que tiquetaqueia com leveza, maestria e firmeza toda esta promissora estreia da prodigiosa banda parisiense. É-me ainda relevante elogiar o harmonioso artwork de natureza poética e campesina – superiormente pensado e ilustrado pelo incontornável, afamado e inimitável artista francês JoRiou – que de forma tão fiel traduzira para a imagem tudo o que a musicalidade desta obra nos sugere. ‘Howard I’ é um adorável registo que – apesar da sua curta duração – deixa em nós uma demorada ressaca. Bronzeiem-se na afável, lenitiva e admirável radiância de Howard e sintam-se atracar num relaxante, inabalável e embriagante estádio de pleno êxtase que vos mitigará a alma e massajará o cerebelo. Um dos mais audaciosos, requintados e deliciosos EP’s do ano está aqui, na fabulosa, quimérica e prazerosa essência de ‘Howard I’. Diluam-se nele.

Review: ⚡Funeral Horse - 'Psalms for the Mourning' (2018)⚡

Conseguem imaginar a sonoridade obscura e vigorosa de Black Sabbath parcialmente transfigurada num ardente e tonificante Garage Rock de atitude Punk? Se sim, alcançaram os fascinantes domínios de Funeral Horse. Este radical power-trio oriundo da cidade de Houston (Texas, EUA) acaba de lançar o seu novo álbum ‘Psalms For The Mourning’ em formato físico de vinil (numa edição ultra-limitada a 500 cópias existentes) através do selo discográfico local Artificial Head Records, e o mesmo provocara em mim uma forte implosão de entusiasmo. A sua sonoridade de natureza complexa e peculiar passeia-se de um atraente, veraneio, ritmado e deslumbrante Garage Rock – pontapeado por um vagaroso, sonolento e ocioso Punk Rock de rotação branda, e bronzeado por um refrescante Surf Rock de índole sessentista – a um intrigante, robusto, sombrio e empolgante Heavy Metal de feição e tonalidade Sabbath’ica, atravessando ainda as margens de um elegante, carismático e apaixonante Delta Blues de inspiração rústica. E são estes ingredientes musicais tão profundamente contrastantes e aparentemente incompatíveis, mas que quando conjugados, temperados e devidamente cozinhados com a maestria desta formação norte-americana resultam numa enigmática, aromática e comovente combinação que nos hipnotiza, dilata as pupilas e narcotiza do primeiro ao derradeiro minuto. ‘Psalms For The Mourning’ é um magnífico álbum, assombrado por uma atmosfera instigante, bizarra, exótica e aliciante, que nos faz dançá-lo e reverenciá-lo sem a mais pequena réstia de inibição. Percam-se por entre a airosa e majestosa extravagância de Funeral Horse ao volante de uma excêntrica guitarra criadora de riffs inflamantes, arrojados e facilmente contagiantes, e solos imaginativos, sumptuosos, maravilhosos e lenitivos, um baixo lúgubre e magnetizante de bafagem delineada, pulsante, sombreada e reverberante, uma bateria diligente, inventiva e entusiasmante, esporeada e governada a uma ritmicidade sublimemente multifacetada, e ainda uma voz agressiva, turva, nebulosa e incisiva que cavalga com ousadia toda a obscenidade exalada por ‘Psalms For The Mourning’. Este é um álbum de digestão custosa, mas que melhora substancialmente com o amontoar das audições. Permitam-se dissolver nesta envolvência carnavalesca, mística e burlesca dos texanos Funeral Horse e vivenciem com total entrega e fascinação o transbordante exotismo de um dos álbuns mais singulares de 2018.

