domingo, 14 de abril de 2019

Review: ⚡ Communion - 'Field Of Ruin‘ (2019) ⚡

Da cidade de Austin (capital do estado norte-americano do Texas) chega-nos ‘Field Of Ruin’, o novo álbum do tridente Communion e um dos registos por mim mais aguardados do ano. Esta formação texana – constituída em 2011 e integrada por ex-membros de outras bandas da região, como é o caso dos influentes Sweat Lodge (devidamente reverenciada aqui e premiada aqui) – entrincheira-se no lado mais fúnebre e depressivo da música Doom, provocando em mim um reconfortante estádio de total fascínio e assombração que de forma súbita me invadira no preciso momento da sua primeira audição. Lançado muito recentemente pelo selo discográfico local Somatic em formato físico de cassete, este ‘Field Of Ruin’ hasteia e ostenta toda uma sonoridade distópica que alterna entre um pujante, abissal, tenso e inflamante Funeral Doom de intenso e voraz negrume, e um envolvente, outonal, lúgubre e melancólico Drone, criador e narrador de paisagens tristemente belas. De cabeça pesada e tombada sobre o peito, olhar vendado e eclipsado, e alma narcotizada e encarcerada num perfeito estado de prostração, somos hipnotizados, atormentados e arrastados pela pardacenta e lamacenta musicalidade de Communion pela atmosfera devastada, silenciosa, solitária e enlutada que a mesma encerra. ‘Field Of Ruin’ é um impactante álbum de natureza profana, trágica e lacrimosa – movido a um portentoso vigor, nutrido a um febril desalento e revestido por um negro e espesso manto – que nos soterra nas profundas trevas da espiritualidade. Deixem-se absorver, atordoar e entristecer por uma guitarra lamuriosa que tanto se manifesta numa tirânica, tensa, violenta e misantrópica exasperação, como se aquieta em pausados, contemplativos, lenitivos e sublimes acordes tecidos a um lisérgico e subtil requinte, um baixo magnetizante de bafagem volumosa, reverberante, densa e poderosa que sombreia e tonifica toda esta morfínica e monolítica avalanche sonora, uma bateria explosiva, violenta e ostensiva que nos esporeia e bombardeia de adrenalina, e uma voz atemorizante, cavernosa, escarpada, ácida e acutilante que rasga e afogueia as vestes deste álbum verdadeiramente colossal. Chego ao final do último tema completamente abalado e nebulizado pela saturada veemência e desarmante plangência que governam a nefasta essência de ‘Field Of Ruin’. Não será nada fácil emergir dos escombros que cimentam este cataclismo e recuperar a lucidez e o alento sufocados pelo despótico poder de Communion. Um dos meus álbuns favoritos do presente ano de 2019 está aqui, na fatídica, niilística e caliginosa alma de ‘Field Of Ruin’. Desbotem-se nele.

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