sexta-feira, 30 de novembro de 2018
Review: ⚡ Mt. Mountain - ‘Golden Rise’ (2018) ⚡
Exímios e reincidentes na tão
cobiçada e rara arte de só saber produzir belos álbuns, os australianos Mt. Mountain acabam de presentear todos
os seus fiéis discípulos com um novo e terceiro trabalho de longa duração
denominado de ‘Golden Rise’. Oficialmente lançado hoje mesmo através da
editora discográfica inglesa Cardinal
Fuzz (responsável pela distribuição em solo europeu) e do selo discográfico
norte-americano Little Cloud Records
(responsável pelo distribuição em solo americano) sob a forma física de CD-R e vinil,
este fabuloso registo vem oxigenado e massajado por um deslumbrante, imersivo, sublime
e extasiante Psych Rock de
luminância primaveril dissolvido num meditativo, narcotizante, hipnótico e
lenitivo Krautrock de aroma devocional que nos
arremessa para fora da órbita consciencial e deixa à deriva na profunda e vertiginosa intimidade
do Cosmos interior. Estes cinco xamãs oriundos da cidade australiana de Perth têm em ‘Golden Rise’ um venerável
álbum de natureza mística e terapêutica, detentor de uma sonoridade edénica,
cerimonial e evangélica que nos desobstrói os trilhos da espiritualidade e
encaminha para um glorioso estádio de transe.
Comunguem este consagrado elixir sonoro e deixem-se absorver e embevecer por
uma doce hipnose desenvolvida e conduzida por duas guitarras endeusadas que se
cruzam em aveludados, maviosos e enfeitiçados acordes e se descruzam em borbulhantes,
venenosos e alucinantes solos, um baixo murmurante de linhas pausadas, magnetizantes
e onduladas, uma relaxante bateria locomovida a um compasso demorado e
compenetrado, um perfumado sintetizador criador de uma atmosfera onírica, e
ainda uma messiânica voz de textura translúcida, espectral, celestial e
delicada que nos soterra e amortalha numa siderada narcose. ‘Golden
Rise’ é um álbum verdadeiramente paradisíaco que nos remete para um
perfeito estádio de claridade, serenidade e contemplação interior. Canonizem a
vossa alma no imaculado pacifismo e sintam-se evadir na vertiginosa direcção
das estrelas, deixando para trás um corpo caído, despido e inanimado. Este é
seguramente um dos registos mais impactantes e apaixonantes de 2018. Um disco maravilhoso,
plenamente concebido à minha imagem e ao qual recorrerei repetidas vezes. A
minha alma obrigar-me-à a isso. Banhem-se na sua santificada luzência e
disfrutem deste autêntico oásis de absorção auditiva. Corações ao alto.
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quinta-feira, 29 de novembro de 2018
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
terça-feira, 27 de novembro de 2018
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
Review: ⚡ Kanaan - ‘Windborne’ (2018) ⚡
Da cidade de Oslo (capital da Noruega) chega-nos o maravilhoso álbum de estreia da jovem banda Kanaan. Recentemente carimbada pelo
influente selo discográfico dinamarquês El
Paraiso Records, este trio escandinavo prepara-se para lançar no próximo
dia 7 de Dezembro o seu álbum de estreia designado ‘Windborne’ nos formatos
físicos de CD e vinil (este último reduzido a uma prensagem limitada a 300
cópias existentes). Com a irrecusável possibilidade de ouvir na íntegra e em primeira mão
esta nova aposta de uma editora que há muito admiro, apressei-me a
experienciá-lo e agora verto para a escrita tudo aquilo que ‘Windborne’
provocara em mim. Resultado de um fascinante sortido de sonoridades – de onde
se identificam um imaginativo, extravagante, requintado e criativo Jazz Rock, um arrebatador, deslumbrante
e sedutor Psych Rock, um contemplativo,
etéreo e lenitivo Krautrock e ainda
um envolvente, agradável e eloquente Post
Rock de estética cinematográfica – este primeiro trabalho dos noruegueses Kanaan traz-nos uma adorável fragância
musical tão raras vezes apaladada. O mesmo encerra uma resplandecente beleza
tricotada a misticismo que nos namora e ilumina do primeiro ao derradeiro tema.
