quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Review: ⚡ Sageness - 'Akmé‘ (2019) ⚡

Depois de em 2017 terem apresentado o seu agradável álbum de estreia (devidamente desconstruído e aclamado aqui), os espanhóis Sageness regressam agora com o seu incrível sucessor apelidado de ‘Akmé’. Lançado muito recentemente sob a forma física de CD (numa estética edição autoral, ultra-reduzida à prensagem de apenas 100 cópias disponíveis) através da sua página de Bandcamp oficial, este novo álbum da formação leonesa sediada na cidade de León encerra um atraente, ensolarado e deslumbrante Psych Rock de mãos dadas com um tântrico, contemplativo e cinematográfico Post-Rock que se desenvolvem para um fogoso, enérgico e vigoroso Heavy Psych de propensão estelar. A sua sonoridade de receita instrumental – atestada de um intoxicante misticismo – tem o dom de nos transcender numa fabulosa e evolutiva odisseia espacial, driblando o abraço gravitacional dos astros e içando a nossa consciência ao sabor dos ventos que nos velejam na vertiginosa direcção de um firmamento desdobrado pela infinidade adentro. Recostem-se confortavelmente, respirem pausada e profundamente, selem o olhar e balanceiem o vosso corpo enfeitiçado à envolvente e extasiante boleia de uma guitarra profética que se esperneia em contagiantes, adoráveis, afáveis e fascinantes riffs, e vomita borbulhantes, psicotrópicos, hipnóticos e delirantes solos, um baixo murmurante, ondulado e pulsante de linhas movidas a robustez e fluidez, e uma bateria soberbamente expressiva que com um toque cintilante, polido e ligeiro tiquetaqueia e esporeia toda esta majestosa digressão pelo quimérico universo de ‘Akmé’. E se é com uma pronta facilidade que nos deixamos dissolver e enternecer na apaixonante musicalidade deste álbum, é com igual naturalidade que os nossos olhos se deixam maravilhar e deleitar com o magnânimo artwork exemplarmente reflectido e lavrado pelo talentoso ilustrador português Diogo Soares, mergulhando no seu cósmico e geométrico portal de natureza espiritual e naufragando pelo negro e pacífico oceano sideral que o mesmo ostenta. Este é um álbum desenhado a lubricidade que nos faroliza, cega e eteriza com a sua intensa luminosidade. Embrenhem-se na sublimada liturgia celestial superiormente rezada e liderada por Sageness e caminhem livremente pelas suas imensas paisagens sonoras de beleza e requinte a perder de vista. Este é seguramente um dos meus registos favoritos nascidos no presente ano, e que aponta a uma posição de grande destaque na listagem final dos melhores álbuns de 2019.

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