Review: ⚡ Saturno Grooves - 'Solar Hawk' (2018) ⚡

Do exótico México chega-nos ‘Solar Hawk’: o primeiro trabalho de longa duração do enérgico power-trio asteca Saturno Grooves. Lançado no passado mês de Maio em formato digital (disponível para download gratuito) pelo pequeno selo discográfico local LSDR Records – embora com a promessa deixada pela banda de um lançamento em formato físico agendado para o presente mês de Junho – através da sua página oficial de Bandcamp, este expressivo álbum de estreia da formação localizada no estado mexicano de Durango vem atestado de um poderoso, ardente, intenso e vigoroso Stoner Rock em sedutora parceria com um perfumado, obscuro, dinâmico e torneado Heavy Blues de feições Doom’escas. A sua sonoridade inflamante, tórrida e excitante – fervida e marinada em efeito fuzz – embebeda-nos de uma absorvente, veemente e prazerosa adrenalina auditiva que nos provoca e euforiza do primeiro a último tema. São cerca de 34 minutos conduzidos a uma ritmicidade galopante provocando no ouvinte uma boleia sonora verdadeiramente alucinante. Sintam o bafo quente de uma guitarra que se agiganta e enegrece em riffs vibrantes, sombrios, alterosos e dominantes, e se desprende e deslumbra em solos ácidos, delirantes, borbulhantes e arrebatadores. Estremeçam com a reverberante ondulação emanada de um baixo intenso e corpulento que se serpenteia em linhas magnetizantes, pausadas, carregadas e pujantes, e desprendam a cabeça numa violenta e desenfreada resposta comportamental a uma turbulenta e assanhada bateria de ritmicidade animada, empolgante, atordoante e arrojada. ‘Solar Hawk’ é um álbum chefiado por uma imponente tirania que nos invade, agride e sacode sem qualquer moderação. Um registo marcante – superiormente movido a fogosidade, robustez, dinamismo e intensidade – que promete competir pelos lugares cimeiros da lista acabada onde se perfilam os melhores álbuns nascidos em 2018. Deixem-se bronzear pela impetuosa, opulenta e psicotrópica radiância de Saturno Grooves e vivenciem com total ebulição um dos discos mais tonificantes do ano.

Review: ⚡ Gaupa - 'Gaupa' EP (2018) ⚡

Da cidade de Falun (na Suécia) chega-nos o exótico EP de estreia da jovem banda Gaupa. De designação homónima e lançado no inicio do presente mês de Junho unicamente em formato digital através da sua página oficial de Bandcamp, este extravagante registo ostenta uma ardente mistura de géneros musicais de onde sobressai um fervoroso, robusto e portentoso Stoner Rock massajado e climatizado por um envolvente, afável e apaixonante Folk Rock, obscurecido e tonificado por um denso, sombrio e arrastado Doom, e ainda perfumado e orientado por um serpenteante, inventivo e fascinante Prog Rock. É esta a saborosa receita sonora posta em prática na produção e execução de ‘Gaupa’. Uma veemente, mística e elegante digressão que nos passeia por ambiências completamente contrastadas, causando em nós – ouvintes – uma poderosa sensação de intriga e apego que nos mantém atrelados e hipnotizados do primeiro ao derradeiro tema. São 28 minutos saturados por um ostensivo encantamento e ventilados por uma estranha e enigmática substância que sobrevoa e atemoriza toda a plenitude do EP. Embarquem nesta viagem evolutiva pelo misterioso universo de ‘Gaupa’ atrelados a duas guitarras messiânicas que se coligam e amplificam em montanhosos, mântricos e majestosos riffs e se dispersam e serpenteiam em solos extasiantes, arábicos e alucinantes, um baixo meditativo de linhas pulsantes, torneadas, acentuadas e possantes, uma bateria ofensiva de ritmicidade galopante, fogosa e instigante, e uma voz atraente, diabrina, translucida e reluzente que empresta a este EP toda uma dose de exuberância, bizarria e extravagância. De enaltecer ainda o artwork – superiormente trabalhado pelo já carismático e afamado ilustrador francês Jo Riou – que embeleza e formoseia esta auspiciosa estreia da banda nórdica. ‘Gaupa’ é um registo de essência sibilina que nos persegue, alicia e embevece. Uma cativante obra de tonalidade ocultista que tanto nos sombreia, encrespa e atemoriza, como incendeia, liberta e euforiza. Comunguem detidamente este EP e testemunhem todo um prazeroso e brumoso estádio de assombro e feitiço nublar e atestar a vossa alma sedenta de algo assim.