São cerca de 42 minutos aureolados e norteados por uma magnetizante e aliciante
atmosfera onírica que nos estimula e aguça todos os sentidos na hora de saborear
tal complexidade musical. Deixem-se submergir num profundo oceano de fascínio, deleite
e devoção ao conjugado som de uma guitarra caprichosa que tanto se apazigua em suavizantes,
sensíveis, lisérgicos e relaxantes acordes, como se supera e transvia na
mirabolante condução de vertiginosos, caóticos, frenéticos e assombrosos solos,
um baixo meditativo desenhado e movido a linhas oscilantes, fluídas, hipnóticas
e murmurantes, e uma bateria soberbamente jazzística
que com o seu toque polido, brilhante, habilidoso e provocante tiquetaqueia com
desarmante sublimidade toda esta fantasiosa digressão pelo sonho acordado de Kanaan. Este é um álbum detentor de uma
sensualidade, destreza, elegância e delicadeza verdadeiramente arrebatadoras
que não deixarão ninguém indiferente. Diluam-se na extasiante majestosidade de ‘Windborne’
e vivenciem com total apego e encantamento esta inspirada, aprimorada e muito promissora obra de
origem norueguesa. Estamos segura e indubitavelmente na presença de um dos mais
sérios candidatos a marcar presença nos primeiros lugares referentes à listagem
dos melhores álbuns lançados em 2018.
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domingo, 25 de novembro de 2018
sábado, 24 de novembro de 2018
Review: ⚡ Void Commander - ‘Void Commander’ EP (2018) ⚡
Da história cidade de Karlskrona (localizada na costa sulista
da Suécia) chega-nos o majestoso EP do power-trio Void Commander.
Lançado já no final do mês de Junho tanto em formato digital como na forma
física de CD, este EP de denominação
homónima escuda-se num musculado, poderoso, ostentoso e torneado Hard Rock de aparência clássica em erótica
coligação com um serpenteante, hipnótico, demoníaco e intrigante Heavy Blues de rotação setentista. A sua sonoridade verdadeiramente
encantadora conjuga a dourada melosidade de uns Led Zeppelin com a principesca obscuridade de uns Black Sabbath, mantendo o ouvinte compenetrado
num constante fascínio que o climatiza e prazenteia do primeiro ao último tema. São cerca de
35 minutos temperados e afogueados pelo ardente efeito Fuzz que confere a este ‘Void Commander’ toda uma intensa e fogosa
sensualidade. Tombem as vossas pálpebras, desenhem um sorriso no rosto e
balanceiem a cabeça na instintiva resposta a toda esta adorável resplandecência
sonora propagada por uma guitarra messiânica que se envaidece na condução de riffs imponentes, luciféricos,
encorpados e magnetizantes, e solos libidinosos, virtuosos, estonteantes e luxuosos,
um baixo monolítico carregado a uma bafagem pulsante, tensa, sombria e
vibrante, uma agradável bateria compassada a um toque polido, delicado e rutilante,
e ainda uma voz harmoniosa de tonalidade afável, macia e sedosa que confere um
requinte extra a toda esta venerável atmosfera tingida a revivalismo. Este é um
primoroso registo que resgata das lamacentas e pardacentas margens do rio Mississippi
o carismático espírito do Blues e
com ele nos embebeda de um pleno êxtase impossível de contrariar. Empoeirem-se
no espírito vintage transpirado por estes
três vikings da era moderna, e
comunguem com total entrega e fascinação o fogoso trago de um dos mais
impactantes EP’s lançados em 2018.
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
Review: ⚡ Frozen Planet 1969 - ‘The Heavy Medicinal Grand Exposition’ (2018) ⚡
O tridente australiano Frozen Planet 1969 está de regresso com
‘The
Heavy Medicinal Grand Exposition’, o seu sexto álbum de estúdio.
Lançado no início do presente mês de Novembro nos formatos físicos de CD (via Pepper Shaker Records) e vinil (via HeadSpin Records), este novo registo
vem dar continuidade à sua envolvente e evolutiva digressão espacial. Baseados em
extensíveis jam’s extraplanetárias de
onde se apalada um alucinante, hipnótico e viajante Heavy Psych empoeirado por um meditativo, narcotizante e lenitivo Space Rock, estes três astronautas
sediados na cidade de Sydney têm a capacidade
nos catapultar num vertiginoso mergulho cósmico pela incomensurável vacuidade sideral.
A sua sonoridade etérea e espacial – tricotada a misticismo, sublimidade e
exotismo – transcende o ouvinte para uma intrigante atmosfera alienígena que o lapidifica
e enfeitiça. São 45 minutos de uma feérica aventura pela inexplorada intimidade
celestial, onde solitários astros nos gravitam e incandescentes fornalhas
estelares nos farolizam e magnetizam pelo denso e nebuloso negrume ultraterrestre.
