sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Review: ⚡ Amplified Heat - 'Madera' (2018) ⚡

O power-trio texano Amplified Heat acaba de surpreender todos os seus apóstolos com o lançamento-relâmpago de ‘Madera’, o seu terceiro e novo álbum de estúdio. Disponibilizado hoje mesmo através da sua página oficial de Bandcamp e unicamente em formato digital, este registo vem condimentado por um elegante, carismático e electrizante Heavy Blues de essência vintage, transversal a toda a linha discográfica da banda desde o momento da sua formação. Naturais da cidade de Austin (Texas, EUA) estes três irmãos de sangue contam já com cerca de 15 anos de carreira inteiramente dedicados ao revivalismo sonoro resgatado das décadas de 60 e 70. Referências clássicas como Jimi Hendrix, Black Sabbath, Cream, ZZ Top, Ten Years After e Blue Cheer são influências descaradas na criação musical de Amplified Heat e ‘Madera’ vem confirmar e reforçar essa tendência (que muito me agrada, devo dizer). Fundamentado numa ardência erótica – característica tão comum no velho Heavy Blues – que nos envolve e revolve ao longo de todo o seu corpo temporal, ‘Madera’ é um álbum movido a destreza, lubricidade, fineza e majestosidade. Um registo recém-nascido mas de alma idosa (a sua crua produção à boa moda do Lo-Fi assenta-lhe mesmo bem) que nos empoeira e afogueia de um sentimento nostálgico. Toda uma deslumbrante e apaixonante ostentação sonora concebida e conduzida por uma pomposa guitarra – inspirada nas consagradas raízes do Delta-Blues – que se envaidece e notabiliza com os seus primorosos, trabalhados, opulentos e charmosos riffs, e se transcende na libertação de lustrosos, extravagantes, desconcertantes e aparatosos solos, um baixo tenso, reverberante – de presença bem marcada e ritmicidade ofegante – que se serpenteia em linhas pulsantes, volumosas, virtuosas e dançantes, uma excêntrica bateria de orientação John Bonham’eana detidamente entregue a talentosas, inventivas, ágeis e fabulosas acrobacias, e ainda uma voz ecoante, tórrida e cortante (a fazer lembrar os vocais de Mark Arm, guitarrista e vocalista de Mudhoney) que cavalga com determinação toda esta provocante exalação bafejada pelo lado mais Raw do lendário Heavy Blues. O artwork de feições antiquadas – como que representando um totem em madeira com os semblantes do trio esculpidos - é da autoria da já célebre artista texana MishkaWestell. Este é um álbum incensurável – detentor de uma saudosa beleza e pureza – que nos arrasta consigo tanto para as lamacentas margens do rio Mississippi como para uma encantadora ambiência de fragância Woodstock’eana de onde não queremos regressar. Estamos mesmo na honrosa presença de mais um sério candidato à intensa batalha que se adivinha e avizinha pelos lugares mais cimeiros da listagem onde perfilarão os melhores álbuns nascidos em 2018.

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