quarta-feira, 22 de maio de 2019

Review: ⚡ The Mothercrow - 'Magara' (2019) ⚡

Depois de uma bem-sucedida campanha de crowdfunding que num curto espaço de tempo financiara na totalidade toda a gravação e produção em estúdio, os espanhóis The Mothercrow anunciam finalmente o seu tão ansiado álbum de estreia batizado de ‘Magara’ e do qual muito devem orgulhar-se. Oficialmente lançado no passado dia 17 de Maio sob a forma física de vinil pela mão do conceituado selo discográfico de origem germânica Nasoni Records, e em formato de CD pela parceria editorial espanhola que interligara a madrilena Nooirax e a La Rubia Producciones, este primeiro trabalho de longa duração do entusiasmante quarteto localizado na cidade de Barcelona vem inflamado de um musculado, enérgico, fibrótico e torneado Hard Rock de tração setentista e engrenado num deslumbrante, sedutor, harmonioso e contagiante Heavy Blues de ostentosa e primorosa condução. A sua sonoridade deveras fascinante, clássica, carismática e chamejante prende um embriagante aroma de paladar intimista e revivalista que me envolvera, intrigara e embevecera do primeiro ao derradeiro tema. São 44 minutos ensolarados e ofuscados por uma paradisíaca fervura de alcance transversal a todo o álbum, condimentando e apimentando tanto as deleitáveis, adoráveis, atraentes e eloquentes baladas de desarmante beleza, como as excitantes, dinâmicas e desconcertantes cavalgadas de instrumentos esporeados à rédea solta. ‘Magara’ é um aprimorado, brilhante e consumado registo que se galanteia pela doce, harmoniosa e sedosa brandura, e se incendeia pela vulcânica, caótica e destravada comoção. Testemunhem toda a admirável sinergia destes catalães onde uma guitarra prodigiosa se bamboleia à boleia de ostentosos, veneráveis e prazerosos acordes e se transcende na libertação de vistosos, inventivos e talentosos solos, um voluptuoso baixo valvulado a linhas reverberantes, fluídas, vincadas e magnetizantes, uma agradável bateria locomovida tanto a um toque polido, brilhante e delicado como a uma rumorosa, explosiva e calorosa ritmicidade, e ainda uma voz volumosa, melódica, mélica e libidinosa que se passeia e envaidece pela decorosa atmosfera desde maravilhoso álbum de The Mothercrow. De realçar ainda o esmerado, distinto e elevado artwork – de créditos apontados ao habilidoso artista espanhol Jalón de Aquiles – que confere todo um exótico misticismo visual a esta distinta obra-prima. É de alma completamente enfeitiçada e saciada que regresso do sublimado ‘Magara’. Um disco portador de uma aura tanto edénica e tocante, como eufórica e vibrante que seguramente conquistará a aceitação e reclamará a devoção de todos aqueles que nele comungarem. Estamos na singular presença de um álbum tremendamente refinado e provocante que aponta todas as suas pretensões às mais altas posições da listagem referente aos melhores registos lançados em 2019.

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