Recostem-se confortavelmente, respirem pausada e profundamente, desmaiem as
pálpebras e sintam-se escorregar neste poderoso vórtice à incrível boleia de
uma virtuosa guitarra conduzida a experimentalismo que se exterioriza em delirantes,
impressionantes e inesgotáveis solos, um baixo modorrento de linhas vagarosas, oscilantes,
penetrantes e ociosas que se carrega pesadamente, e uma bateria circense de
incursões extravagantes, habilidosas, majestosas e excitantes. É-me ainda
obrigatório estender o elogio ao vistoso artwork
de traço expressivo, original e criativo pertencente ao artista gráfico John Debono-Cullen. É demasiado fácil deixarmo-nos
absorver e enlevar pela inebriante fragância sonora de ‘The Heavy Medicinal Grand
Exposition’. Sintam-se escoar pelos labirínticos canais que irrigam toda
esta profunda hipnose e desaguar nos aveludados braços do transe espiritual. Um dos álbuns mais agradáveis de 2018 está aqui,
na renovada experiência mental copiosamente pensada e executada pelos
australianos Frozen Planet 1969. Uma
verdadeira terapia via auditiva que massajará toda a alma que nele ingressar.
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terça-feira, 20 de novembro de 2018
segunda-feira, 19 de novembro de 2018
Review: ⚡ Denso Crisol - ‘Volumen 1’ (2018) ⚡
Há muito tempo que me confesso
um intratável apaixonado pela generalidade do Blues Rock proveniente da velha Argentina setentista, e
que tem como seu incontestável padroeiro o singular Norberto Anibal Napolitano (mais comummente chamado de Pappo, seu apelido artístico). Portanto,
é sempre com uma grande expectativa e entusiasmo que vejo jovens bandas locais
beber desse carismático legado ancestral e espelhá-lo com vaidade e qualidade no
presente. Nesse contexto especial falar-vos-ei de Denso Crisol, e mais concretamente do seu novo registo lançado em
solo primaveril e exclusivamente em formato digital. Tal como o nome nos
sugere, ‘Volumen 1’ representa o primeiro trabalho de longa duração
deste fascinante power-trio enraizado
na cidade-capital argentina de Buenos
Aires. Este fabuloso álbum de inspiração revivalista sustenta um elegante,
poderoso, libidinoso e provocante Blues
Rock – condimentado por um místico, luminoso e edénico psicadelismo de
propensão astral – que nos incita e excita do primeiro ao derradeiro tema. A
sua sonoridade orientada e perfumada a requinte e extravagância causa no
ouvinte uma forte sensação de deslumbramento e sedução que o atrela de forma ininterrupta
a esta obra inspirada de Denso Crisol.
São 35 minutos aureolados por um admirável equilíbrio entre o clássico Blues Rock de indiscreta descendência setentista e um delirante, inventivo e
resplandecente Psych Rock de
condução experimental. Numa feliz conjugação entre alucinantes galopadas e
caramelizadas baladas, ‘Volumen 1’ é brilhantemente
liderado por uma guitarra endeusada que se manifesta em estimulantes, agitados
e vivificantes riffs e narcotizantes,
vertiginosos e serpenteantes solos, um baixo dominante e facilmente sussurrável
de linhas possantes, pesadas, oleadas e magnetizantes, uma acrobática bateria
locomovida a dinamismo, destreza, ardência e leveza, e ainda um coro vocal –
transversal aos três elementos da banda – que se passeia e galanteia livremente
por toda a deliciosa atmosfera do disco. É de alma pasmada e enfeitiçada que me
encontro na ressaca de ‘Volumen 1’. Este é um álbum tocante
– de natureza imensamente promissora e encantadora – que nos deixa a salivar e
desesperar pelo seu natural sucessor. Deixem-se embriagar por esta impactante
dose de revivalismo maturada por Denso
Crisol e entreguem-se na máxima plenitude ao seu majestoso, atraente e engenhoso Blues Rock de inspiração tradicional,
fielmente resgatado à melhor década musical: 1970.
