domingo, 30 de setembro de 2018

Review: ⚡ All Them Witches - ‘ATW’ (2018) ⚡

É justo começar por referir que este era um dos álbuns mais aguardados do ano. Não só por mim, mas também por todos os restantes aficionados de All Them Witches, banda sediada na cidade norte-americana de Nashville (estado do Tennessee, EUA) que nos últimos anos tem visto o seu público alargar de forma exponencial e sem qualquer moderação. Sintoma claro de um reconhecimento meritório, essencialmente fundamentado na incrível amplitude criativa e inspiradora de uma das bandas mais populares e fascinantes do momento. Sendo eu um intratável apaixonado pelo seu segundo álbum (o inigualável ‘Lightning At The Door’ nascido no já longínquo ano de 2013) e um apreciador bem mais comedido em relação aos seus restantes trabalhos, este quinto e novo álbum de designação homónima despertava em mim todo um incontrariável pressentimento de estaria prestes a testemunhar todo o esplendor de um registo de natureza irrepreensível. E assim se materializou essa expectativa previamente hasteada. Lançado muito recentemente sob a forma física de CD e vinil através do selo discográfico texano New West Records (com o qual a banda vai amadurecendo a sua ligação contratual), ‘ATW’ presenteia o ouvinte com um delicioso cocktail sonoro de onde sobressai um inflamante, exótico e provocante Psych Rock de inspiração setentista, matizado de um dançante, rústico, refinado e inebriante Heavy Blues de aroma clássico com ousadas mas felizes aproximações ao carismático Delta-Blues lavrado e desabrochado nas idosas margens do rio Mississippi. A sua sonoridade de compleição heterogénea passeia-se envaidecidamente numa deslumbrante conjugação entre a intensa robustez e a afável suavidade, o ardente entusiasmo e a nirvânica mansidão, a elegante resplandecência e a pesada obscuridade. São esses os estádios mentais que nos invadem a alma assim que iniciamos e desenvolvemos a digressão pelas envolventes paisagens de ‘ATW’. Maravilhem-se com a fabulosa ostentação de uma guitarra que se serpenteia e incendeia em riffs hipnotizantes, fluídos, inventivos e euforizantes, e se esgota em uivantes, labirínticos, expressivos e desarmantes solos capazes de nos ferver e enlouquecer, um baixo murmurante de linhas possantes, curvadas, dinâmicas e ondulantes que nos desprendem a cabeça na sua perseguição, uma bateria arrojada e soberbamente conduzida a habilidade, sentimento e objectividade que nos espreme toda a adrenalina acumulada, uma voz mélica, edénica e delicada que sobrevoa todo o álbum com graciosa ternura, e ainda um onírico e perfumado teclado – que com os seus sidéricos bailados – borrifa de magia toda a atmosfera enfeitiçada de ‘ATW’. Este é um álbum produzido a sensualidade, capricho e sensibilidade que certamente agradará tanto a gregos como troianos. Deixem-se dissipar livremente pela paradisíaca torrente que percorre as artérias desta inspirada obra de All Them Witches e sintam-se desaguar num perfeito estádio de transe que vos climatizará tão para lá da duração do álbum. Verdadeira maviosidade em estado musical.
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