Review: ⚡ Brownstone Inc. - ‘Mind Tricks’ (2018) ⚡

Sendo eu um intratável amante de Blues Rock de natureza e odor setentista, não poderia ficar indiferente ao adorável álbum de estreia da jovem formação austríaca Brownstone Inc.. Lançado no final do passado mês de Maio em formato digital e de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este surpreendente ‘Mind Tricks’ causara em mim uma marcante e memorável sensação de amor à primeira audição. Locomovido e ungido por um ostentoso, torneado e musculoso Hard Rock de essência clássica em parceria com um serpenteante, carismático e fascinante Heavy Blues, este registo envolve e ostenta uma sonoridade irresistivelmente atraente que nos delicia e extasia a alma. São 38 minutos temperados por uma quente, harmoniosa e deslumbrante melosidade que nos acaricia, maravilha e inebria os sentidos. Derretam-se na airosa e graciosa sublimidade de ‘Mind Tricks’ à agradável boleia de duas guitarras que se robustecem e obscurecem na elevação de riffs emotivos, majestosos e altivos, e se estimulam na superior condução de borbulhantes, ácidos e berrantes solos, um baixo groovy que se passeia e deleita em linhas hipnotizantes, ritmadas, pausadas e oscilantes, uma bateria diligente de ritmicidade movida a virtuosidade, leveza e fogosidade, e ainda uma portentosa voz feminina de tonalidade sedosa, melódica, enérgica e radiosa que lidera com brilhantismo e requinte toda esta vistosa primorosa ode ao lado mais caloroso, vibrante e meloso do bom, velho Blues. Este é um álbum repleto carisma que nos põe a alma e os ouvidos em constante salivação. Rodem este inspirado e esmerado trabalho de estreia de Brownstone Inc. e sintam-se exultar e enlevar do primeiro ao último minuto. De audição não recomendável a diabéticos.

Review: ⚡ Alms - ‘Act One’ (2018) ⚡

Da grande e populosa cidade de Baltimore (Maryland, EUA) acaba de chegar um dos discos por mim mais aguardados do ano. ‘Act One’ é – tal como o seu nome sugere – o álbum de estreia da jovem banda Alms, e – apesar do seu nascimento oficial ter sido apontado apenas para o final do verão – fora antecipado e lançado no passado dia 8 de Junho pelo selo discográfico norte-americano Shadow Kingdom Records nos formatos físicos de vinil, cassete e CD (este último estará disponível apenas no final do mês de Agosto / início de Setembro). Fundamentado numa intrigante, sumptuosa e fascinante cerimónia de onde sobressai um imperioso, ritualístico, adornado e charmoso Proto-Metal de tração setentista que de forma harmoniosa e apaixonante se entrosa com um vistoso, melódico, refinado e majestoso Hard Rock de natureza clássica e tradicionalista, este hipnótico, pitoresco e imensamente sedutor ‘Act One’ tem o dom de nos envolver e enfeitiçar do primeiro ao último minuto. A sua sonoridade verdadeiramente estética, provocante e irresistível – resultada de uma bem-sucedida fusão e fermentação da musicalidade de bandas tais como Coven, Wishbone Ash, Blood Ceremony, Ruby the Hatchet e The Well – causa no ouvinte uma demorada e prazerosa sensação de intenso arrebatamento que o climatiza, magnetiza, cega e domina ao longo de toda esta distinta liturgia. Há algo de verdadeiramente enfeitiçador na faustosa e aristocrática atmosfera de ‘Act One’ que nos faz ouvi-lo e comungá-lo completamente inebriados, perplexos e maravilhados pela deslumbrante sublimidade que o mesmo irradia. Ingressem nesta melodiosa e ostentosa galopada de ares revivalistas ao volante de duas guitarras que se entrançam na produção e condução de riffs grandiosos, cativantes, nobres e poderosos e se desencontram na exuberante e extravagante libertação de alucinantes, soberbos e desarmantes solos, um carismático, singular e aromático teclado que se evidencia em magnetizantes, prestigiosos, bizarros e arrepiantes bailados, uma adorável bateria superiormente executada e esporeada a requinte, leveza e destreza, e ainda duas vozes perfumadas, sedosas, afáveis e melodiosas que retocam e finalizam esta caprichada e inspirada obra-prima. É-me ainda relevante evidenciar pela positiva o extraordinário artwork da autoria do ilustrador Justin Stubbs que reveste e maquilha na perfeição tudo o que este trabalho de Alms sugere ao ouvinte. ‘Act One’ é indubitavelmente um dos meus álbuns favoritos de 2018. Um disco verdadeiramente impactante que certamente não deixará ninguém indiferente. Embrenhem-se na sua enigmática e edénica magnificência e vivenciem com plena veneração e rendição uma das mais exímias preciosidades musicais lapidadas este ano. Que disco!