domingo, 18 de novembro de 2018
sábado, 17 de novembro de 2018
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
Review: ⚡ Rattlesnake - ‘Time Is Come’ EP (2018) ⚡
Da mais populosa e influente
cidade dos EUA chega-nos o novo EP do jovem power-trio Rattlesnake. Intitulado
de ‘Time
is Come’ e oficialmente lançado pela mão da modesta editora discográfica In For The Kill Records numa edição especial em CD – ultra-limitada
a 100 cópias existentes – que engloba como bónus todos os temas anteriormente
produzidos pela banda nova-iorquina, este fascinante registo ostenta um ardente,
dinâmico, enérgico e provocante Heavy Rock
à boa moda de uns ZZ Top com uma entusiasmante
e contagiante atitude Boogie Rock. A
sua sonoridade de inspiração e tração setentista
prende um erotismo e exotismo capazes de nos envolver, intoxicar e compelir a
uma extravagante dança. São cerca de 18 minutos – devidamente repartidos pelos
três temas que o habitam – embebidos e fervidos numa intensa e vulcânica efervescência
que nos atesta e revolve de adrenalina. Deixem-se absorver por todo este estonteante
turbilhão estimulado por uma guitarra movida a riffs libidinosos, elegantes, excitantes e deliciosos que desaguam
em solos vertiginosos, alucinantes, serpenteantes e portentosos, um baixo murmurante
e reverberante conduzido a linhas encorpadas, pulsantes, magnetizantes e
torneadas, uma bateria inventiva e explosiva ritmada a endiabradas e surpreendentes
acrobacias, e ainda um coro vocal de natureza melódica e transversal a todos os
três elementos que compõem a banda. ‘Time is Come’ é um EP adorável, temperado e governado por
uma atmosfera verdadeiramente edénica, risonha e vivificante que embebeda e
embala o ouvinte num perfeito e inabalável estádio de bem-estar. Deixem-se contaminar
por toda esta desenfreada e emocionante cavalgada esporeada pelos Rattlesnake
e experienciem como puderem um dos mais extasiantes, singulares e euforizantes EP’s lançados no presente ano de 2018.
Autêntica epinefrina via auditiva que certamente não deixará ninguém
indiferente.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2018
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Review: ⚡ Pseudo Mind Hive - ‘From Elsewhere’ (2018) ⚡
A scene australiana direccionada para o lado underground da música Rock está de muito boa saúde e
recomenda-se vivamente. Bandas como Ahkmed,
Child, King Gizzard And The Lizard Wizard, The Murlocs, ORB, Holy Serpent, Hotel Wrecking City Traders, Buried
Feather, Elbrus, Frozen Planet… 1969, Mother Mars, Comacozer, Witchskull, Jack Harlon & The Dead Crows, Drug Cult, Jungle City, Stone Witches,
Zong, Khan e Mt. Mountain
(para mencionar apenas algumas) são das referências musicais mais imediatas que
me ocorrem sempre que penso naquela pequena ilha continental plantada na
fronteira que separa os territórios oceânicos do Índico e Pacífico. Todo um extraordinário
legado que se estende de uns lendários Buffalo
(formados em Sydney no início da
década de 1970) até uma das bandas mais recentes: Pseudo Mind Hive. Este jovem quarteto natural da carismática cidade
de Melbourne lançara na passada
Primavera o seu fabuloso álbum de estreia apelidado de ‘From Elsewhere’ sob o
formato físico de vinil (numa primeira edição de autor reduzida à existência de
apenas 150 exemplares, entretanto já esgotados). Baseado num atmosférico, electrizante,
magnetizante e sidérico Heavy Psych que
se enlameia e obscurece num pantanoso, narcotizante, intrigante e poderoso Psych Doom, este primeiro registo de Pseudo Mind Hive causara em mim um forte
impacto que me namorara e comovera do primeiro ao derradeiro tema. A sua
sonoridade estival, fascinante, provocante e de propensão astral – banhada e
bronzeada pelo corrosivo e fervilhante efeito fuzz – provoca no ouvinte
constantes erupções de euforia contida que o incendeiam e revoltam ao longo dos
seus cerca de 40 minutos de duração. Sintam-se desplantar da gravidade terrestre
e levitar rumo ao profundo negrume cósmico nas asas de duas guitarras ritualísticas
que se manifestam e ostentam em hipnotizantes, monolíticos e delirantes riffs, e ácidos, sinuosos, venenosos e alucinados solos,
um baixo tirânico conduzido a linhas vigorosas, sombrias, maciças e imperiosas,
uma emocionante bateria esporeada a um desatado, leve, acrobático e relaxado galope,
e ainda uma voz penetrante, lisérgica, distorcida e ecoante que se passeia e ensombra
por toda esta embaciada e embriagada nebulosidade exalada por ‘From
Elsewhere’. Este é um disco verdadeiramente encantador e catalisador que
nos absorve e prende toda a atenção. Recostem-se tranquilamente, tombem as
pálpebras, dilatem as narinas para que possam respirar pausada e profundamente,
e liguem os propulsores da vossa consciência que a lançará e deixará à deriva na
mais profunda intimidade da infindável verticalidade cósmica. Não é fácil
regressar deste disco. Percam-se nele.