sexta-feira, 31 de maio de 2019

Review: ⚡ Madmess - 'Madmess' (2019) ⚡

Madmess – um jovem power-trio português emigrado na cidade inglesa de Londres – acaba de lançar o seu impactante álbum de estreia ‘Madmess’ através da plataforma Bandcamp e unicamente em formato digital para download. Fundamentado num meditativo, místico e lenitivo Psych Rock que se fortalece, sombreia, enlameia e metamorfoseia num electrizante, sublime e alucinante Heavy Psych de natureza instrumental e propensão astral, este seu primeiro registo de longa duração – consequência de dois anos de trabalho focado e inspirado – causa no ouvinte todo um profundo estádio de êxtase e fascinação que de forma progressiva e subtil se desenvolve para uma polvorosa comoção de redentora euforia e exaltação. A sua sonoridade desmesuradamente encantadora e provocante – essencialmente sustentada em envolventes, fabulosas e ostentosas Jam’s que nos desenterram da gravidade terrestre e fazem cabecear os mais longínquos e solitários astros que farolizam o aveludado negrume cósmico – passeia-se e incendeia-se numa vertiginosa odisseia a velocidades e horizontes diferenciados. Num admirável equilíbrio emocional entre a anestésica, sedutora e nirvânica mansidão, e a efervescente, frenética e intoxicante excitação, somos raptados e enfeitiçados por uma guitarra magnética que se vangloria em refinados, comoventes, ardentes e condimentados riffs, e se exalta em atordoantes, desenfreados, ácidos e instigantes solos, um possante baixo de reverberação maciça que se orienta a linhas pujantes, fibróticas, hipnóticas e bafejantes, e uma apimentada bateria locomovida a uma intensa e vigorosa fogosidade. De destacar e louvar ainda o majestoso artwork – levado a cabo pela talentosa ilustradora portuguesa Lory Cervi – que embeleza o rosto deste ‘Madmess’ com um transponível portal capaz de nos imanizar para as caóticas e enigmáticas paisagens de um Cosmos palpitante. São cerca de 34 minutos – estruturados pelos quatro longos temas que os ornamentam – lavrados e saturados por uma absorvente misticidade que me embaciara e sufocara a lucidez, e hasteara as velas da consciência ao sabor dos celestiais ventos que mareiam toda a imensidão sideral de Madmess. Chego ao final do derradeiro tema de alma completamente pasmada e arrebatada pela etérea beleza que este álbum encerra. Um perfeito refém em orbita da sua poderosa gravidade. E é ainda de sentidos inebriados e cambaleantes que aponto esta incrível estreia de Madmess aos mais elevados lugares da listagem onde habitam os mais distintos registos lançados em 2019. ‘Madmess’ é uma portentosa e inolvidável experiência sonora à qual ninguém se deve negar. Que álbum!

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