segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Review: ⚡ Mantra Machine - 'Heliosphere' (2019) ⚡

Depois de um longo jejum discográfico que sucedera em 2014 após o lançamento do seu agradável álbum de estreia ‘Nitrogen’ (review aqui), eis que o fantástico power-trio holandês Mantra Machine – enraizado na cidade-capital de Amesterdão – regressa agora de alma revigorada e atestada de inspiração com a promoção do seu tão aguardado segundo registo de longa duração, intitulado ‘Heliosphere’ e presenteado sob a forma física de vinil (numa edição autoral e ultra-limitada a apenas 300 cópias existentes). Tal como acontece com o seu antecessor, ‘Heliosphere’ vem abastecido de um fervilhante, ritmado, animado e inflamante Desert Rock com indiscretas aproximações a um eloquente, cinematográfico e envolvente Post-Rock e ainda oxigenado por um viajante, extasiado e deslumbrante Space Rock de clara propensão estelar. De influências apontadas a Sungrazer e Colour Haze, a sua sonoridade acalorada, embriagante, entusiasmante e delirada balanceia o ouvinte numa fluída alternância sensorial que o passeia de um mélico e anestésico estádio de intensa embriaguez a uma tempestuosa efervescência de redentora e sonhadora euforia. De pés descalços sobre um calejado, estéril e bronzeado tapete desértico que se estende e renova pelo firmamento afogueado pelo Sol poente, e cabeça sepultada na mais profunda intimidade do negro solo cósmico, somos banhados e massajados por um monolítico tsunami de endorfinas que nos embalsama numa perfeita sensação de ataraxia. De corpo recostado e relaxado, olhar maravilhado e semi-cerrado, narinas dilatadas e sorriso eternizado, interiorizamos toda a contagiante ressonância veraneia de ‘Heliosphere’ que se canaliza e mareia pelas artérias da nossa espiritualidade. As suas jams de essência instrumental – sobrecarregadas de misticismo, exotismo e psicadelismo – são superiormente dirigidas por uma guitarra tropical de riffs estimulantes, afrodisíacos, inefáveis e empolgantes que se avolumam, apimentam e vivificam à boleia do chamejante efeito Fuzz, um baixo encorpado e agradavelmente balanceado a linhas reverberantes, sombreadas, empoladas e possantes, e uma despretensiosa bateria de ritmicidade magnetizante, prazenteira e cativante que tiquetaqueia este segundo e renovado capítulo da fabulosa digressão trilhada pelos Mantra Machine. É-me ainda fundamental alongar os elogios ao fabuloso artwork – soberbamente pincelado pelo ilustrador holandês Jonas Louisse – que nos maravilha com a sua ondulação de textura e coloração estelar. ‘Heliosphere’ é um álbum de fácil digestão e imediata devoção. Deixem-se envolver e arrebatar pela intoxicante fervura de um dos registos mais deliciosos de 2019.

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