domingo, 19 de maio de 2019

Review: ⚡ Saint Vitus - 'Saint Vitus' (2019) ⚡

Depois de um jejum discográfico de sete anos (no que à produção de álbuns de estúdio diz respeito, entenda-se), os lendários Saint Vitus – comumente e justamente apelidados de padrinhos do Doom Metal norte-americano – estão de regresso (e que regresso!) com a apresentação do seu novo trabalho de longa duração designado de ‘Saint Vitus’ e lançado muito recentemente pela mão da já consagrada editora discográfica francesa Season Of Mist (sediada na cidade de Marselha e especializada na promoção da música Metal) sob a forma física de vinil, CD e cassete. Este seu novo álbum – o segundo de designação homónima – representa o tão ansiado regresso às origens da banda, ou não tivessem recuperado o seu carismático vocalista de origem Scott Reagers (que desde o lançamento de ‘Die Healing’ em 1995 não mais empunhara o microfone de Saint Vitus). Confesso-me um especial adorador dos primórdios discográficos desta mítica formação californiana (particularmente em relação ao seu álbum de estreia ‘Saint Vitus’ datado de 1984 e ao ‘Born Too Late’ nascido em 1986), e, portanto, foi com uma grande dose de desconfiança que antevi este seu novo registo. Mas assim que o ouvira pela primeira vez, todas as dúvidas se dissiparam e deram lugar a um perfeito estado de fascinação que me climatizara e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Apesar dos 35 anos que balizam o primeiro disco homónimo deste segundo, ambos possuem almas aparentadas. Logo aos primeiros acordes baforados pela guitarra demoníaca e atormentada de Dave Chandler, somos hipnotizados e toldados pela negra e intrigante radiância que envolve todo o corpo temporal deste renovado ‘Saint Vitus’. Trajada e maquilhada por um titânico, carregado e luciférico Doom Metal e com destemidas (mas bem-sucedidas) aproximações aos domínios de um galopante, apressado e euforizante Heavy Metal de cariz tradicional, a caliginosa, tensa e portentosa sonoridade destes revigorados Saint Vitus provocara em mim toda uma súbita e inesperada sensação de crescente devoção. Comunguem toda esta sombria e horripilante liturgia de ‘Saint Vitus’ à perturbadora boleia de uma guitarra suprema que se agiganta em arrastados, monolíticos e assombrados riffs e se desfigura em excêntricos, caóticos e alucinados solos, um baixo profano de bafagem possante, tensa, turva e magnetizante, uma forte bateria de ritmicidade pausada, pesada e ressonante, e ainda uma carismática voz tanto de textura encorpada, melódica e cuidada, como ardente, espinhosa e corrosiva, que lidera com gloriosa autoridade toda esta sólida e denegrida avalanche sonora. Chego ao final deste álbum de alma completamente pasmada e exorcizada pela ritualística dominância que ‘Saint Vitus’ ostenta. Um álbum do tamanho da imaculada reputação que esta banda localizada em Los Angeles detém, e que – depois de um passado triunfante – deixa no ouvinte a forte convicção de que este invejável legado se vai arrastar pelas estradas futuristas. Foi essa a certeza que ‘Saint Vitus’ deixara imortalizada em mim.

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