sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Review: ⚡ Birdstone - 'Seer‘ (2019) ⚡

Da cidade francesa de Tours chega-nos a mélica e edénica fragância do jovem power-trio Birdstone com a apresentação do seu incrível álbum de estreia intitulado de ‘Seer’. Lançado hoje mesmo sob a forma digital (via Bandcamp) e nos formatos físicos de CD e vinil (via Bigcartel), este seu primeiro trabalho de longa duração encerra um poderoso, místico, ritualístico e ostentoso Heavy Blues de alma revivalista que me dilatara as pupilas e desenhara um incontrariável sorriso no rosto. Sendo eu um intratável apaixonado por esta tão carismática casta do saudoso e espirituoso Blues, não poderia passar por ‘Seed’ sem que o mesmo me agarrasse pelos colarinhos e cortejasse de forma exuberante. A sua sonoridade harmoniosa, doce, requintada e sedosa – tricotada a uma delicadeza e destreza verdadeiramente enternecedoras – tem o dom de nos inebriar e sublimar com a sua loquacidade sonora. De ouvidos a salivar e alma estacionada num imperturbável estádio de bem-estar, somos passeados e acariciados pelas suas baladas que alternam entre a gentileza e a rudeza, a tranquilidade e o frenesim, o brando e o vigoroso, sem nunca perder a majestosa elegância que norteia e incendeia todo o álbum. São cerca de 44 minutos climatizados e aureolados por uma atraente radiância capaz de persuadir e conquistar o mais frio dos ouvintes. Percam-se na desarmante extravagância exalada por uma guitarra erótica que se enfatiza e envaidece com os seus airosos, dançantes, revigorantes e prazerosos riffs de onde florescem fogosos, deslumbrantes, penetrantes e virtuosos solos, balanceiem o vosso corpo temulento ao ritmo de um magnetizante baixo desenhado e conduzido a linhas influentes, torneadas, onduladas e salientes, destravem a cabeça na empolgante e atordoante perseguição a uma talentosa bateria locomovida a inventivas, dinâmicas, altivas e desembaraçadas acrobacias, e comovam-se com uma charmosa, melificada, lubrificada e portentosa voz que vos perturbará e namorará do primeiro ao derradeiro tema. De destacar e louvar ainda o luxuoso artwork – caprichosamente detalhado pelo afamado duo parisiense Vaderetro – que empresta a esta obra-prima toda uma distinta primazia visual onde o nosso olhar se debruça e deleita. ‘Seer’ é um álbum inteiramente pensado e orquestrado à minha imagem. Um registo desmesuradamente epopeico que me envolvera e intrigara sem a mais pequena moderação. Regresso dele completamente embebido na sua contagiante sumptuosidade e rendido à sua absoluta qualidade. Muito provavelmente o meu álbum favorito hasteado até ao momento ainda curto, mas já muito frutífero ano de 2019. Banhem-se na copiosa grandiosidade transpirada por Birdstone, e testemunhem detida e apaixonadamente esta surpreendente estreia deste recente, mas muito promissor tridente de origem francesa.

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