terça-feira, 2 de outubro de 2018

Review: ⚡ Windhand - ‘Eternal Return’ (2018) ⚡

O poderoso quarteto norte-americano Windhand prepara-se para lançar já no próximo dia 5 de Outubro (sexta-feira) o seu novo álbum designado de ‘Eternal Return’ e promovido pela mão da afamada editora discográfica Relapse Records sob a forma física de CD e vinil. Esta encantadora formação sediada na cidade de Richmond (Virginia, EUA) continua a fazer do lado mais nebuloso, psicotrópico e umbroso do Doom Metal a sua estrela orientadora, e este seu quarto álbum de estúdio ilustra condignamente essa tendência que a acompanha desde o homónimo álbum de estreia nascido na já distante Primavera de 2012. Envergando um lamacento, carregado, massivo e corpulento Psych Doom que se arrasta e alastra pesada e lentamente pelas fumarentas, melancólicas e pardacentas trevas de uma dantesca e desoladora paisagem apodrecida pelo Outono, a enigmática sonoridade de ‘Eternal Return’ tem o dom de nos soterrar num profundo, morfínico e misantrópico estádio mental de onde não conseguimos – e tampouco queremos – sair. Numa densa e tenebrosa atmosfera onde somos abraçados e sufocados pelo espesso e tirânico negrume – motivado e intensificado por uma guitarra luciférica que se agiganta em volumosos, profanos, intrigantes e ostentosos riffs, e dissipa em solos borbulhantes, distorcidos, venenosos, viscerais e ecoantes, um portentoso baixo de linhas pulsantes, pesadas, sísmicas e angustiantes, e uma potente e trovejante bateria de ofensivas retumbantes, pausadas, arrojadas e magnetizantes – somos convidados a segurar firmemente a esperançosa, afável e luminosa mão de Dorthia Cottrell que com a sua voz espectral, translúcida, cristalina e melódica faroliza a nossa alma que até então se encontrava perdida e à deriva neste ritualístico e brumado universo de Windhand. São mais de 60 minutos de uma cerimoniosa disputa entre a luz e as trevas, o sagrado e o herético. É-me ainda imperativo distender o elogio ao magistral artwork – soberbamente arquitetado e ilustrado pelo diferenciado artista norte-americano Arik Roper – que confere uma desarmante misticidade visual à etérea musicalidade neste álbum abrigada. Envolvam-se detidamente na ambiência enfeitiçada de ‘Eternal Return’ e deixem-se seduzir e conduzir pelas suas hipnóticas e fantasmagóricas narrativas que provocam no ouvinte uma imperturbável sensação de bem-estar e uma dormência impossível de acordar. Um dos meus álbuns favoritos de 2018 está aqui, na esotérica e tentadora essência de ‘Eternal Return’. Convertam-se em seus devotos apóstolos e comunguem a escura radiância de uma das bandas que mais anseio poder presenciar ao vivo.

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