quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Review: ⚡ Kungens Män - ‘Fuzz på svenska’ (2018) ⚡

O colectivo sueco Kungens Män continua a demonstrar inesgotáveis e surpreendentes recursos criativos e acaba de avançar para o lançamento do seu 19º trabalho de longa duração em apenas cinco anos de actividade. Designado de ‘Fuzz på svenska’ e promovido pelo selo discográfico germânico Adansonia Records nos formatos físicos de CD (limitado a 500 cópias existentes) e vinil (este último repartido em duas edições diferenciadas e ultra-limitadas), este álbum duplo do sexteto nórdico comporta um envolvente, anestésico e suavizante Krautrock de propensão astral em coligação com uma mística e exótica veia experimental de onde sobressai uma hipnótica e exuberante vibe jazzística. Perfumados e compenetrados pela sua deslumbrante e magnetizante sonoridade, somos levados à mais profunda intimidade do espaço sideral onde as mais idosas estrelas se deixam soterrar pelo negrume que repleta a vacuidade cósmica. ‘Fuzz på svenska’ simboliza uma extraordinária odisseia que nos resvala pelas costuras do universo e desagrega a alma pela imensidão espacial. Deixem-se dormitar à relaxante boleia de duas guitarras contemplativas, um baixo murmurante, uma bateria criativa e um sintetizador deambulante, e agitem-se de olhar selado e sorriso talhado na instintiva resposta aos vivificantes, bizarros e berrantes bailados de um saxofone carnavalesco que absorve grande parte do protagonismo. Esta nova digressão espiritual levada a cabo pelos astronautas Kungens Män pendula entre paisagens sonoras tricotadas a meditação, misticismo e mansidão que nos massajam, insensibilizam e narcotizam, e fervilhantes passagens saturadas pelo inflamante efeito fuzz e uma bizarra e alienígena atmosfera noisy que nos revolvem e incendeiam. São cerca de 82 minutos de uma admirável e aliciante expedição aos confins da nossa espiritualidade. Mergulhem no vosso Cosmos interior atrelados a este fabuloso ‘Fuzz på svenska’ e embalem numa doce e penetrante narcose que vos afagará e canalizará aos braços do transe. Não será nada fácil regressar das funduras deste sonho acordado e recuperar a lucidez que nos fora subtraída ao longo de todo o álbum. Um dos registos mais transcendentes de 2018 está aqui, na expansiva, magnetizante e lenitiva essência do renovado capítulo – de âncora recolhida e velas hasteadas – pelos lisérgicos e edénicos oceanos de Kungens Män.

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