segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Review: ⚡ Warp - 'Warp' (2019) ⚡

Formada por integrantes de outras bandas Punk locais, Warp afirma-se como mais um valor seguro por entre a profusa e emergente cena underground hasteada em Tel Aviv. Morada de referências como Ouzo Bazooka, Turkish Delight, Heavy Stone, J A V A e The Great Machine, a populosa cidade israelita continua a cimentar e consagrar a sua posição dentro do panorama Rock universal, e o recém-formado tridente Warp são prova disso mesmo. Nascido em solo invernal e promovido sob a forma física de CD pela mão da conceituada editora discográfica local Reality Rehab Records (numa edição ultra-limitada a apenas 100 cópias disponíveis) e ainda em vinil através do carismático selo germânico Nasoni Records (numa prensagem limitada a 300 cópias existentes), este impactante álbum de estreia (e que estreia!) vem assombrado e incendiado por um poderoso, obscuro, denso e nebuloso Heavy Psych de intrigantes e aterradoras feições Doom’escas, locomovido e esporeado a duas velocidades muito contrastadas e com ousadas mas bem resultadas aproximações a um ostentoso, vigoroso, luciférico e cavernoso Heavy Blues de aroma setentista. Contando ainda com uma (in)discreta influência do irreverente Punk Rock na sua engrenagem rítmica, a ácida, implacável, intensa e entusiástica fogosidade de ‘Warp’ balanceia-se por desenfreadas, alucinantes e destravadas galopadas à rédea solta, e lentas, lisérgicas e lamacentas exalações de elevada toxicidade. São cerca de 29 minutos completamente saturados de uma vulcânica e selvática efervescência que nos sacode e implode sem qualquer moderação. De maxilares cerrados, coração taquicardíaco, respiração ofegante e cabeça rodopiante somos enfeitiçados e amaldiçoados pelas enigmáticas danças Black Sabbath’icas manifestadas por uma tirânica e monolítica guitarra de extravagantes, sombrios, perversos e hipnotizantes riffs tomados e agastados pelo urticante efeito Fuzz e de onde são desprendidos, florescidos e soberbamente conduzidos majestosos, ziguezagueantes, penetrantes e vertiginosos solos, uma excitante, enérgica e atordoante bateria executada e desembaraçada a alta rotação, um baixo pulsante, volumoso e pujante de bafagem (in)tensa, fibrótica e magnetizante, e ainda uma gélida, ecoante, diabrina e azedada voz que completa na perfeição todo este arrojado ritual de vocação e adoração ocultista. É de alma integralmente vencida e curvada à sombra deste monstruoso e dominante ‘Warp’ que me encontro logo após a sua audição. Deixem-se envolver e afoguear pela febril ferocidade de Warp, e vivenciar com pleno fascínio e redenção toda a durabilidade de um dos álbuns mais provocantes e empolgantes lançados neste abastado ano musical de 2019. Um registo praticamente esboçado e talhado à minha imagem, e que estará certa e firmemente empenhado por entre o pelotão final nas últimas etapas do ataque ao tão almejado título de disco do ano.

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