domingo, 28 de julho de 2019

Review: ⚡ The Ivory Elephant - 'Stoneface' (2019) ⚡

Do insuspeito território australiano chega mais um álbum de inegável qualidade. Refiro-me a ‘Stoneface’, o segundo e novo trabalho de longa duração do apaixonante power-trio The Ivory Elephant natural da cidade de Melbourne. Oficialmente lançado no passado dia 26 de Julho pela mão da influente editora discográfica de origem germânica Kozmik Artifactz sob a forma física de CD e vinil, este ‘Stoneface’ presenteia e prazenteia todos os seus ouvintes com uma inspirada dosagem de um empolgante, ferrugento, revivalista e inflamante Garage-Blues que tanto se bronzeia, mistifica e apazigua num relaxante, ensolarado, caleidoscópico e inebriante psicadelismo primaveril de ambiência Western, como se enlameia e incendeia no espesso e pantanoso negrume de um obscuro, montanhoso, fibrótico e ostentoso Heavy Blues de feições Doom’escas. Contando ainda com (in)discretas, mas sempre desejáveis, aproximações ao rústico e carismático Delta-Blues superiormente tricotado nas velhas margens do rio Mississippi, e com a agradável existência de perfumadas, douradas e refrescantes baladas climatizadas por uma anestésica brisa desértica, este segundo álbum de The Ivory Elephant instaurara em mim todo um intenso e fulgurante estádio de transbordante encantamento que me envolvera, estarrecera e ofuscara do primeiro ao derradeiro tema. São 48 minutos saturados de uma apurada sensualidade que prontamente nos corteja e contagia. Desprendam-se de qualquer amarra de timidez e – de olhar selado e sorriso talhado e perpetuado no rosto – serpenteiem detida e apaixonadamente a exótica musicalidade transpirada por todos os poros de ‘Stoneface’. De alma salivante e enfeitiçada somos convidados a embarcar numa descomplexada dança corporal em resposta instintiva a uma guitarra emotiva que se envaidece em sinuosos, arrojados, inflamados e garbosos riffs – temperados e tomados pela efervescente acidez e febril fogosidade do corrosivo efeito Fuzz – de onde se ramificam e frutificam uivantes, tóxicos e atordoantes solos de airosa beleza, uma voz melódica, ecoante, liderante e radiofónica, um baixo diligente que se esperneia em linhas murmurantes, fluídas, oleadas e ondulantes, e ainda uma estimulante, criativa e magnetizante bateria de toque cintilante, polido, cuidado e chamejante que troteia e esporeia com emocionante destreza toda esta fabulosa digressão pelos poeirentos e ruborizados firmamentos do velho oeste. Chego ao final deste admirável álbum completamente dominado por uma ininterrupta sensação de torpor que me afaga e trava os membros e sentidos. Deixem-se inundar na deslumbrante, mélica e extasiante toxicidade vaporada por ‘Stoneface’, e experienciem todo o quimérico esplendor de um dos registos mais atraentes de 2019.

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